Vale celebra 80 anos sem detalhar o pacote de projetos em negociação para assegurar a sustentabilidade de Itabira após a exaustão
Foto: Vale/Divulgação
Carlos Cruz
O prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB) continua sendo, antes de tudo, um otimista e crédulo. Isso mesmo depois de o vice-presidente executivo de Ferrosos da Vale, Marcello Spinelli, não ter confirmado, no sábado (18), a aprovação do pacote com projetos estruturantes para Itabira se sustentar e diversificar a sua economia antes mesmo da exaustão, agora prevista para 2041, que continua sendo logo ali quando se pensa no futuro da cidade.
Lage acredita que até o fim deste mês esse pacote deve ser aprovado pelo conselho de administração da mineradora. Será, portanto, um momento oportuno para a mineradora convocar uma coletiva de imprensa para anunciar não só esse pacote, mas também como fará para garantir a segurança das mais de 18 mil itabiranos que vivem nas chamadas zonas de autossalvamento (ZAS), já que o prazo dado pela Agência Nacional de Mineração (ANM) se encerra no dia 30 de junho.
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Negociações
Por acreditar que a Vale, principalmente depois da tragédia humana e ambiental de Brumadinho, está empenhada em buscar novas formas de governança, com respeito às comunidades e ao meio ambiente, Marco Antônio Lage disse ter iniciado as rodadas de negociação com a mineradora desde o primeiro dia em que assumiu a Prefeitura de Itabira.
“A prefeitura tem contribuído com os dirigentes da Vale na busca de soluções para os maiores desafios que temos neste momento em Itabira: segurança e descomissionamento das barragens, as reivindicações dos atingidos, o passivo ambiental e a reconversão produtiva do município com a sua diversificação econômica”, enumerou o chefe do executivo itabirano, em pronunciamento na noite de sábado (18), antes de ter início o concerto com clássicos dos Beatles com a orquestra de Ouro Preto, na comemoração dos 80 anos de criação da então CVRD para explorar a hematita incrustrada no pico do Cauê.
Crédulo que é, o prefeito propôs uma tríplice união por uma Itabira melhor desde já – e sustentável no pós-mineração. Para isso, ele aguarda a aprovação de um pacote com 32 projetos de curto prazo, que é para dar início à reestruturação do município, com investimentos (antecipação de receitas da Cfem ou a fundo perdido?) da ordem de R$ 500 milhões.
Essa soma é nada se comparada com os R$ 4,6 bilhões que a mineradora vai investir, até o final da implantação do Plano Diretor Ambiental, para conter “o pó preto” no porto de Tubarão, na grande Vitória (ES), conforme informou ao jornal A Gazeta o gerente de Meio Ambiente da Vale, Romildo Fracalossi, que já exerceu a mesma função em Itabira.
“São muitos projetos estruturantes em todos os setores”, disse o prefeito em seu pronunciamento antes do início do concerto de sábado. No rol de investimentos ele incluiu o projeto de transposição do rio Tanque, que a Vale fará em cumprimento a um Termo de Ajustamento de Conduta, firmado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
Consta ainda do “pacote” a continuidade das obras da Unifei, apoio cultural ao Festival Literário de Itabira (poderia ter incluído, em seu pronunciamento, o patrocínio ao MIMO, festival de música instrumental, ja aprovado pelo Instituto Vale para acontecer em Itabira neste ano).
Incluiu também o apoio à faculdade de Medicina do UNI-Funcesi (e o projeto da faculdade de Medicina da Unifei, foi abandonado?), além de investimentos na duplicação da rodovia estadual que liga Itabira, e toda essa região do Mato Dentro, à BR-381/262, dentre outros projetos.
Caso de sucesso
“Queremos ser uma referência de cidade mineradora que, findado o seu ciclo de exploração mineral, tenha desenvolvido um legado para a nossa comunidade, do ponto de vista ambiental, social e econômico”, ainda sonha o prefeito, acreditando nas palavras dos dirigentes da Vale.
Por seu lado, como tem sido práxis na Vale, o vice-presidente Marcello Spinelli fez um discurso genérico, reconhecendo a importância de Itabira (como não poderia ser diferente) para o desenvolvimento e crescimento da empresa que se tornou uma das maiores multinacionais do mundo.
“É um orgulho para a Vale festejar o seu aniversário em Itabira, cidade tão importante para a mineração e desenvolvimento do Brasil”, discursou Spinelli, confirmando as negociações que têm ocorrido com a prefeitura, mas sem anunciar a aprovação do pacote com os tais projetos estruturantes.
Ele apenas citou os aportes de recursos já divulgados para a transposição das águas do rio Tanque, investimentos na Unifei e na faculdade de Medicina do UNI-Funcesi.
Mas não se comprometeu, ainda, com o aporte de recursos para a duplicação da rodovia estadual, mesmo sendo a mineradora, proporcionalmente ao seu peso econômico no município, a sua maior usuária com transporte pesado de equipamentos. É, portanto, a principal causadora do estado deplorável em que se encontra esse principal acesso ao município.
“Vamos continuar, juntos, contribuindo para o futuro sustentável de Itabira, para que o município se torne uma referência regional em educação, saúde e inovação tecnológica”, repetiu o que outros ex-executivos da mineradora têm dito ao longo da história quando visitam Itabira.
