Sujeitos a um trabalho degradante, coletores de lixo ainda sofrem acidentes com resíduos mal-acondicionados

É um trabalho digno, indispensável à saúde da população e à qualidade do meio ambiente nas cidades. Mas é extremamente aviltante. Degrada a saúde, as condições de trabalho são as piores possíveis.

O coletor de resíduos urbanos, ou gari, que até recentemente era pejorativamente chamado de lixeiro, sofre com o mau cheiro do chorume exalando em direção ao seu nariz. Não se sabe como não tonteia a ponto de cair dependurado na traseira dos caminhos de coleta.

Além do risco de acidentes de trabalho, ao exalar essas substâncias tóxicas decorrentes de material orgânico em decomposição, e também químicos, esse profissional da assepsia urbana corre o alto risco de ser contaminado por doenças ocupacionais biológicas.

São inúmeras doenças que ele corre alto risco de contrair pelo contato com agentes biológicos (vírus, bactérias, fungos), além das doenças ergométricas. A sua saúde é fragilizada pelas condições degradantes de trabalho, que deterioram a qualidade de sua vida. Tudo isso sem falar do preconceito social que sofre.

Separação de resíduos recicláveis. Na foto em destaque, coletores na traseira de caminhão (Fotos: Átila Lemos e Divulgação/PMI)

Já há muito o serviço público de limpeza urbana deveria ter sido mudado. A coleta domiciliar é um privilégio – e deveria ser substituída por contêineres dispostos em alguns pontos de cada bairro. O morador se encarrega de separar os seus resíduos e dispor nos dias e horários predeterminados nos respectivos contêineres.

Claro que isso não é para ocorrer agora. Afinal, causaria mais desemprego sem opção de novas colocações para esses profissionais. Daí que é preciso descobrir novos meios para se tornar esse ainda imprescindível trabalho de coletar os resíduos da sociedade mais seguro e menos insalubre possível.

Riscos iminentes

Mas, infelizmente, não é o que se observa. Não bastassem as precárias condições de trabalho, a população também não colabora para a segurança de quem lhe presta tanto serviço.

Além de respirar o chorume na traseira do caminhão de coleta, de levar mordidas de cães nas ruas (cachorro adora perseguir o que está em movimento), de ser envenenado por animais peçonhentos, o coletor de resíduos é também vítimas de resíduos mal-acondicionados.

De acordo com pesquisa realizada pela seção de Segurança do Trabalho da Empresa de Desenvolvimento Urbano de Itabira (Itaurb), são frequentes os acidentes envolvendo esses trabalhadores.

Eles se cortam com cacos de vidro, lâmpadas, enlatados, lâminas, seringas. E também com outros objetos pontiagudos perfurocortantes encontrados em meio aos resíduos domésticos, mesmo que estando separados do material orgânico.

Coletores sofrem constantes acidentes com cortes que podem ser evitados

Pelo registro da Itaurb, desde janeiro ocorreram nove acidentes de trabalho em Itabira envolvendo essa categoria de trabalhadores. No ano passado, foram 11 acidentes.

A empresa se defende alegando que esses acidentes ocorrem mesmo estando o coletor utilizando luvas anticortes. O problema, diz, é que esses resíduos são mal-acondicionados.

Verdade, mas também há pouca campanha na cidade esclarecendo como se deve fazer para não colocar em risco a segurança de quem recolhe o lixo que o morador um produz em casa – e também aquele que é gerado pelo comércio.

Itabira é pioneira, desde a administração de Luiz Menezes (1989-92), na introdução da coleta seletiva. Esse serviço se expandiu por quase toda a cidade, mas ao que parece grande parte da população desaprendeu como se faz a segregação.

Falta campanha educativa permanente de como se deve fazer a separação e a disposição adequada de resíduos. Sem que isso ocorra, o coletor Samuel Félix vai continuar correndo o risco de se acidentar. “Já me machuquei mesmo tendo cuidado ao recolher o lixo. É que nunca sabemos o que vamos encontrar”, preocupa-se.

Ter cuidado ao dispor resíduos domésticos é dever de todos

Para que Samuel passe a correr menos risco ao executar o seu trabalho, o primeiro passo é fazer a separação correta dos resíduos. Para isso, o lixo orgânico (restos de comida) deve ser separado do reciclável (metais, papel, papelão, tetrapak, plástico, vidro).

Embalagens não retornáveis são ameaças ao meio ambiente e precisam ser separadas para coleta seletiva

A Itaurb também recomenda que vidros, quebrados ou não, devem ser acondicionados dentro de caixas de papelão. Podem ser dispostos dentro de garrafa pet, que deve ser cortada e depois vedada com fita adesiva. O mesmo procedimento pode ser realizado com caixinhas de leite.

Metais cortantes também devem ser acondicionados da mesma forma. O ideal é ainda envolver em jornal esse material disposto adequadamente para reduzir ainda mais a possibilidade de acidente.

Coleta especial

Já as seringas, ampolas e embalagens de remédio dispõem de locais específicos para ser deixado – dai que têm coleta especial.

Existem postos de coleta na Farmácia Municipal (Vila Santa Izabel/antigo endereço do TFD), Farmácia de Minas (Fênix).

Outros postos de coleta são encontrados nas farmácias das Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos bairros Chapada, Gabiroba de Baixo, Clóvis Alvim, Pedreira e dos distritos de Senhora do Carmo e Ipoema.

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