A falta que faz: sete dias sem Lúcio Vaz Sampaio, o encantador de crianças

Foto: Eduardo Cruz

Por Inez Fernandes Silva

Lúcio Vaz Sampaio era verdadeiramente um sábio, e um grande amigo. Ele era muito especial para as crianças.

Na década de 1990 éramos adeptos de bons acampamentos, onde levávamos crianças, nossos filhos, todos casais jovens com crianças pequenas de um a 10 anos de idade. E nossos acampamentos eram sensacionais.

“Tio Lúcio” (assim as crianças o chamavam) era o espírito que voa nas florestas nos locais em que acampávamos, representando a liberdade e mostrando sempre o lado humorístico de suas criações.

Eram brincadeiras incríveis, além das histórias fantásticas que contava. Ele sempre usava recursos imagináveis para realizar as aventuras que permitiam às crianças um viajar no imaginário coletivo.

Ao anoitecer, lanternas nas mãos, botas nos pés e pelas trilhas afora ia o tio Lúcio. Ele se juntava às crianças em busca de aventuras das estórias que sempre contava. Ora era um desafio que fazia.

Mas sempre desbravando as trilhas na escuridão da noite, com suas sombras e animais (corujas, curiango e outros) que por ali habitavam, provocando arrepios de medo e admiração.

Imagino que estavam à procura de castelos medievais, fadas, heróis, monstros, duendes e seres inimagináveis.

Ele sempre conseguia transportar as crianças para o mundo imaginário, e elas sempre voltavam acreditando que tinham visto coisas fantásticas.

Certa vez, tio Lúcio contou a história da árvore do dinheiro. Dizia aos meninos e às meninas que iria provar que naquele local (no imaginário da garotada era uma grande floresta com seus segredos impenetráveis) existia a árvore carregada de dinheiro. E todas estórias que contava pedia segredo, não poderia contar para os adultos.

Naquela noite, depois que as crianças dormiram, tio Lúcio embrenhou-se caladinho no mato e preparou a sua surpresa: a tão sonhada árvore do dinheiro.

No outro dia bem cedo, quando as crianças acordaram, ele disse que sabia aonde estava a árvore do dinheiro. Ficaram todos curiosos e agitados e queriam ir na mesma hora ver a tal árvore do dinheiro.

Então preparou uma expedição e foram em busca da tão cobiçada árvore. Chegando lá, foi uma visão surreal para as crianças: a árvore estava carregada de cédulas verdinhas, mas foram avisados que não podiam colher, estavam verdes e tinham que amadurecer. Eles acreditaram piamente no tio Lúcio.

Seguramente todas as aventuras criadas por ele, ficaram na mente de nossas crianças que, hoje adultas, sabem um pouco do que é sonhar e acreditar num mundo de fantasias e realizações, tornando-os capazes e vencedores.
Obrigado “tio Lúcio”!

 

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1 Comentário

  1. Inês, gostei da sua narrativa. Lembrei-me de certa noite quando fomos visitar vocês num desses acampamentos. A maneira que você descreve é perfeita. As recordações vieram à tona e me lembrei da história da árvore de dinheiro. Sim, o Lúcio era um encantador com suas estórias e tive o prazer de compartilhar um desses momentos.

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