“Por meio do diálogo e de uma gestão coletiva, estamos construindo um planejamento estratégico, apoiando o chamado Hub da Educação, com foco na inovação tecnológica e na diversificação econômica para além da mineração, que é para Itabira se tornar referência regional em vários campos por meio de parcerias público-privada e social de cogestão, que consta de um trabalho doado pela Vale para o município entender (sic) e construir estratégias de desenvolvimento de curto, médio e longo prazo”, reafirmou Marcello Spinelli.
Homenagem
O gerente-executivo do Complexo de Itabira, Daniel Daher, abriu os pronunciamentos com discurso parecido ao do vice-presidente. Disse estar feliz por celebrar os 80 anos da Vale na cidade onde a empresa nasceu e se tornou a potência multinacional que é hoje.
“Estamos construindo um projeto para o futuro em parceria com Itabira, pensando nas pessoas e na cidade que tanto contribuíram para a nossa história”, ele também ressaltou.
Para lembrar os “homens de ferro” que, com muito suor e calos nas mãos construíram a empresa, Daher homenageou o segundo empregado “fichado” na então CVRD, em 2 de junho de 1942: o aposentado Geraldo Camilo Marques, o Geraldo “Pemba”, que compareceu ao concerto para receber a justa homenagem.
Católico fervoroso, Geraldo “Pemba” Marques sempre fez questão de ressaltar que nada tem contra as outras religiões, Mas ele assegura que o apelido nada tem a ver com rituais afro-brasileiros, que ele respeita, mas não pratica.
Segundo conta, ele pegou o apelido de colegas que admiravam a sua correria, quando perdia o embarque no “manda-brasa” (antigo veículo de transporte dos operários da mineradora) – e mesmo assim chegava antes de todos os empregados para “bater o ponto” na mina Conceição, onde trabalhava.
A proeza causava espanto em todos os seus colegas de trabalho. “Geraldo só pode ser do pemba”, não se cansavam de repetir os seus colegas de trabalho. E o apelido pegou.
“Sou temente a Deus e levo tudo na brincadeira”, não se cansa de repetir Geraldo “Pemba”, personagem de destaque do documentário Mapa da Mina, da TV Zero, patrocinado pela Vale, juntamente com a matriarca da comunidade quilombola do Morro de Santo Antônio, a dona Josefina, falecida aos 118 anos.
“O apelido saiu de Conceição, passou por Dois Córregos e, em pouco tempo chegou na cidade”, contou o homenageado. “Eu era jovem, corria muito e cortava reto pelo caminho. Saia à galope, passava pelo Cônego Guilhermino, virava o Major Lage, ‘ataiava’ pelo Areão, passava por Dois Córregos até chegar em Conceição.”
Fatia do bolo
O presidente do sindicato Metabase e representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Vale, André Viana, também acredita nos resultados do diálogo com a Vale.
“Itabira quer construir o seu futuro junto com a Vale, mas mirando a independência. Itabira deu asas à Vale e hoje precisa e quer voar”.
Para ele, na presente conjuntura deve ser dada ênfase à aproximação e à negociação com diálogo entre a cidade e a mineradora. “Ouvir é importante, escutar é essencial. O grande desafio é transformar essa audição em escuta e ação”, pontuou, para também cobrar:
“Queremos sementes com colheita certa. Sementes que precisam ser incentivadas com investimentos em educação, saúde, agronegócio, turismo cultural, ecoturismo e até mesmo na mineração do futuro que se avizinha, e que estão nesta valiosa sementeira”, discursou. “Queremos vida e não um futuro duvidoso e não só soprar velinhas, mas também um pedaço do bolo da Vale”.
Festa pra gente da media. Nao vejo a cara do proletariado. A CVRD nao esquecia da piaozada, levava a Grethen. Eu boicotaria, nao aceitaria migalha da canalhada
O que fazer com a vale, se os vereadores bajulam, com exceção do Júlio/julinho.
Outro escandalo, a proibição de um concerto de um john Walker. A vereadora rose freitas declarou que ele nao acrescenta nada…. danadinha da Rose, ela quer uma itabira só pra ela…. quanta ignorancia e mediocridade juntas. Rosr, larga o osso ou fica calada porque de politica polica você não agrega nada. Ta achando que vivemos na primeira República d. Rose?
Muitos erros dportuguês no meu comentário . Refaço: a vereadora Rose Freitas quer uma Itabira só pra ela, uma itabira de valores pertubadores. Onde ela pensa que esta? Na republica velha? Tem seus votantes e se acha. Legisla pra quem a dona Rose?
O artista é johnny hooker, eu não conhecia, hoje fui ouvir, trata-se um artista pop contemporâneo. Eu nao iria ao concerto dele, mas pagaria a entreda para a turma jovem que gosta do “Johnny”, tadinho com este apalido…. vai longe, puro sucesso. E com certeza as celulas cinzentas dele agregam ao mundo o que a Rose fica sufocada no fino de minerio e nao agrega em parte alguma. Viva johnny. Abaixo o centro cultural e a a senhora Rose, a reitavel, mulher de bem, a dona Rose do admiravel mundo velho.
É preciso fazer uma limpeza no centro cultural. Ha décadas estão arrasando o espaço. As obras de artes foram roubadas, na gestão passada roubaram o tapete da d. Dolores Dutra Drummond que fora doado pelo Pedro Drummond. O presidente da fundação é um exdrummonzinho, e daí, o que sabe de fazer cultural?
E o Walter, tambem exdrumonzinho usando o centro cultural pra distribuir dinheiro falso na cidade. Corre o risco de ter deixado cúmplice por lá…É cultura ou bandidagem? Decidam. E que a vereadora d. Rose tome providências e pare de censurar…