Detestado pela oligarquia brasileira, no exterior Lula é aceito e respeitado

O ex-presidente é abençoado pelo papa Francisco, no Vaticano, em 13 de fevereiro de 2020

Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Rafael Jasovich*

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é mais aceito pelo establishment internacional do que pelas oligarquias locais. É que elas olham o galho, mas não enxergam a árvore e muito menos a floresta. E o temem pois acreditam que a sua volta à presidência da República pode representar o fim de privilégios.

A floresta mostra a importância da liderança do ex-presidente, reconhecido e prestigiado no mundo inteiro. Foi recebido pelo papa Francisco, no Vaticano, em 13 de fevereiro de 2020, depois que saiu da prisão em Curitiba (PR), vítima de lawfare, quando o ex-juiz Sérgio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol violaram a Constituição e o sistema de justiça para o perseguir politicamente.

Seria motivo de orgulho para o país, se as “elites do atraso” gostassem do Brasil e do povo brasileiro. Mas o que se observa é que as elites ficam mais retrogradas, assim como o Congresso Nacional fica pior a cada eleição, como pioram também os veículos da imprensa tradicional.

Na Globonews, por exemplo, o comentarista mais inteligente da turma buscava explicar a posição de Lula sobre a guerra da Ucrânia, que apontou os erros do presidente-comediante ucraniano, quando abruptamente foi tirado do ar. A lucidez não tem sinal de satélite nos meios de comunicação da Terra brasilis.

Nenhuma opinião discordante conseguiu romper o bloqueio imposto pela insensatez.

Saudosos da inexistente “terceira via” e sedentos por uma ponte que justifique voltar para os braços de Bolsonaro, os analistas midiáticos aproveitaram a oportunidade para tecer críticas a Lula. Grande novidade.

Sobraram as comparações de praxe entre o democrata que fez o melhor governo da história da nação com o representante da extrema-direita, que tem como programa a destruição neoliberal (em curso, desde o impeachment) das políticas públicas em todas as áreas (saúde, educação, cultura, infraestrutura, desenvolvimento econômico, geração de emprego e renda, meio ambiente etc.).

Igualar os desiguais é necessário para depois fazer como o editorial de O Estadão, em 2018, que declarou ser uma escolha difícil optar entre a democracia e o fascismo.

Como se o preconceito contra as esquerdas (o PT, em particular), inflado pelos próprios meios de comunicação, fosse desculpa para corromper o bom senso.

Uma pena porque as redes sociais, em grande parte manipulada pelos robôs bolsonaristas, não representam uma alternativa.

A solução está na democratização da própria democracia, que não se confunde com a liberdade para propagar fake news e com as agressões disseminadas pelo gabinete do ódio.

A democracia é um processo histórico cumulativo de valores civilizatórios. As opiniões devem manter esse compromisso para receber o selo de validade.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, ativista da Anistia Internacional.

 

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