Acredite se quiser: poeira da Vale em Itabira não está fora da lei, registra monitoramento da qualidade do ar
O monitoramento da qualidade do ar em Itabira é feito por uma rede automática. E os dados são disponibilizados de hora em hora, simultaneamente, para os computadores da própria Vale (meio ambiente e área operacional), da Prefeitura (Secretaria de Meio Ambiente) e da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam).
Mas essas informações não são repassadas também em tempo real à comunidade itabirana, que sofre com doenças respiratórias agravadas pela poeira de minério em suspensão. Na sexta-feira passada (5), entre 10h e 12h, a cidade foi invadida por uma forte nuvem de poeira.
Muita gente fotografou e filmou o fenômeno de várias partes da cidade, que, segundo a Vale, foi ocasionado por ventos fortes, vindos das minas em direção à cidade, a uma velocidade de 53 quilômetros por hora. Leia mais aqui.
No entanto, os índices apurados pelas duas estações que estavam em funcionamento naquele dia, de um total de quatro instaladas na cidade, não reportaram a poluição do ar na proporção que todos sentiram na cidade.
“A média geométrica do dia ficou abaixo do que dispõe a legislação”, assegurou o analista de meio Ambiente da Vale, Joni Amorim, responsável, na Vale, pelo monitoramento da qualidade do ar na cidade.
Ele prestou esclarecimentos aos seis conselheiros do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) e funcionários da Secretaria Municipal de Meio Ambiente nessa terça-feira (9), em visita à estação de monitoramento instalada na praça do Areão.
Segundo ele, a média geométrica diária de 150 microgramas por metro cúbico (µg/m³), que é o índice máximo admitido e que não pode ser ultrapassado mais de uma vez por ano, não foi atingida na sexta-feira.
Ou seja, a poeira lançada sobre a cidade está de acordo com as normas ambientais, tanto com a portaria do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), como também com a legislação municipal, que é mais restritiva.
Endosso
Fabrício Saez Milânio, responsável na Secretaria de Meio Ambiente pelo acompanhamento e divulgação dos dados do monitoramento, também presente na visita, confirmou a informação da Vale. “Está dentro da norma”, disse ele, que, no entanto, não soube ou não quis informar quais foram os índices máximos registrados na sexta-feira, entre 10 e 12h.
Respondeu que só a assessoria de imprensa da Prefeitura poderia informar. A informação foi solicitada por este site ontem à tarde, mas até o fechamento desta reportagem não houve resposta.
Feam registra índices abaixo da média como não sendo prejudiciais à saúde
No site da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) só estão registradas as médias geométricas de duas estações – e não há registro das concentrações diárias de hora em hora. Segundo informa, na estação Areão (bairro Major Lage) a média geométrica registrada na sexta-feira foi de apenas 59 µg/m³.
O registro vem seguido da observação de que “pessoas dos grupos sensíveis (crianças, idosos e com doenças respiratórias e cardíacas) podem apresentar sintomas como tosse seca e cansaço.” Acrescenta, entretanto, que “a população não é afetada”.
Já na estação do Pará/Vila Paciência o registro foi ainda menor – 34 µg/m³. E a observação foi de que “praticamente não há risco à saúde”.
As estações do bairro Fênix (mais próximo das minas) e do Premem (bairro Panorama) não estavam funcionando por razões que não foram explicadas.
Os dados com as médias geométricas podem ser conferidos no link http://www.feam.br/component/content/article/15/1401-mapas-estacoes-de-monitoramento-da-qualidade-do-ar.
Tempo real
O que se constata, mais uma vez, é que os dados do monitoramento da qualidade do ar, mesmo estando de acordo com o que dispõe as normas ambientais, não refletem a realidade. Além disso, é inaceitável que os dados do monitoramento só estejam sendo divulgados nas reuniões mensais do Codema.
Perguntando se tecnicamente podem ser disponibilizados on line para a comunidade, na forma como chegam aos computadores da Vale, Prefeitura e Feam, inclusive sem as “validações” feitas pela Vale, Joni Amorim respondeu afirmativamente.
Contudo, assim como já reportou a assessoria de imprensa da mineradora, a divulgação para a comunidade é atribuição da Prefeitura e dos órgãos ambientais.
Trata-se, portanto, de uma decisão política da Prefeitura, de querer ou não dar transparência às informações, que são cruciais para avaliar a qualidade de vida e o impacto da poluição na vida dos moradores. Portanto, ter acesso a essas informações é direito da população.
Afinal, são os moradores que sofrem, principalmente nesta época de estiagem e ventos fortes, com as doenças respiratórias decorrentes da poeira de minério em suspensão, como rinite, sinusite, bronquite, asma. Leia mais aqui e aqui.
O que a Vale faz aqui em Itabira que não é certo? Todos os responsáveis do setor público que recebem para cuidar do bem estar do povo em geral são comprados pela VALE, SÃO PUXA SACO DA VALE.
Joni e Fabrício, dois caras-de-pau. Eles vivem em Itabira? Como vivemos na Era da Mentira para eles fica tudo muito bem, mas quando o corpo deles quedarem por velhice, talvez eles se lembrarão da indiferença que agora teem pela VIDA. Afinal, Itabira é da Vale Assassina. Cruz-credo dessa gente pequena.