Amantes de Juanita promovem reencontro épico em prol de Cris Guerra

Fotos: Taquinho/Acervo da banda/
Divulgação

Por Daniele Miranda

Na última sexta-feira, aconteceu o segundo de uma série de eventos beneficentes que visam arrecadar fundos para o tratamento da Itabirana Cris Guerra.

Foi uma grande noite, embalada pelas bandas 80 e Tals, k57, e o reencontro inusitado de um grupo que não tocava há quase vinte anos: Amantes de Juanita.

A banda surgiu em outubro de 1997, e teve seu primeiro show no Halloween da EFG/SEBRAE, tendo como integrantes Tadeu Felipe na bateria e Thiago Fontes no teclado, ex alunos da primeira turma da escola, acompanhados por Carlos Cabeça no vocal, Maurício Eleto na guitarra, e Júlio Mengueles, marido de Cris, no contrabaixo.

Os músicos eram jovens, estavam começando a caminhar pelos seus instrumentos. Entretanto, a inexperiência não foi uma barreira para que o público abraçasse a banda calorosamente.

Enfrentarem muitos obstáculos, como por exemplo, não terem uma estante de teclado e usarem no improviso uma tábua de passar roupas antiga para sustentar o instrumento, fato que virou motivo para o grupo mudar temporariamente o nome para Juanitas e a Tábua de Passar.

Erros de execução em harmonias e acordes se transformavam em olhares cruzados pelos integrantes e muita gargalhada. Era brincadeira de adolescente, mas a paixão verdadeira pela quarta arte era visceral, e, devagar, eles foram se aperfeiçoando.

Maurício, que entendia um pouco mais que os outros de teoria musical, foi o responsável por repassar o conhecimento a Thiago. Mengueles, que no primeiro momento tocava violão, passou a desenvolver o contrabaixo.

Tadeu aproveitava os intervalos de aula para treinar os exercícios em baterias imaginárias, muitas vezes nas costas e braços de colegas de turma. Todos eles respiravam música, e seria impossível não evoluir.

O sucesso foi crescente. E os “meninos” tiveram incentivo de músicos já bem conceituados na cidade, como os integrantes de Sobrinhos do Padre (Betão, Renatinho, Samuel Muca, Spenser), Nandy e os Minhocas (Roberto Oliveira, Giovane Borges e Binho Borges), Alexandre Buiú, além do apoio incondicional das famílias que cediam espaços improvisados para os ensaios: Miltinho, Marisa, Mara e Danilton, tendo sido esse o primeiro empresário da turma.

Seguiram a partir dali diversos shows na própria EFG, FIDE, Colégio, Funcesi e Clube Atlético Itabirano, onde a banda chegou a reunir um público agitado de quase duas mil pessoas na quadra.

Ocorreram sucessivas apresentações na Exposição em aberturas para artistas consagrados no cenário nacional (Biquíni Cavadão, Paralamas do Sucesso, Pato Fu). A banda participou também do Festival de Inverno, em que a manchete de um jornal no dia seguinte dizia que a Amantes de Juanita envolvera mais o público do que o artista principal da noite, Beto Guedes, monstro sagrado da MPB.

O grupo fez apresentações em casas noturnas como Pointer e Richard’s, onde Mengueles e Cabeça subiram nas caixas de som e Maurício tocou com a guitarra nas costas, agitando o público e mostrando toda a ousadia e jovialidade da banda.

Pouco tempo depois, conquistaram o 1o. Festival da Canção do Colégio Einstein, com a música Paredes, composta por Carlos Cabeça.

Ao longo dos anos, também integraram a banda Renata Araújo, irmã de Cris, que chegou reinventando o rol das canções executadas e abrilhantando no vocal feminino, além de Marcelo Motta, Marquinhos Costa, Gustavo Negão, Rogério Motta (Fuiú) e Joni Amorim.

O reencontro da formação original com participação de Renata foi preparado com muito carinho para a noite dessa épica e solidária sexta-feira, no Barril.

Durante a apresentação os artistas revisitaram o repertório da época, com muito rock nacional dos anos 90, além do rock clássico internacional e a música autoral Movido a Comprimido, irreverente e politicamente incorreta. Também subiram ao palco Nandy, Cibele Xavier, Chistian e Dério de Carvalho.

O astral do público, extasiado, foi um espetáculo à parte, cheio de emoção e nostalgia, externado em abraços sinceros, sorrisos fartos, lágrimas saudosas, gritos exagerados e muita cantoria!

Fãs marcaram presença uniformizados com a logo da banda estampada no peito.  Cris Guerra participou todo o tempo e resumiu: – “Foi sensacional a noite! Obrigada a todos que compareceram e puderam sentir a energia do momento que foi único! Estou muito feliz!”

Quem esteve presente certamente captou e imprimiu na alma a saudade de um tempo de efervescência cultural da cidade, em que qualquer degrau virava palco e a festa era certeira.

Do evento, ficou a certeza de que não há tempo passado para a boa música, para celebrar a vida e as amizades, e o sentimento de que esse não pode ter sido o último show da Amantes de Juanita! Queremos muito mais! Que venha o próximo!