UFV pede à Anvisa autorização para cultivar cannabis com fins medicinais, o que pode ser alternativa para a Vale reabilitar áreas mineradas em Itabira

Foto: Reprodução/
Pfarma

A Universidade Federal de Viçosa (UFV) solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para cultivar 5 mil pés de cannabis com cerca de 400 variedades. Com o cultivo e pesquisa pela UFV, o Brasil pode ganhar o primeiro banco genético de cannabis.

“O objetivo é caracterizar geneticamente as diversas variantes da planta, o que permitirá a compreensão mais profunda de suas composições químicas”, explica reportagem publicada no jornal Estado de S.Paulo.

De acordo com o professor do Departamento de Agronomia da UFV, Derly José Henriques, coordenador do projeto, a caracterização das espécies é importante, porque o conteúdo de canabinoides, como o canabidiol (CBD) e o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), varia de acordo com a variante da planta.

“Cada doença, por sua vez, demanda quantidades específicas dessas substâncias para um tratamento mais eficaz”, ele explica.

A legalização da cannabis no Brasil está em discussão para fins medicinais, como também recreativo, como já ocorre em vários países, inclusive no vizinho Uruguai, que legalizou o consumo recreativo em 2013, regulamentando também a sua produção.

A medida foi adotada no governo do ex-presidente José Mujica como forma de combater a guerra contra as drogas, além de ser uma política de redução de danos.

Desde então, o comércio de cannabis injetou mais de US$ 20 milhões na economia uruguaia, com o surgimento de indústria exportadora de canabidiol e da própria planta para emprego na indústria farmacêutica de todo o mundo.

Cultivo de plantas medicinais em áreas mineradas

No Plano Regional de Fechamento Integrado das Minas de Itabira está previsto o cultivo de plantas medicinais em áreas mineradas, o que pode incluir a cannabis sativa (Imagem: Reprodução)

No futuro, com o avanço das pesquisas e regulamentação do cultivo no Brasil, não causará espanto se o plantio de cannabis ocorrer, inclusive, nas áreas mineradas da Vale em Itabira (barragens desativadas, pilhas de estéril e cavas exauridas), como insumo para a indústria farmacêutica.

Isso porque, conforme consta no Plano Regional de Fechamento Integrado das Minas de Itabira (PRFIMI), de 2013, que a Tüv Süd Bureau de Projetos e Consultoria elaborou para a Vale para reabilitação de áreas mineradas, consta a proposta do Ecoparque Cauê, cujo “driver indutor” deve ser a produção de insumos terapêuticos para hospitais e indústria farmacêutica, com cultivo de plantas medicinais nas pilhas de estéril dispostas nas cavas exauridas – e também no platô da pilha Convap.

O documento foi apresentado ao antigo Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM). Faz referência à política já em curso de tornar o município polo macrorregional em saúde, com a diversificação e fortalecimento do setor de atendimento médico-hospitalar-farmacêutico.

“Procurou-se privilegiar, nesse ecoparque industrial, ênfase em áreas das ciências médicas que apresentem um alto potencial de retorno monetário, favorecendo, portanto, a reanimação da economia da cidade de Itabira após o encerramento das atividades de mineração”, frisa o documento, um calhamaço que Vila de Utopia compartilha para conhecimento geral aqui:

https://viladeutopia.com.br/wp-content/uploads/2022/01/Fechamento-Itabira-OS_16_RC-SP-046-13_R1_Vol_I-II-4.pdf

Leia também aqui:

Cultivo de plantas medicinais e novo hospital constam, em 2013, do Plano de Descomissionamento das Minas de Itabira

Não será surpresa, portanto, se no futuro talvez não tão distante, se for incluído o cultivo da cannabis, que caminha para se tornar a grande referência entre as plantas medicinais, quem sabe até mesmo em parceria com a UFV.

Mas para isso, a mineradora não pode se manter negligente como tem sido com as suas áreas fora da mineração, como é o caso do Pontal, que aberta e sem cercamento, sofre todos os anos com queimadas e incêndios florestais.

Terá que cercar as áreas cultivadas futuramente com cannabis, mantendo vigilância permanente para impedir o roubo das plantas para consumo e comércio ilegal.

Como está a legalização da maconha no Brasil

Para fins medicinais, já existe proposta para legalizar o cultivo da cannabis com restrições. Para isso, o cultivo só poderá ser feito por pessoas jurídicas, associações de pacientes, como também por organizações não governamentais.

Já para o uso recreativo, no Supremo Tribunal Federal (STF) está em curso o julgando da descriminalização do porte da maconha para uso pessoal. O julgamento foi suspenso, com o pedido de vista do ministro André Mendonça, quando o placar registrava cinco votos favoráveis e apenas um contrário à descriminalização.

Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), que é a autoridade sanitária, aprovou produtos da cannabis sativa para uso medicinal. No Brasil a Anvisa ainda não considera esses produtos como medicamentos. No entanto, autoriza a importação com receita médica.

Os derivados da cannabis têm sido empregados com resultados satisfatórios no tratamento de epilepsia, autismo, Alzheimer, Parkinson, dores crônicas e câncer, entre outros tratamentos.

Fontes:

UFV

Estadão

Pfarma

 

 

 

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