“Nenhuma sociedade médica recomenda o uso precoce de medicamentos para a Covid-19”, diz presidente da SBI. Vice-prefeito de Itabira recomenda

Embora reconheça a importância do uso de máscara para evitar a contaminação e repassar o novo coronavírus para outras pessoas, assim como o distanciamento social e as medidas restritivas da onda roxa, o médico nefrologista Marco Antônio Gomes, vice-prefeito de Itabira, defendeu o uso do coquetel preconizado por muitos médicos na cidade, mesmo sendo condenado pela comunidade científica por não ter eficácia comprovada e pelos graves efeitos colaterais.

“O que mais me impressiona é o grande número de pessoas recuperadas em Itabira entre as que foram infectadas”, disse o vice-prefeito, que atribuiu essa recuperação ao coquetel, composto pelo kit hidroxicloroquina/cloroquina, Azitromicina e Ivermectina.

Marco Antônio Gomes recomenda o tratamento precoce, que segundo a comunidade científica não tem eficácia (Fotos: Reprodução)

“Eu tomei esses medicamentos quando tive a doença na campanha e o prefeito também fez uso”, disse ele em pronunciamento pela rede social, na terça-feira (16).

O tema é controverso e a declaração do vice-prefeito elevou ainda mais o tom do debate em Itabira em torno desse nacionalmente controvertido tema. Será que o grande número de pessoas recuperadas da Covid-19 em Itabira foi mesmo pelo tratamento precoce?

Ou elas teriam se recuperado de qualquer forma, como se cura de uma gripe com o organismo criando anticorpos, quando se combate apenas os sintomas, no casos iniciais e mais leves?

“A partir do momento que fazemos o diagnóstico, com sintomas gripais, perda de paladar, diarreia, deve-se dar início ao tratamento com o coquetel”, é o que ministra o vice-prefeito. Ele, porém, ressaltou:

“A solução será a vacina, mas o mundo inteiro busca por essa vacina e tão cedo não vamos conseguir imunizar todo mundo”, atenuou Marco Antônio Gomes, depois de fazer a recomendação do coquetel “salvador”.

Sem eficácia

“Nós, infectologistas, adoraríamos que esses medicamentos fossem eficazes.Mas infelizmente não são”, diz Clóvis Arns, presidente da SBI

A não eficácia do tratamento precoce é praticamente consensual na comunidade científica. Foi o que deixou claro o médico Clóvis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologista (SBI), em depoimento no Senado, em Brasília, em 15 de março.

Foi quando ele abordou os tratamentos farmacológicos da Covid-19, numa sessão especialmente convocada para debater a eficácia, ou não, do coquetel, que foi recomendado pelo médico nefrologista e vice-prefeito de Itabira.

Segundo Clóvis Arns, em maio de 2020 ainda se discutia na comunidade científica o tratamento pela hidroxicloroquina e da Ivermectina, mas que, “infelizmente, na fase assintomática ou pré-sintomática nenhum medicamento mostrou eficácia”.

“Por outro lado, quando o paciente que tem doença grave com falta de oxigênio, o uso de corticoide junto com a emoxoparina, ou a heparina para evitar trombos e a oxigenioterapia, salvam vidas”, recomenda o presidente da SBI.

Já a hidrocloroquina, segundo ele, foi abandonada em todos os países desenvolvidos, pelos potenciais efeitos colaterais graves, podendo causar arritmia ventricular grave e fatal. “Até junho ainda existiam dúvidas, hoje os estudos randomizados já demonstraram a sua ineficácia.”

Ainda de acordo com o médico infectologista, estudos in vitro testando drogas no laboratório, com o uso desses medicamentos, demonstraram que em 20 pacientes que não fizeram uso desses medicamentos, 19 não precisaram internar.

“Nós, infectologistas, adoraríamos que esses medicamentos fossem eficazes. É tudo o que gostaríamos, que qualquer medicação, principalmente barata e de fácil acesso para o povo brasileiro, funcionasse. Mas infelizmente nenhum estudo randomizado demonstrou o benefício desses medicamentos.”

O médico infectologista é taxativo: “Nenhuma sociedade médica brasileira, internacional de país desenvolvido, nenhuma agência regulatória de medicamentos ou instituição internacional de saúde pública, incluindo a Anvisa, e as agências dos Estados Unidos, Reino Unido, a OMS, recomendam tratamento farmacológico para profilaxia, antes de o paciente apresentar a doença ou nos primeiros dias da doença.”

Outra recomendação do presidente da SBI é para que não seja prescrito corticoide na fase inicial da doença, pois em decorrência vários pacientes desenvolvem diabetes, gastrite e tem mais chance de desenvolver doenças graves. “Ao contrário, o corticoide usado na fase em que o paciente está com pneumonia hipóxia (silenciosa), salva vidas”, recomenda.

Falsa impressão

De acordo com Clóvis Arns, com o uso desses medicamentos o paciente tem a falsa impressão que não vai evoluir mal. Mas a consequência é que muitos chegam ao Pronto Atendimento com hipóxia crítica, necessitando de UTI. “Vários pacientes estão internando com pneumonia grave após fazer o tratamento precoce”, é o que tem constatado.

Ainda de acordo com ele, embora o Conselho Federal de Medicina (CFM) tenha definido que cada médico junto com o paciente decidem se vai usar ou não a medicação precoce, “nós não podemos propagar tratamento com medicações que não mostraram eficácia.”

