Zumbi de Palmares não está mais maneta na pracinha ao lado da Acrísio de Alvarenga

Na celebração da luta dos negros brasileiros que resultaram na abolição da escravatura (Lei Áurea, 1888), foi restaurada a mão esquerda da escultura de Zumbi dos Palmares, líder quilombola alagoano de grande destaque na luta de resistência contra a crueldade e opressão da escravidão, que há 14 anos havia sido surrupiada.

Enfim, Zumbi não está mais maneta, festejou Antônio Beato, presidente da Associação dos Congadeiros de Itabira. A escultura do líder quilombola foi instalada na primeira gestão do prefeito Ronaldo Magalhães (PTB).

Fica na pracinha em frente à praça Acrísio de Alvarenga. A reinauguração do monumento marcou o encerramento da Semana da Abolição da Escravatura: Educando Itabira sem Racismo, na segunda-feira (13).

Antônio Beato aproveitou o momento solene da reinauguração para enaltecer e a luta histórica de Zumbi, pela dignidade do negro, que persiste nos dias atuais. O líder congadeiro falou sobre a luta contra a opressão do negro, que resultou em sua libertação do jugo da escravidão. Mas de outras formas de discriminação.

Pintura de Antonio Parreiras (1860 – 1937) – Acervo do Museu Antonio Parreiras, Niterói

Conforme ele sempre salienta, a abolição não foi uma concessão do homem branco, cristão e caridoso, mas uma conquista social e histórica – e que ainda há muito para avançar até que não se tenha mais discriminação no país e a dívida para com o negro seja resgatada. Nessa luta, Zumbi foi líder inconteste.

Maria Helena Primo, a Lena, presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, e diretora de Promoção Para Igualdade Racial, da Secretaria Municipal de Governo, ressaltou a importância da Lei 7.716/89, que define os crimes de preconceito racial. Segundo ela, a lei tornou-se necessária justamente pelo fato de o preconceito ainda ser arraigado no país.

Isso porque o direito à igualdade ainda não é consuetudinário, tanto que o país precisa de uma lei que criminalize a discriminação racial. “Não temos muito para comemorar. Trocaram as chibatas pela falta de reconhecimento. O preconceito existe na falta de oportunidades iguais. O Brasil e o brasileiro são racistas”, lamentou.

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Congadeiras celebram Zumbi (Fotos: Divulgação e Carlos Cruz)

O responsável pela reforma foi o artista itabirano José Carlos Gomes, que ficou conhecido em Itabira quando fez os primeiros grafites de protesto na cidade contra o desemprego que já assustava na década de 1980. O grafite questionava: “O meu pai, 30 anos. E eu?”

O seu protesto continua valendo. E os que mais sofrem com a falta de trabalho são os negros, historicamente discriminados.

A vice-prefeita Dalma Barcelos (PDT) ressaltou a importância da homenagem a Zumbi. “Estamos valorizando a nossa cultura que é negra, que está no nosso DNA. E que muitas vezes não tem o seu valor reconhecido.”

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