Mulheres40+: mais que um corpo
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Lucia Tania Augusto*
Há mais de 30 anos, trabalho em projetos voltados para mulheres com mais de 40, 50, 60, 70 anos.
Ao longo deste tempo, presenciei a transformação das pautas dos encontros, das aulas, das palestras, dos seminários, dos eventos.
Pautas como internet, longevidade, inclusão, diversidade, empreendedorismo eram incipientes em nossas rodas de conversa, montagens teatrais e, minhas grandes paixões, criatividade, educação e, por motivos óbvios, meio ambiente.
Nada de estranho. Nasci em Itabira, cidade da Vale e de Carlos Drummond de Andrade e morei lá até os meus 35 anos, ou seja, “régua e compasso”.
Costumávamos dizer que ninguém nasce itabirana impunemente. Nas licenciaturas de Estudos Sociais, História e, por último, Geografia articulávamos um teatro-social (inspiração de Brecht e Augusto Boal) com o Codema (Conselho do Meio Ambiente). A honra de estudar com professoras como Maria Alice, Baginha e tantas outras.
Íamos para as ruas defender causas importantes no contexto macro e micro. Ao mesmo tempo, a pauta holística tomava conta das manchetes. Fui a Eco92 em Angra dos Reis. Vi os festivais.
Se trabalhávamos muito em equipe não era por exigência das empresas, era porque enfrentamos uma inflação galopante e nos uníamos para articulação de soluções, reivindicações em assembleias que ocorriam entre colegas, diretórios acadêmicos e mesmo nos bate-papos.
Fazíamos o tempo trabalhar ao nosso favor. O dinheiro escorria pelas mãos. Hoje, ao invés de me sentir defasada, antiquada, me sinto vanguarda.
Não havia apego ao trabalho e sim a necessidade da sobrevivência: pagar as contas, pagar estudos, pagar faculdade, dar conta de comprar livros caríssimos.
Sem facilidades, sem ações afirmativas, sem legislações em defesa da mulher, sobrevivemos. No meu caso, com muita alegria, sem deixar a peteca cair.
Isto era característica das amigas e irmãs também. Meu apelido era Formiga Atômica… Porém, nunca sozinha. Éramos uma legião de mulheres fortes, trabalhando juntas. E olha que o termo sororidade estava longe de existir no nosso vocabulário.
Olho em volta e, mesmo não conhecendo-as, vejo mulheres como eu, de todas as cores, corpos, salários, com mente e corações conectados em corrente única, espiralada.
Era inevitável também que, mesmo com toda a especialização que transitássemos pelas pautas da ecologia, da arte e do holismo. Sempre foi tudo ao mesmo tempo. Porque isto é sobre o todo, sobre nós: mais que um corpo.
Quando falávamos dos nossos gostos dizíamos ser “ecléticas”.
Mulheres assim: borboletas- transformando-se em um ciclo sem fim: ovos, casulo, lagarta, borboleta…
Quando achávamos que estávamos virando a última pauta dos sonhos, vem a pandemia e depois de uma pausa que ainda está suspensa no ar, penso quais os meus mantras preferidos, hoje, para conduzir os projetos com seres tão especiais.
São eles:
- Nunca é tarde.
- É cedo demais para desistir.
- Somos mais que um corpo.
Sei que para muitos, atualmente, parecemos confusas, sem foco, loucas, que não sabemos o que queremos, mas somos assim mesmo: mais que um corpo. Durma-se com este barulho…
*Lucia Tania Augusto é consultora Criativa, proprietária da Escola Portátil de Oratória – Epocriativa, especialista em Recursos Humanos e Educação e Treinamento
Quero deixar uma grande abraço, repleto de coisas boas, a esta Mulher maravilhosa de nome Lucia Tania Augusto. Por tudo que você representa na Vida das pessoas que te conhecem e pela sua dedicação à “Vida em Abundância!” Desde o MAI (Movimento Adolescente de Itabira), nos tempos da Ir. Maria, até hoje. Você é uma daquelas pessoas que eu tenho orgulho de ter conhecido. Sucesso e Prosperidade sempre: Conte Comigo!
Oi Beth! Muito obrigada, sempre, pela potência que é. Realmente, somos, reciprocamente de uma geração de ouro. Conte sempre comigo também.