Católicos, comunistas e populares se unem em Itabira na passeata contra Bolsonaro

Como parte da quarta sucessiva manifestação nacional pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ocorridas nos últimos dois meses, ativistas comunistas, católicos, do Sindi-UTE e alguns poucos populares participaram, em Itabira, neste sábado (24), da terceira passeata contra a política negacionista do governo frente à pandemia, pedindo o imediato afastamento do presidente e do seu vice Hamilton Mourão (PRTB).

As improbidades e malversações na compra de vacinas foram lembradas

Manifestações semelhantes estão programadas para ocorrer neste sábado em mais de 490 cidades brasileiras, inclusive em 17 países do exterior.

A manifestação em Itabira, como das vezes anteriores, não reuniu grande número de participantes, predominando a presença de ativistas de esquerda, da igreja Católica e dos movimentos populares.

Revezando na manifestação, todos condenaram o que chamam de política genocida do presidente que resultou até aqui, na morte de mais de 549 mil brasileiros, com muitos óbitos que poderiam ter sido evitados se não houvesse atraso e improbidades na compra de imunizantes.

Daí que as palavras de ordem Fora, Genocida, Fora Bolsonaro foram repetidas durante toda a passeata, que saiu da rodoviária, seguiu pela avenida João Pinheiro, fechando com pronunciamentos diversos na praça Acrísio de Alvarenga.

A inflação que aumenta o custo de vida também foi lembrada na manifestação

Todos manifestantes usavam máscaras e procuraram manter o distanciamento no percurso – e também na concentração durante o encerramento.

Foi quando os ativistas e populares se revezaram nos discursos contra Bolsonaro – e também contra o governador Romeu Zema (Novo), que tem acompanhado o presidente nos atos públicos de protesto aqui em Itabira.

Pediram repetidas vezes o impeachment do presidente, possibilidade essa que fica mais distante depois da reaproximação de Bolsonaro com o Centrão, com a nomeação do líder do bloco, senador Ciro Nogueira (PP-PI), para a Casa Civil.

Há ainda as reiteradas declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) contrárias à abertura do processo de impeachment, mesmo havendo mais de 100 pedidos já protocolados

Discursos

O distanciamento e o uso de máscara foi insistentemente cobrado dos manifestantes

Depois do pedido de impeachment, o que mais predominou na manifestação de Itabira foi a reivindicação por mais vacinas, com denúncias do descaso, da negligência e a improbidade do governo na obtenção de imunizantes, conforme está fartamente demonstrado pelas revelações da CPI da Covid-19.

A ativista Mariana Morozesk, do coletivo Mulheres na Praça e das Brigadas Populares, lembrou que as mortes ocorreram pelo vírus, mas também pela política de um genocida. E acentuou: “A extrema pobreza está relacionada com o lucro de grandes empresários, por isso devemos lutar por um mundo mais justo, por uma Itabira mais igualitária.”

Cida do bairro Pedreira do Instituto: “Fico com o Cristo da Cruz que lutou até a morte pelos seus ideais”, afirmou, para depois criticar os cristãos que elegeram Bolsonaro.

É o que pretende fazer Maria Aparecida Leite Pereira, a Cida do bairro Pedreira do Instituto, um “bairro muito marginalizado pelo preconceito de uma sociedade corrupta.” Ela fez o discurso mais contundente e aplaudido durante a concentração na praça Acrísio:

“É a primeira vez que venho acompanhar vocês nessa luta. Eu me pergunto, que tipo de pessoa sou eu. Eu sou cristã, mas qual Cristo eu sigo? O Cristo do Altar ou o Cristo da Cruz? Fico com o Cristo da Cruz que lutou sozinho e foi abandonado, mas não desanimou. Lutou até a morte pelos seus ideais”, afirmou, para depois criticar os cristãos que elegeram Bolsonaro.

“Eu me envergonho desse povo que diz ser cristão e que elegeu esse que não é digno de estar no poder, liderando a nação brasileira. Estou aqui pela primeira vez e não saio mais dessa luta”, comprometeu-se.

Padre Daniel Rillela Orpilla, do bairro Gabiroba, solidarizou-se com as famílias que perderam seus entes queridos pela Covid-19

É o que tem feito também o padre Daniel Rillela Orpilla, da paróquia Santo Antônio, bairro Gabiroba. “Falo aqui como cristão e cidadão, lembrando que quem sente a dor de vocês é porque está vivo. E quando sentimos a dor do luto é porque somos humanos e temos sentimentos pelo próximo”, discursou, solidarizando-se com as famílias que perderam seus entes queridos pela Covid-19.

“Somos uma igreja e devemos estar nas ruas aonde o povo está”, disse ele, convidando outros pastores e padres para que participem também dessa luta no meio do povo

Carlão, médico e militante do PC do B também deixou o seu recado: “Estou aqui nessa luta para colocar para fora esse facínora fazendo negociata com a pandemia para conseguir propina na compra de vacinas.”

O médico Carlos Roberto Souza também deixou o seu recado como militante comunista, do PC do B. “Estou aqui nessa luta com vocês para colocar para fora esse facínora que está no poder, fazendo negociata com a pandemia para conseguir propina na compra de vacinas”, ele endossou as denúncias da CPI.

“Me chamam de Santo, mas se eu quero ficar ao lado do pobre, aí me chamam de comunista”, disse dom Hélder Câmara (1909-99), ex-arcebispo de Olinda e Recife, citado pela ativista Maria da Conceição “Lia” Leite Andrade, da Caritas Diocesana.

“Dom Helder acolhia os necessitados e dava cestas básicas para alimentar os pobres. Hoje lutamos por trabalho, pela autonomia de nosso povo, por mais políticas públicas e contra essa política genocida que nos mata”, protestou Lia Andrade.

Vanderléia de Freitas, coordenadora do Sindi-UTE/MG em Itabira, criticou a política de privatização de Bolsonaro. “Temos que tirar esse presidente genocida, machista, xenófobo e fascista que não representa o povo brasileiro, que quer privatizar os Correios, que quer acabar com o serviço público e com a escola pública. É por isso que saímos às ruas, onde é o palco de todas as manifestações.”

O professor Leonardo Reis, ativista das Brigadas Populares e do PSOL, assegurou que Itabira não está em silêncio e se junta a “milhares de trabalhadores e trabalhadoras contra esse genocida”, disse ele, incluindo na mesma política o governador Romeu Zema (Novo).

“Ele (Zema) segue a política genocida de Bolsonaro, a única diferença é o sapato que ele usa, mas é a mesma política de morte. Fez acordo com a Vale pelo crime de Brumadinho e retira dos atingidos e das atingidas o direito de reparação integral, criando o rodoanel para servir às mineradoras. Pela Soberania Nacional, fora Bolsonaro, fora Zema.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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1 Comentário

  1. Emocionante as bandeiras vermelhas planejando na paisagem irabirana. Senti emoção e me tirou a tristeza de não ter podido estar na Rua. Viva as vermelhas e vermelhos de itabira. Finalmente as vozes fortes foram as ruas contra o fascismo…

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