Vereadores aprovam redução da passagem urbana para R$ 4, pedem quebra de monopólio e extensão de subsídio para o transporte coletivo rural
Fotos: Carlos Cruz
Por unanimidade, mas com muitas críticas à qualidade do serviço prestado, vereadores de Itabira aprovaram projeto de lei 50/22, de autoria do prefeito Marco Antônio Lage (PSB), que reduz o preço da passagem do transporte coletivo urbano de R$ 4,40 para R$ 4.
Como o projeto foi votado e aprovado também em sessão extraordinária nessa mesma terça-feira (30) em que se realizou a reunião ordinária, já está nas mãos do prefeito sancionar a lei. A partir de sua publicação, a redução da tarifa do transporte coletivo passa a ter efeito imediato, com a nova tarifa valendo já no início da próxima semana.
Para isso, a Prefeitura subsidiará o transporte coletivo urbano, repassando R$ 6,1 milhões à empresa Transportes Cisne, única concessionária do transporte coletivo na cidade, com aportes mensais até o fim do atual contrato com a empresa concessionária em fevereiro de 2023.
Em contrapartida, a empresa terá que melhorar a qualidade do serviço prestado à população em todos os aspectos, o que inclui o imediato retorno dos horários e itinerários dos ônibus que existiam antes da pandemia.
E que, inexplicavelmente ainda não voltaram “à normalidade”, conforme cobrou mais uma vez o vereador Sidney “do Salão” Vitalino Guimarães (PTB).
O parlamentar, que faz oposição ao prefeito, parabenizou “os meninos” da Comissão de Transporte da Câmara, vereadores Sebastião “Tãozinho” Ferreira Leite (Patriota) e Rodrigo “Diguerê” Assis Silva (PTB), ambos da base governista, por negociarem a redução da passagem com o prefeito, aumentando o subsídio.
Antes, o projeto previa o congelamento da tarifa em R$ 4,40. Sem o subsídio, a passagem seria reajustada para R$ 5,85.
Fim do monopólio
Heraldo Noronha Rodrigues (PTB) aproveitou para cobrar do prefeito o envio à Câmara de projeto de lei concedendo também subsídio ao transporte coletivo rural. “É para beneficiar os moradores das comunidades rurais que também estão sofrendo com a crise e merecem esse subsídio com o dinheiro público”, reivindicou.
Já o vereador Júlio “Contador” César de Araújo lembrou que, além das contrapartidas já acordadas com a empresa concessionária, que inclui a justa remuneração aos motoristas, cobradores e demais empregados com a recomposição das perdas salariais, a validade do subsídio só vai até fevereiro do ano que vem, quando encerra a atual concessão municipal para o transporte coletivo urbano.
Segundo ele, o subsídio mantém a capacidade operacional da empresa para bem atender à população, mas lembrou que só vale de agosto(retroativo) a fevereiro.
Por isso ele salientou a necessidade de se fazer um chamamento público, cumprindo as formalidades legais, realizando a sempre adiada concorrência para novas concessões de linhas de ônibus na cidade.
“Que não se repita o que ocorreu no passado, quando foram fazendo sucessivos aditivos, mantendo-se a mesma empresa que presta esse serviço na cidade há mais de 50 anos”, cobrou o vereador, que é da base governista. “O que não pode é o usuário ficar prejudicado quando terminar o subsídio e o atual contrato”, afirmou.
O líder do prefeito na Câmara, vereador Júber Madeira Gomes (PSDB) informou que o governo está atendo à essa necessidade e já prepara um novo plano de mobilidade urbana, que, será em breve enviado à Câmara.
A expectativa é que esse plano entre em vigor já com os novos contratos de concessão. “Vamos melhorar o transporte urbano, que hoje é utilizado por mais de 30 mil itabiranos”, quantificou.
Embate
O líder da oposição, vereador Neidson Freitas (MDB), votou favorável ao projeto do prefeito, mas não sem antes alfinetar, com ironia.
“Que pena que ainda não foi a aprovação do metrô ou das linhas com ônibus elétrico”, disse ele, lembrando a promessa que fez o prefeito, na campanha eleitoral de 2020, ao enfatizar a necessidade de modernizar o transporte coletivo na cidade.
“Não tem ninguém dando nada aqui de graça, não é um presente do prefeito e quem sugeriu a redução das passagens foram os vereadores Tãozinho e Diguerê. É dinheiro do povo que está subsidiando a tarifa”, enfatizou o oposicionista desempenhando o seu papel de tentar tirar o mérito político do prefeito.
Como tem sido recorrente na Câmara, o embate entre o líder da oposição e presidente da Câmara, vereador Weverton “Vetão” Andrade, ambos candidatos a deputado federal, voltou a ocorrer mais uma vez de forma ríspida, para gáudio do público presente.
“Estou no meu segundo mandato como vereador e, no passado bem recente, tivemos de ir para a rua com a população cobrando do então prefeito Ronaldo Magalhães que não reajustasse a tarifa de ônibus. De nada adiantou, nem sequer fomos recebidos em seu gabinete e o usuário teve que arcar com o reajuste”, recordou.
Neidson, mesmo tendo o microfone cortado, respondeu. “Ronaldo Magalhães recebeu uma prefeitura quebrada com mais de R$ 150 milhões de dívida, enquanto o atual prefeito assumiu com R$ 200 milhões em caixa e dispõe de mais R$ 100 milhões do empréstimo aprovado. São momentos diferentes”, contextualizou.
Caríssimo, aqui no Rio pagamos o absurdo de 4,50 pra ônibus e 6,50 metrô. Ocorre que o percurso é muito maior que Itabira. Mas os vereadores nao utilizam o transporte público. A classe media tambem não.