Vale é criticada na Câmara por não investir para diversificar a economia de Itabira enquanto expande operações no Pará
Foto: Divulgação/ Ascom/CMI
O presidente da Câmara de Itabira disse na reunião ordinária dessa terça-feira (18) que, daqui para frente, a pauta da mineração em Itabira será permanente no legislativo local
Após ouvir o pronunciamento do vereador Bernardo Rosa (PSB), que na reunião dessa terça-feira (18) criticou duramente a mineradora Vale por investir pesadamente no estado do Pará e não diversificar economicamente Itabira, onde a mineração está chegando ao fim, o presidente da Câmara, vereador Carlos Henrique “Sacolão” Silva Filho (Solidariedade), endossou a crítica. Ele prometeu que essa pauta será permanente no legislativo itabirano.
De acordo com o presidente da Câmara, a partir de agora tudo mudou no legislativo itabirano, que na legislatura passada teve grande atuação da “bancada” da Vale, ao ponto de um vereador questionar se havia prova científica de que o pó preto, carregado com partículas de minério de ferro, era mesmo proveniente das minas.
“Vamos debater esse assunto porque esta legislatura vai assumir a responsabilidade de iniciar essas tratativas. A Vale tem grande cuidado com o estado do Pará porque lá há jazida para mais de 300 anos. Acredito que esse tratamento por lá irá perdurar, enquanto o descaso com Itabira permanecerá,” criticou Carlinhos “Sacolão,” para quem o legado que a empresa deixará são a degradação paisagística, as barragens e as pilhas de estéril/rejeito.
“Precisamos levantar essas discussões, aproveitar que os novos colegas terão essa oportunidade de ir a Brasília e levar a discussão a alto nível, procurando os deputados, levantando essa agenda, que é do interesse de toda a comunidade itabirana,” disse ele, referindo-se à participação de vereadores itabiranos no Encontro Nacional de Gestores e Legisladores Municipais, que acontece em Brasília até sexta-feira.
“A Vale já demonstra descaso com Itabira há muitos anos,” disse ele, acentuando que a empresa só procura a cidade quando precisa de anuência do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema), ao mesmo tempo em que nega participar de um Grupo de Trabalho, instituído pelo órgão ambiental municipal para discutir o descomissionamento das minas locais.
“Preocupa-me muito quando a empresa recorre ao município para questões de licença ambiental, para criar áreas de pilha de estéril e alteamento de barragens, como foi o caso de Itabiruçu, mas não faz o mesmo quando precisamos de apoio para que indústrias e fábricas sejam instaladas aqui. Seria um legado interessante que a Vale deixaria para o nosso município, mas infelizmente percebemos que seus dirigentes não estão preocupados com isso.”
Mão de obra sucateada
O vereador Bernardo Rosa enfatizou que a Vale investiu R$ 70 bilhões em Carajás, no Pará, e na instalação da maior usina de asfalto sustentável do mundo, enquanto Itabira, onde a mineração começou em 1942, continua, passados mais de 80 anos de monopólio da água e dos empregos, sem alternativas econômicas.
“A Vale sempre dominou nossa cidade no passado, provocou êxodo rural, acabou com as fábricas de tecido, as forjas. E ‘sucateou’ a mão de obra local. Em Itabira, o salário inicial é de R$ 1.700, enquanto no Pará é de R$ 4.000. A Vale deveria investir na instalação de uma fábrica de cimento aqui, mas, infelizmente, não está preocupada com isso.”
Para o vereador Heraldo Noronha Rodrigues (PRB), não há cidade brasileira que tenha sido mais afetada pela mineração do que Itabira. “Cobro da Vale a duplicação da rodovia que liga a cidade à BR-262/381, na ligação de Itabira a Nova Era pela estrada de Santa Maria de Itabira. Essas obras vão desenvolver não só Itabira, mas toda a região,” reivindicou.
André Viana no Conselho de Administração da Vale
O vereador Rodrigo Diguerê destacou a importância da reeleição do ex-vereador e presidente do Sindicato Metabase, André Viana, como representante dos trabalhadores no Conselho de Administração (CA) da Vale.
“Quero destacar que, mesmo tendo uma boa relação com a Vale em Itabira, considero essas pautas positivas e para isso a reeleição de André Viana no Conselho é de grande importância,” disse ele, que é considerado da “bancada da Vale” na Câmara Municipal.
“Parabenizo o vereador Bernardo pelas sugestões e demandas levantadas aqui. Precisamos que nossas informações cheguem à presidência da Vale através do André, do prefeito e dos deputados.”
