Reforma do parque do Intelecto já tem ordem de serviço. Falta definir a restauração da usina Ribeirão de São José
A Prefeitura anuncia que irá reformar trilhas, viveiro de mudas, iluminação, mirantes e demais espaços utilizados pelo público no Parque Natural Municipal do Intelecto.
A unidade de conservação ambiental é parte de uma área maior, adquirida pela Prefeitura no fim da década de 1980, trocado com a Vale pela mina Camarinha, na serra do Esmeril (leia aqui).
Já a unidade de conservação foi uma conquista da sociedade itabirana. Virou realidade com o cumprimento, pela mineradora, de parte da condicionante 37, da Licença de Operação Corretiva (LOC) das minas de Itabira.
A condicionante trata da compensação ambiental por sucessivos desmatamentos, ocorridos com a abertura de frentes de lavras no complexo minerador de Itabira.
A compensação, diz a condicionante, foi definida em consonância com o que dispõe os planos diretores de Áreas Verdes e de Recursos Hídricos do município.
O Parque do Intelecto inclui o Pico do Amor, o Memorial Drummond e a concha acústica. Oficialmente, foi inaugurado em abril de 2012, com a “abertura à comunidade” de um Centro Experimental de Educação Ambiental (CEEA).
O CEEA tem a forma octogonal, inspirada na estética chinesa, o Feng-Shui. A sua disposição se orienta pelos pontos cardeais e sugere harmonia e equilíbrio.
Após esse tempo, a revitalização do parque se torna necessária. A previsão é concluir a reforma até o fim do ano.
Função importante
Com área de 35,13 hectares, em sua maior parte coberta vegetação nativa remanescente da Mata Atlântica, o parque tem função ambiental essencial para o meio ambiente na cidade.
Está localizado no bairro Campestre e faz divisas com os bairros Penha, Santo Antônio e o centro de Itabira, uma das cidades com menos “verde” no país, com apenas 25% de suas vias urbanas arborizadas, segundo o IBGE.
Nesse triste ranking negativo, só não perde para 581 cidades brasileiras que são menos arborizadas que Itabira. Essa situação se agrava ainda mais por se tratar de uma cidade minerada, que precisa de muito “verde” para ajudar a conter a poeira da mineração.
Daí que a manutenção do parque, inclusive com a substituição de eucalipto por espécies nativas, como está sendo executado pela Secretaria de Meio Ambiente, adquire especial relevância.
Das unidades de conservação, parque Ribeirão de São José ficou “esquecido”
Da condicionante 37, há ainda outras unidades de conservação negociadas com a mineradora, mas que não tiveram a sua implantação definitiva. É o caso da implantação do Parque Natural Municipal Ribeirão de São José, ao lado da Reserva Biológica Mata do Bispo, na direção de Nova Era.
Para essa unidade, foi “consenssado” como sendo de responsabilidade da Vale a reforma arquitetônica da Casa de Máquinas e da Casa de Administração.
Ficou também como “obrigação de fazer” da mineradora a reativação da usina hidrelétrica, abertura de trilhas ecológicas, cercamento da área, saneamento básico para despoluir o ribeirão, entre outros itens.
A proposta era (ainda é?) transformar a unidade em um parque temático, voltado para a geração de energias alternativas. Para isso, a Prefeitura se incumbiria de instalar geradores eólicos, fotovoltaicos, usina geradora de biomassa, além de outras obrigações (leia quadro com as respectivas responsabilidades).
Mas nada disso virou realidade, embora a mineradora já tenha adquirido os imóveis rurais para integrar o parque. O pior foi que em 2017 a Prefeitura retirou a vigilância do local e a usina foi detonada, assim como patrimônio arquitetônico (leia aqui).
Restauração
Em agosto de 2017, a secretária municipal de Meio Ambiente, Priscila Martins da Costa, anunciou que a Prefeitura iria restaurar o patrimônio arquitetônico, com recursos assegurados da ordem R$ 1,2 milhão. As obras foram prometidas para o fim de 2018 (leia aqui).
Recentemente, em reunião do Codema a secretária informou que obra foi adiada em decorrência da renegociação das condicionantes com a Vale, que inclui a implantação completa do Parque Natural Municipal Ribeirão de São José.
A expectativa é, portanto, para que um novo acordo seja firmado para o cumprimento das condicionantes pendentes de execução. E que contemple a implantação do que foi “consenssado” para todas as unidades de conservação.
Mosaico
Como parte do cumprimento da LOC, esses parques integram um mosaico de unidades de conservação negociado com a Vale, Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) e a Prefeitura.
Da condicionante 37, outra unidade que ainda está pendente é a extensão do Parque Nacional Serra do Cipó até o povoado Serra dos Alves, em Senhora do Carmo.
Para integrar essa unidade de conservação, a Vale já adquiriu os imóveis rurais no povoado. Entretanto, a transferência dessas propriedades ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da União, ainda não foi formalizada.
Mata do Limoeiro
Outra unidade de conservação importante, implantada em atendimento à mesma condicionante, é o Parque Estadual Mata do Limoeiro, em Ipoema.
A unidade de conservação também contou com investimento da Vale, que adquiriu as propriedades rurais que passaram a integrar o parque.
Integra também o mosaico de unidades de conservação o Parque Municipal Alto do Rio Tanque, no distrito de Senhora do Carmo, cujas terras também foram adquiridas pela mineradora.
Essa unidade é também coberta por matas nativas remanescentes da Mata Atlântica e não é aberta a visitas. A sua função é conservacionista, de proteção da nascente do rio Tanque.