Gestão compartilhada em Serra dos Alves recebe prêmio de sustentabilidade, mas povoado enfrenta graves problemas com o crescimento desordenado

Foto: Carlos Cruz

É fato que Serra dos Alves teve melhoria significativa na parte de zeladoria e gestão do povoado com a parceria entre a Prefeitura de Itabira e o Instituto Bromélia, uma organização da sociedade civil (OSC) que conta com participação e liderança de moradores locais.

Os resultados são visíveis em muitos aspectos. Estão no cuidado com os jardins, na coleta e separação de resíduos, no monitoramento e vigilância do Parque Natural Municipal Alto do Rio Tanque, assim como no receptivo que orienta e educa visitantes ávidos por conhecerem, com segurança e respeito ao meio ambiente, as belas cachoeiras e trilhas ecológicas que são muito procuradas e apreciadas.

Os bons resultados com essa parceria foram reconhecidos com o Prêmio Cidades Inteligentes, que visa selecionar e disseminar experiências administrativas que disseminam o conceito de espaços humanos harmonizados, que estão a serviço das pessoas, valorizando a gestão pública eficiente, assim como o empreendedorismo, a transparência e a sustentabilidade.

O reconhecimento ocorreu nessa terça-feira (27), com a entrega, em Belo Horizonte, de troféu ao Instituto Bromélia e à Prefeitura de Itabira, que foi representada na solenidade pelo prefeito Marco Antônio Lage (PSB), pelos secretários Denes Lott (Meio Ambiente) e Vinicius Rocha (Desenvolvimento Econômico) –  e pela superintendente de Turismo, Carolina Peixoto.

Já o Instituto Bromélia foi representado pelo seu presidente Carlos “Cabeça” Moura Andrade, que enfatiza: “Temos liberdade de gestão com oportunidades de trabalho, emprego e renda para os moradores locais”, diz o ativista, com a certeza de que o trabalho executado no povoado é também uma relação de amor que fortalece o sentimento de pertencimento e a valorização dos recursos naturais que precisam ser preservados.

Para o prefeito Marco Antônio Lage, a premiação destaca a governança comunitária e a visão de desenvolvimento sustentável. “É um projeto magnífico e inovador, que alia desenvolvimento econômico e meio ambiente. E que vai ao encontro dos preceitos modernos da sustentabilidade que estamos praticando em Itabira.”

Da esquerda para a direita: Vinicius Rocha, Carlos Cabeça, Marco Antônio Lage, Carolina Peixoto e Denes Lott

Nem tudo são flores

Entretanto, todo esse salto qualitativo e comunitário na gestão dos espaços públicos ainda não foi suficiente para resolver problemas estruturais e cruciais que atingem o povoado.

Serra dos Alves sofre, há anos, com a ocupação desordenada na área urbana e no seu entorno, o que tem agravado problemas ambientais que se arrastam ainda sem solução.

O Plano diretor do povoado não tem sido observado e várias irregularidades estão sendo investigadas, inclusive pelo Ministério Público de Minas Gerais.

Os moradores locais temem, inclusive, pela poluição dos cursos d’água, nascentes do rio Tanque, por esgotos não tratados adequadamente.

Isso pelo fato de o povoado ainda não contar com um sistema coletivo eficiente de tratamento de efluentes, sendo que o controle por meio de fossas sépticas não tem sido eficaz, tanto que já se vê esgoto correndo a céu aberto no povoado.

Esgoto escorre a céu aberto no povoado, o que comprova ineficiência das fossas sépticas (Foto: Eduardo Cruz)

Além disso, moradores e turistas, em períodos de feriados prolongados, sofrem com a falta de água, por incrível que pareça, em uma região com muitas nascentes do rio Tanque.

A administração passada construiu uma Estação de Tratamento de Água (ETA), sem ouvir os moradores. Inapropriada para o povoado, essa estação não entrou em operação por inadequação elétrica – e também pela inexistência de redes de captação e distribuição, o que a transformou em um “elefante branco”, dinheiro público jogado fora.

Como solução, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) quer abrir poços profundos para captação de água em um local onde abundam cursos d´água que possibilitam melhoras na captação e distribuição no povoado. Já os moradores pedem a melhoria da captação já existente, com readequação da rede de distribuição e reservação.

Para saber mais, confira:

Tratamento de efluentes com fossas sépticas não é suficiente em Serra dos Alves e esgoto já corre a céu aberto

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Na construção da ETA foi removido solo em área de preservação permanente e que precisa ser urgentemente reabilitada (Foto: Eduardo Cruz)

 

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