Véspera de aniversário

Rafael Jasovich*

Como fazer uma omelete sem quebrar os ovos? Essa lição simples, fruto da mera observação, deveria ser aprendida por toda gente.

Realizar um desejo sem abrir mão de nada? Conseguir um pequeno milagre sem esforço, sem abnegação? Impossível.

É preciso dar para receber. Abrir mão. Romper, aceitar ir de um estágio a outro. Não há chegada sem partida. Manhã sem noite, inverno sem verão. Sol sem lua.

Curioso como poucas pessoas observam a natureza, compreendem os mecanismos do universo, as leis gerais que nos regem.

Somos fruto de uma explosão. As estrelas que vemos já estão mortas. A luz que nos chega é seu último adeus. Tudo em movimento, interconectado, fundido pelo mesmo destino – a extinção.

No silêncio profundo do universo, imersos em viagem cósmica partilhada, seres animados e inanimados dividem as mesmas partículas, a mesma origem.

Somos irmãos.

Tanto riso, oh quanta alegria. Mais de mil palhaços no salão.

Momento de compartilhar com os meus amigues mais um ano de sobrevida.

Apagar 76 velas e fazer desejos.

Pena que sou adepto das ideias de Rubem Alves. Portanto prefiro acender velas ao invés de apagá-las, como chama que nasce a cada nova celebração.

Nesse dia, apesar de renovar as esperanças de um futuro bom, é tempo também de acertar o presente para que o passado possa ser vivido mais avidamente em nossos dias.

Como diz Mario Quintana: “Nós vivemos a temer o futuro, mas é o passado que nos atropela”. E mais: “A saudade que dói mais fundo – e irremediavelmente – é a saudade que temos de nós”.

Viver a vida e orgulhar dos seus atos presentes é um dom que se deve almejar.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado.

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