O vereador Carlos Henrique de Oliveira (PDT) também destacou a importância da eleição de André Viana para o Conselho de Administração da Vale: “Quero, em nome do André, agradecer a todos os empregados da Vale pelos votos recebidos, totalizando 7.777 votos, uma votação histórica,” registrou nos anais do legislativo itabirano.
“André vai representar Itabira, discutindo a diversificação econômica. O diálogo precisa acontecer por meio do legislativo, executivo, deputados estaduais e federais com a Vale, para que possamos enxergar Itabira como um todo e deixar um legado para as próximas gerações,” disse o vereador, que é também sindicalista, diretor do Sindicato Metabase de Itabira e Região.
“Foi uma votação histórica, mostrando que o trabalhador da Vale reconhece seu trabalho excepcional,” complementou o vereador Ronaldo “Capoeira” Meireles de Sena (PRD), referindo-se ao fato de que Viana obteve 1.913 votos (89,8%) entre 2.152 votantes em Itabira, principal base do sindicato que preside.
Diversificação econômica
A vereadora Dulce Citi Oliveira (PDT) cumprimentou André Viana pela reeleição e saudou também a eleição do prefeito Marco Antônio Lage (PDT) para presidir a Associação dos Municípios Minerados de Minas Gerais e do Brasil (Amig). “Vamos, juntos com eles, continuar lutando pela diversificação econômica do município.”
Essa mesma disposição demonstrou a vereadora Jordana Madeira Dias (PDT), que aposta na continuidade dos trabalhos de André Viana em defesa dos interesses dos trabalhadores da Vale e também de Itabira. “Vamos juntos reunir forças em prol de Itabira.”
O vereador Leandro Pascoal lembrou que a Vale sempre diz que está indo embora de Itabira e nada anuncia para diversificar a economia local, uma dívida histórica que tem com o município. “Precisamos cobrar investimentos da Vale para a cidade. O momento é agora para fazer nossa parte e viabilizar uma comissão permanente aqui na Câmara para discutir com a Vale.”
Que assim seja, para reverter esse quadro que advém de um longo tempo perdido, para não deixar que o futuro seja ontem, ou seja, que passou, e agora resta cismar a derrota incomparável.
Isso só não acontece se todos, ou pelo menos a grande maioria das autoridades locais, no estado e no país, compreenderem que o futuro de Itabira depende de ações concretas e do compromisso de todos os envolvidos.
Não adianta nada só depender da vale, os políticos Itabiranos tem mentalidade pequena e espírito de mendigo ( só sabem pedir esmolas para vale, o prefeito de Itabira podia copiar o modelo de administração do prefeito de Sorocaba, não é vergonha nenhuma e sim um exemplo de nova política, mas o grande problema de Itabira é o percalço entre vereadores que não sabem fazer suas políticas, não sabem usar oposição e base governamental para chegar em um consenso de projetos, só sabem fazer um teatro barato e não chegam a lugar nenhum e este problema se arrasta há anos e Itabira sempre sai prejudicada , falar em isenção de imposto para atração de empresas em nossa cidade para os políticos Itabiranos se remete a um crime pois a ganância por imposo é tanta que não conseguem enxergar o benefício futuro, pois bem se não houver mudança de mentalidade e vontade política e coragem para desatar os nós da dependência da vale Itabira será apenas uma cidade dormitório para São Gonçalo que vem se antecipando em anos luz em diversificação econômica .
Nao acho que é papel da Vale diversificar economia.
Ela nao tem essa expertise e nunca praticou isso.
É papel do poder publico, municipal, estadual etc, criar as fomentar as condições para que essa diversificação ocorra.
Isso traz duas implicações – definir os espaços territoriais, condições logísticas e culturais/ambientais (educação em níveis técnico e superior, atração de inteligência) para que esta diversificação se sustente. Isso significa, por exemplo, tirar a Unifei do colo programático da Vale, e da não-autonomia de decisões em relação a Itajubá – quer dizer, tornar o campus da Unifei em Itabira, uma universidade no sentido pleno, com faculdades, diretorias, congregações etc.
De outra sorte, fazer o projeto executivo e o planejamento estratégico dessa diversificação e mandar a conta para a Vale.
A Vale pode opinar mas nao pode ter poder de veto. Um Acordo Itabira urge.
Outra coisa, são os vereadores perderem a vergonha e atuarem, dentro das competencias que têm, para fazer um zoneamento urbano e rural para receber essa nova economia. Inclusive destinando terrenos hoje sob domínio da Vale para os novos fins.
Se não fazem isso, estão enrolando.