Para enfatizar a ineficácia, o médico cita os casos de 56 pacientes que estão sendo tratados por uma equipe de infectologista em Curitiba (PR). ”Mais da metade estava usando o tratamento precoce, preventivo”, enfatizou.

“Quando um médico diz que nenhum paciente que fez tratamento precoce e profilático foi internado, só tem um jeito disso acontecer: o médico não atende pacientes internados. E quando esse paciente fica mal, o médico manda para o hospital e não é ele que vai atender.”

Para o presidente da SBI, não se trata de politizar o tema, mas de tratar cientificamente a controvérsia. “O que existe são as sociedades médicas envolvidas com a Covid que não recomendam o tratamento precoce.”

Portanto, conclui o médico infectologista, “somente as medidas preventivas, que em situações críticas incluem maior restrição da mobilidade social e a vacinação em massa permitirão superar esse momento mais dramático e doloroso da saúde pública no Brasil e no mundo.”

 

 

 

 

 

 

 

 

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11 Comentários

  1. O cara, é o de. Cloroquiners de Itabira. Médico de cepa baixa acha porque é médico- grande merda- sabe de CIENCIA, de mecânica, de engenharia e por aí segue uma série de argumentos pra enganar otário. Mas o que esperar de um bolsonarista a não ser a necropolitica….

    1. Pode ser que determinadas substâncias encontradas nestas supostas curas hajam de forma diferente em alguns organismos . Mas o certo é não contrariar as recomendações da OMS . É de uma pena e frustração tão grande a gente ver tantas pessoas que julgávamos inteligentes e de bom senso caindo nessa onda que contraria a ciência e a medicina.

  2. Vida Acima de Tudo! O prefeito Marco Antonio Lage cometeu erro tremendo aceitar este vice, ele já está na ronda da traição. Ter um dr. Cloroquiner em Itabira é caso de polícia de segurança municipal. Abaixo a ralé da necropolitica. Viva a vida….

    1. Ele faz parte da pior espécie de evangélico; aquela que fala em Jesus o tempo todo, mas na prática faz tudo diferente. Foi mesmo um erro colossal o Marco tê-lo escolhido para vice. Há rumores de que a SMAS virou reduto do Leo Portela.

    1. Rafael, o vice prefeito é médico e por isso acha – de tanto achar virou Dr. Cloroquiner – que vidas não importam. Tem um outro de. Cloroquinir entrando no pronunciamento do prefeito fazendo a contra mensagem. São inconsequentes, mas são médicos, grande merde ( em francês pra não sujar o jaleco dos pensamentos imbecis. Eles querem minar o combate

      1. “Marco Antônio Gomes, vice-prefeito de Itabira, defendeu o uso do coquetel preconizado por muitos médicos na cidade, mesmo sendo condenado pela comunidade científica por não ter eficácia comprovada e pelos graves efeitos colaterais.” Quer dizer, médicos bolsonaristas, como ele. O Prefeito confirmou que fez uso dessa bomba?

  3. Talvez o médico vice prefeito esteja desinformado e não custa lembrar que ele é do interior, onde as pessoas têm menos interesse na leitura dos periódicos científicos. Temos que ter compaixão com a ignorância, afinal aqui é Brasil

  4. Infelizmente, a classe médica e a evangélica não estão falando como tais, mas como defensores de um governo desastroso, sem um mínimo respeito pela vida. Foi esse negacionismo e insistência com um remédio sem eficácia que levaram ao boicote da vacina, cuja compra o governo protelou por diversas vidas. Os médicos que horam o Juramento de Hipócrates e os verdadeiros cristãos jamais seriam coniventes com um ser tão intrinsecamente mau. Milhares de brasileiros estão morrendo desnecessariamente, outros estão desesperançados e estressados. Há um culpado maior nisso tudo, mas há muitas outras mãos sujas de sangue!

  5. VIDA ACIMA DE TUO! Eu nasci no Brasil, aqui temos uma língua nossa. Uma língua /saudade moleque vem beber aluá no vale do rio doce/ amalgamada do tupi-guarani cheio de variantes, da africana de tantas variantes, do português e espanhol. Eu falo brasileiro, a maioria maciça do povo do Brasil fala brasileiro. Então porque insistem em falar loquidal e não Tranca-Rua? A palavra tranca-rua, a gente entende, a gente sabe pronunciar, sai pela boca vinda das células cinzentas. Desconfio que falam, loquidal, pra nos matar com requinte inglês. Minha língua minha pátria atazanada pela cobiça e pela necropolitica. Índole cruel. E isso dificulta tudo. Festin pra morte, todo dia.
    Uma amiga liga todo dia cedinho-cedinho, pra saber se estou viva e, pede resposta rápido porque ela está aflita com a pandemia e apavorada com o pandemônio. Hoje ela está viva e teorizando, diz que todas as maldades do Genocida é iniciativa de vingança dos nominados, 01, 02, 03, 04, motivados pelo ódio ao pai tirano.
    Meu coração dói na carne, nos musculos, sinto fincadas de alfinetes na minha cabeça com medo.

    A média de mortes é de 2 mil por dia. multiplica multiplica multiplica até o final do ano…. a Câmara Federal não faz nada, defende o inimigo. A justiça tem preconceito de classe. O Conselho Federal de Medicina apoia o Genocídio Brasileiro. povo burro, acredita que não vai ser contaminado, “eu não!” Nossa Senhora Aparecida, que é preta, que veio das águas de Yara, nos dê força pra seguir, resistir.

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