Pitacos da rodada esportiva
Luiz Linhares*
Mesmo com planejamento, Cruzeiro tem queda de desempenho
É muito louca a relação time e torcedor. Paixão é com certeza a palavra-chave, é o que alimenta esse vínculo – e sempre contratempos acabam acontecendo.
O Cruzeiro começou o segundo semestre ciente de que teria pela frente o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil já em fase eliminatória e também a Libertadores das Américas. Com certeza se planejou e nem sempre aquilo que se projeta é realmente aquilo que se estabelece. Os percalços acabam acontecendo em uma partida de futebol com onze participantes de cada lado.
Para um time como o Cruzeiro, é quase uma exigência que figure no topo, entre os primeiros em todas as disputas. E assim reiniciou o Brasileiro vencendo o América e o Atlético Paranaense. Com esses seis pontos chegou a ocupar a terceira colocação da disputa, um ápice aos sonhos do torcedor. Vieram os jogos fora de casa. E perdeu em São Paulo para o combalido Corinthians. E jogando em casa, levou outra surra do tricolor São Paulo, despencando para a oitava posição.
O treinador Mano Menezes disse em coletiva, após esta segunda derrota, que nada tem de preocupante, que planejamento foi feito e que tudo está nos trilhos. Jogadores têm sido poupados ou preservados de um jogo ao outro, a partir de análises médicas e de desempenho, visando estabelecer um grupo forte para quando chegar o temido mês de agosto, com decisões importantíssimas para a sequência nas disputas até o fim do ano.
O torcedor quer vencer todas. É impulsivo, cobra. E se desagrada, repudia atuações e desempenhos. E aí o Cruzeiro tem pecado. Muitos jogadores têm tido a responsabilidade de fazer parte da titularidade e falhado. Mas não dá para cravar uma má produção geral do grupo. O que ficou provado mais uma vez – e em especial no último duelo – é que quando o adversário tem qualidade, faz o time azul bater cabeça. E, envolvido e sem reação, torna-se uma presa fácil de ser batida.
Só com o Brasileirão, Galo treina para se manter no alto da tabela
Buscar a vitória em Salvador na noite desta segunda-feira (30) é, sem dúvida, importantíssimo para o Galo retornar com o seu bom futebol. Com as derrotas iniciais após o retorno pós-Copa, aceitáveis diante de tantas mudanças no grupo, o que se busca agora é a estabilidade. Conhecimento e adaptação levam tempo e sequência de jogos. No meio de semana passada, contra o Paraná, no Independência, foi o primeiro encontro com seu torcedor neste retorno de disputa. Foi uma batalha dura, sofrida e vencida com melhora de produção para o colombiano Chará e o jovem uruguaio Terans.
Esses atletas me agradaram na articulação ofensiva, dão opções aos companheiros de frente. Acertos aqui e ali, com certeza eles vão dar muitas alegrias ao torcedor. Acho que uma arrumação defensiva é necessária, setor de mudança constante e necessidade de melhor nivelamento para uma produção positiva. Sabemos que a constância muda opiniões e nessa partida contra o Paraná, foi usado o jovem Yago Maidana com insegurança inicial e firmeza ao decorrer do jogo. Com boa antecipação e bom jogo aéreo, quem sabe é uma peça que pode se firmar nesta oscilante retaguarda alvinegra.
O Atlético, neste Brasileiro que se segue, tem agora uma vantagem em relação aos demais times na frente da tabela, neste agosto cheio de muitas disputas, o Galo tem a semana cheia de preparo tático e físico. E assim, pode crescer muito. Tem mais jogadores chegando e o torcedor está apostando nesta melhora.
América vence duas partidas sucessivas por méritos
O bom do futebol é isso: na semana passada escrevi sobre a preocupação com o desempenho do Coelhão na volta às partidas pelo Brasileirão. Foram dois jogos e duas derrotas, o que resultou em um primeiro encontro com a zona do rebaixamento. Nota dez para a diretoria, que agiu rápido e jogou lenha na fogueira. Contratou Adilson Batista.
Treinador explosivo, tido por muitos como um estrategista. E já obteve seis pontos em dois jogos, com duas vitórias importantes e sequenciais. Venceu o Internacional em BH e o Santos na famosa Vila Belmiro. Vitória na raça, na aplicação e vontade. Fez um gol no primeiro tempo e se fechou. Finalizou duas vezes em toda a partida, contra quase quarenta tentativas do adversário. Venceu por méritos e pela armação em campo. Posiciona-se agora no meio da tabela. E tem agora paz para trabalhar. Que se cuide o Palmeiras, o próximo da fila.
Agosto está chegando e situação do Valério ainda preocupa
Da euforia à preocupação. Assim defino o que penso do momento em que passa o Valério. Estamos fechando mais um mês e chega agosto. No dia 12 começa a disputa da terceirona mineira. Com a contratação de Roberto Gaúcho e Marcelo Ramos para a abraçar a causa do Dragão, os meus olhos brilharam como de tantos outros itabiranos que gostam do VEC e de Itabira.
Mas a última semana se tornou de apreensão, mesmo com o clube voltando a ser pauta de reportagem na Globo. É que está chegando a hora da disputa mas sem campo licenciado, jogadores não inscritos por falta de recursos. E sem um jogador de destaque para dar sustentação ser o maestro dos jovens, também por falta de recursos. Mas sou confiante, acho que há um planejamento e acredito que o apoio necessário para reerguer o time ainda virá. Espero que sim, torço para que isso ocorra a tempo de o Valério retornar ao gramado com um time à altura de suas tradições.
*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-AM