Bolsonaro cresce com a saída de Moro, mas Lula segue na liderança, aponta pesquisa Ipesp, divulgada nesta quarta-feira, 6 de abril

Lula, Bolsonaro e FHC são apontados como os melhores presidentes da Nova República

Antonio Lavareda*

Ainda entre os presidentes considerados os melhores até o momento vieram depois Itamar Franco (4%), Michel Temer (3%) e José Sarney (2%). No fim da fila, estão dois que sofreram impeachment: Dilma Rousseff (1%) e Fernando Collor, com zero.

Vários fatores interferem na memória coletiva. E a passagem do tempo é um deles. Como exemplo, o governo Sarney não foi presenciado por quase metade do eleitorado atual.

Mas não deixa de ser interessante notar que os ex-presidentes, ligados aos partidos que hoje buscam um candidato viável na autodenominada “terceira via“, reunidos somam muito mais admiração (24%) que a soma das intenções de voto dos respectivos pré-candidatos.

No outro lado da moeda, Jair Bolsonaro, com 40%, encabeça o ranking dos que foram classificados como o “Pior Presidente”, seguido por Dilma Rousseff (21%), Lula (14%), Collor (11%), Michel Temer (4%), FHC e Sarney, ambos com 2%, e Itamar Franco, com 1%.

A pesquisa mostra ainda que diminui a percepção do noticiário negativo (de 54% para 51%) e aumenta a aprovação ao governo (de 31% para 33%) e sua avaliação positiva (“O/B” vai de 26% para 29%).

Os que percebem as notícias como “mais favoráveis “oscilaram positivamente dois pontos e são agora 13%.A desaprovação ao Governo recuou dois pontos, chegando a 63%.

Ainda que o “Ruim/Péssimo” (54%) não se tenha mexido, no geral é a melhor avaliação obtida pelo governo desde o início do ano em sete rodadas da pesquisa.

Melhora também a percepção de que a economia caminha no “rumo certo” (27% para 29%), enquanto os mesmos 63% da rodada anterior continuam apontando que o governo vai no “rumo errado”

O noticiário sobre o “vai e vem” dos novos dirigentes da Petrobras não parece ter agravado os já elevados temores da população quanto à condução econômica. E, de outro lado, o anúncio das seguidas quedas do dólar pode estar despertando algum otimismo.

A saída de Moro foi o maior presente, até o momento, à pré-campanha de Bolsonaro. Há muito não se via nas intenções de voto do primeiro turno um movimento tão vigoroso em intervalo tão curto.

O presidente cresceu dois pontos na questão espontânea, chegando a 27%; e nada menos que quatro pontos na estimulada atingindo, pela primeira vez desde 2019, os 30%.

Quanto aos demais, Lula continua liderando a lista com os mesmos percentuais de 15 dia atrás – 36% de espontânea e 44% na lista. A seguir vem Ciro Gomes, outro beneficiário visível da retirada do ex-juiz: ganha dois pontos e se aproxima dos dois dígitos, com 9%, além de ficar isolado voltando à terceira posição.

Doria (3%) e Simone (2%) parecem ter herdado cada qual um ponto de Moro. Janones continuou com 1%. As menções a Felipe D´Ávila, Eymael e Vera não pontuam 1%.

No segundo turno Bolsonaro (33%) cresceu dois pontos contra Lula que oscilou para baixo (53%). A distância que era de 25 pontos em janeiro diminuiu para 20. Nos demais cenários há poucas alterações.

A única mudança de posições é quando se enfrentam Bolsonaro e Doria. O primeiro, que na quinzena passada perdia por 40% X 37%, dessa feita inverteu e lidera na margem por 39% X 38%.

Como é sabido, os cenários de segundo turno estão associados em boa medida às respectivas taxas de rejeição.

Nesse quesito, Bolsonaro continua à frente, embora tenha recuperado dois pontos. Os que “não votam nele de jeito nenhum” eram 63% e são agora 61% vem a seguir.

Doria vem a seguir. Tinha 58%, e agora 57%; Lula oscilou um ponto a mais, indo a 43%; Ciro reduziu a rejeição dois pontos, marcando também 43%; Janones manteve a rejeição de 36%; Tebet também não alterou a sua, 35%; Felipe D’Ávila diminuiu dois pontos, para 34%.

A influência positiva do apoio de Moro a um candidato é de 15%. A negativa, de 27%. Em situações assim, os candidatos costumam pesar os efeitos desse apoio e fazer muitas contas antes de buscá-lo.

Mas à chamada terceira via de centro-direita, cujos postulantes têm percentuais muito discretos, esses 15% podem se afigurar como a promessa de um caminhão potencial de votos.

Na verdade, de pouco valerá a qualquer um deles conseguir o apoio de Moro se não assumir para valer na campanha as bandeiras da Lava Jato simbolizadas por ele.

*Antonio Lavareda é bacharel em direito e jornalismo, doutor em ciência política.

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