“Vamos incentivar o microempreendedor e os arranjos produtivos locais”, adianta o prefeito eleito, que avalia reabrir o Banco do Povo
Instituição aberta na administração do ex-prefeito Jackson Tavares (1997/2000) – e que agonizou até quase morrer por inanição financeira no atual governo – a Associação de Crédito Popular de Itabira (Banco do Povo) vai merecer atenção especial do prefeito eleito Marco Antônio Lage, é o que ele garante em entrevista a este site Vila de Utopia.
“Precisamos dispor de um sistema que ofereça linhas de crédito a um custo mais baixo e facilitado para estimular o micro e o pequeno empreendedor”, avalia Marco Antônio, já pensando no incremento dos arranjos produtivos locais.
A necessidade de oferecer crédito popular é mais urgente como meio de apoiar o trabalhador “pejotizado”, nova categoria social que surgiu com a precarização e a falta de emprego formal.
Nessa conjuntura pós-flexibilização da CLT, para assegurar o seu sustento e de seus familiares, o trabalhador se vê obrigado a abrir sua própria empresa para prestar serviço a um grupo empresarial ou para vender algum produto.
“Vamos ver qual é a real situação do Banco do Povo. Não sei se vamos reativar o sistema já existente ou se se abriremos uma nova instituição para oferecer crédito barato e facilitado. O que sei é que vamos também incentivar o micro empreendedorismo local”, assegura o prefeito eleito.
Microcrédito
Instituído em 1999, o Banco do Povo tem dívidas com salários atrasados devidos à sua única funcionária, além de pequenos débitos.
Segundo relatório contábil encaminhado ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico (Codecon), em abril de 2018, que negou empréstimo de R$ 150 mil à instituição de crédito popular, essa dívida era de “apenas” R$ 56.789,50. Leia também aqui e aqui.
Já os créditos que a instituição tem a receber, de empréstimos contraídos e não pagos entre os anos 2000 e 2016, somam-se mais de R$ 2,2 milhões. A dívida que não foi judicializada, quase toda, já prescreveu.
Segundo o presidente do Banco do Povo, João Tôrres, a maior parte dessa dívida com a instituição foi contraída entre 2001 e 2006 – e está concentrada entre 12 tomadores de empréstimos inadimplentes.
Nesse período, os relatórios contábeis da instituição indicam que foram emprestados valores mais altos em relação aos empréstimos anteriores. “Uma minoria deu o calote e está prejudicando a maioria que pagou em dia as suas dívidas com o banco”, lamentou João Tôrres, em audiência na Câmara Municipal, em 13 de dezembro de 2018.
Prevaricação
Quanto ao fato de o banco não ter cobrado essas dívidas em tempo hábil para não gerar prescrição, o presidente João Tôrres se esquiva.
“Isso tem de ser cobrado dos presidentes anteriores. Se houve negligência, foi deles”, defende-se, alegando que em sua gestão a instituição só fez um empréstimo, que já foi quitado.
“É a mesma negligência que ocorreu com os recursos do Fundesi (Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico) emprestados a empresários e que também não pagaram as suas dívidas”, compara.
João Tôrres se refere à inadimplência de empresários itabiranos que não quitaram suas dívidas contraídas com recursos do Fundesi para financiar a diversificação da economia itabirana (leia mais aqui).
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