Urgência na conservação dos rios e proteção dos recursos hídricos
Rio Tanque em Senhora do Carmo, Itabira, MG: distrito ainda não dispõe de estação de tratamento de esgoto e em muitas propriedades rurais não há fossas sépticas. Sem mata ciliar em boa parte de seu percurso, com as primeiras chuvas a água fica barrenta, com o arraste de solo exposto assoreando o seu leito (Foto: Carlos Cruz)
Por Renata Ross
Em 24 de novembro é celebrado o Dia dos Rios. A data foi instituída para alertar sobre a preservação de água, conservação dos rios e proteção dos recursos hídricos
EcoDebate – Fonte de água doce, os mananciais e rios são de extrema importância para a existência de vida nos mais variados ecossistemas. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o país detentor da maior disponibilidade hídrica do planeta, com cerca de 12% do deflúvio médio mundial, mas passa por um dos mais longos períodos de estiagem de sua história.
A vida humana está diretamente ligada a preservação dos rios, pois além de necessitarmos de água para sobreviver, são neles que habitam milhares de espécies da fauna e da flora, incluindo distintos hábitats que proporcionam a existência de outros organismos.
Apesar de toda a disponibilidade hídrica, os rios têm sido afetados não só pela falta de chuvas, mas também pela poluição. A quantidade de lixo descartada nos rios do Litoral Norte de São Paulo é um exemplo negativo que tem preocupado especialistas ambientais e colocado em risco a biodiversidade marinha.
No período de um ano foram coletadas mais de 18 toneladas de resíduos dos rios de Ubatuba. Além da poluição da água doce, a correnteza acaba levando o lixo diretamente para o mar, afetando também toda a vida marinha.
Um relatório elaborado pelo Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte (CBH-LN) , classificou as condições do Rio Acaraú, em Ubatuba, como uma das mais graves da região. O Acaraú é classificado como “ruim” desde 2012 e registra concentrações de oxigênio dissolvido abaixo de 2,5 mg/L, quando o mínimo adequado à manutenção da vida aquática é 5mg/L.
Segundo uma pesquisa realizada pela WWF e destacada pelo Atlas do Plástico , o Brasil é responsável por despejar de 70 a 190 mil toneladas de resíduos plásticos nos oceanos todos os anos e, apesar de ter instituído a Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010, quase nenhum dos objetivos de reciclagem foi atingido dentro das metas estipuladas.
Os dados apontam que nunca foi tão urgente a necessidade de repensarmos a ideia do lixo e diminuir a pegada ambiental que deixamos no meio ambiente.
É mais do que necessário que a humanidade repense os padrões de consumo praticados atualmente, dando preferência a produtos e serviços de empresas que já tenham incorporado uma agenda sustentável em seu modelo de negócios, seja reduzindo o uso de recursos naturais, eliminando componentes tóxicos em sua produção, criando linhas de produtos recicláveis e reciclados ou mesmo trabalhando com embalagens retornáveis.
Ninguém é tão pequeno que não possa fazer a diferença. É importante focar nas ações diárias, e muitas delas são simples, mas que no final do dia geram grande impacto.
Problemáticas muito grandiosas costumam nos paralisar. Por outro lado, quando medidas que estão ao nosso alcance são apresentadas, as chances de adesão por grande parte da população são maiores e isso faz com que os efeitos em larga escala se tornem grandiosos.
Renata Ross é gestora de Marketing e Relacionamento na TerraCycle , líder global em soluções ambientais de resíduos de alta complexidade