Nina Guimarães: “Dia Internacional da Mulher é para lembrar das lutas diárias de todas as mulheres”

Fotos: Divulgação

Daniel Cruz 

Neste Dia Internacional da Mulher entrevisto a minha amiga Nina Guimarães, finalista no programa Canta Comigo, da Record, agora vocalista da banda Gritta.

Explique ao nosso leitor da Vila de Utopia um pouco da ideia da banda.

A idéia da banda surgiu comigo e com a Bruna (guitarrista) porque estávamos cansadas da cena como estava. Aí eu chamei a Amanda e a Bruna chamou a Cinara que já estavam na cena há algum tempo. E a gente, sabia da nossa qualidade, mas queria ter um propósito diferente, não simplesmente sair tocando por aí.

Nisso, percebemos que o que nos une era uma vontade louca de gritar… queríamos nossa liberdade, unir as mulheres na música, ideia de coletividade e dar voz às minorias. Principalmente mulheres. Porque a gente não é só pra ser lembrada em data comemorativa ou em “coisas de mulher”. Em tudo podemos provar que damos conta e lutamos pelo nosso espaço.

Nina Guimarães, vocalista da banda Gritta

Quais as maiores dificuldades da mulher na música? E especificamente, no rock?

A maior dificuldade é pelo machismo estrutural. Normalmente há falta de respeito mesmo. Só escutam o homem que vai negociar. Ou é vista como fulana namorada de ciclano e que não respeitam como musicista. Principalmente, porque a Bruninha e eu somos baixinhas, tipo 1,50, aí aumenta a desconfiança. O que acaba nos dando força pra subir no palco e provar nossa capacidade.

Depois dos shows o tratamento muda. Sobre o público do rock especialmente, eles são mais agressivos e estruturados naquele pensamento que mulher tem que cantar lírico porque é bonitinho, e não é bem assim.

 Quais suas maiores inspirações?

As minhas maiores inspirações hoje para o Gritta é Nina Simone, Janis Joplin, Aretha Franklin, Elis Regina, Cassia Eller e os artistas na pegada blues, soul e rock clássico.

O que você tem a dizer para as mulheres e suas lutas?

Gostaria de dizer que não estamos aqui só para ter uma data temática. Somos procuradas mais nessa data temática, mas somos capazes sempre. Claro que é pra data comemorativa existir, só que não de forma apelativa e sim uma lembrança da luta.

E a luta é diária, lutamos para caminhar juntos. Juntas a gente se fortalece. E dizer que somos fodas e vamos nos apoiar umas nas outras.

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A banda Gritta começou em 2021 e de cara já estourou em Minas Gerais, com diversos shows. Com um estilo mais agressivo, as quatro mulheres dominam músicas dificílimas de blues e soul com muito rock n roll.

A banda é composta por Amanda Barbosa (baterista), Bruna Terroni (Guitarra), Cinara Motta (baixo) e Nina Guimarães (vocal).

Sábado (dia 6) pude assistir o show no Mister Rock, e sai de lá nocauteado com tanto talento junto. A Cinara tocava com uma classe que parecia o alfabeto básico. Eram notas complicadas. A Bruna Terroni eu já conhecia, e pra definir ela eu diria que é um Petrucci performático como Van Halen.

A Amanda brincava e grovava como não fosse nada, “pra quem diz que lugar de mulher é na cozinha eu mostro essa cozinha” (bateria e baixo). A Nina é uma mistura exótica entre Elis, Janes e Bruce Dickinson, usa vários drives e melismas complicados enquanto pula, corre e não para.

Neste show elas inclusive fizeram um manifesto feminista fortíssimo que me inspirou a fazer essa matéria.

Gritta que devemos ouvir. Ouça aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=ERWGlU_vxPI

 

 

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