Sistema de Saúde de Itabira já entra em colapso, com 100% de ocupação de leitos UTIs e também nas enfermarias
Pelo que se vê em Itabira, a onda roxa desbotou, perdeu a cor e amarelou, enquanto os hospitais estão com 100% de ocupação dos leitos disponíveis de UTIs e também nas enfermarias.
Mesmo com o sistema de saúde do município entrando em colapso, e embora esteja fechado o comércio de rua considerado não essencial pelo programa Minas Consciente, ainda assim é grande a movimentação de pessoas pelas ruas e avenidas da cidade.
As pessoas seguem transitando a caminho das casas lotéricas, das agências bancárias, ou mesmo para assumir o posto de trabalho considerado essencial. É o caso da mineração que não para, inclusive com as suas contratadas permanecendo em plena atividade.
Isso mesmo o avanço da pandemia com as novas cepas que atravessam estados e oceanos, com grave ameaça à saúde pública, com as variantes se espalhando com mais velocidade e maior letalidade.
“Fique em casa”
É nessa conjuntura epidemiológica que a médica infectologista do hospital municipal Carlos Chagas (HMCC), Andréa Cabral, faz mais um veemente apelo à população itabirana.
“Por favor, fiquem em casa. Precisamos do engajamento de todos nessa luta pela vida. Só assim conseguiremos diminuir o número de internações. A doença não discrimina ninguém”, é o pedido que ela faz a todos itabiranos.
A médica infectologista espera que toda a sociedade itabirana engaje no enfrentamento ao vírus que tem sido muitas vezes mais letal com as novas variantes. Só em Itabira já fez 97 vítimas fatais.
E o número de novos casos continua aumentando exponencialmente, mesmo estando o município desde o dia 8 de março na onda roxa, antecedendo-se ao decreto do governador Romeu Zema (Novo), que estendeu esse estado de alerta, arremedo de lockdown, para todo o estado de Minas Gerais.
Segundo o site Itabira no monitoramento da Covid-19, que é divulgado e atualizado duas vezes por dia pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), já são 10.653 casos de pessoas com a doença em Itabira.
E esse número tende a crescer progressivamente. É que mesmo estando o município há mais de uma semana na onda roxa, a taxa de isolamento social é de apenas 32%, quando deveria subir para bem acima de 50%. Com isso, a taxa de crescimento de casos em Itabira é de 86%.
Transmissão acelerada
O monitoramento registra ainda 7.640 casos suspeitos, fora as sub-notificações. Pelo protocolo, essas pessoas deveriam permanecer em isolamento domiciliar enquanto durar o período de quarentena de pelo menos 14 dias.
Mas é bem provável que muitos não estejam cumprindo o protocolo.
Isso fora o número de pessoas que estão com vírus na forma assintomática e que ao sair às ruas ajudam a propagar o vírus.
É o que também preocupa as autoridades e os profissionais de saúde, que já estão cansados e estressados, trabalhando no limite, tendo de atender tantos casos graves ao mesmo tempo e sem condições de dar assistência adequada a todos que precisam de atendimento hospitalar.
Com o isso, a taxa de transmissão (RT), nos últimos sete dias, chegou a 1,59. Significa que para cada grupo de 100 pessoas infectadas, outras 159 podem contrair o vírus em contado próximo, sem distanciamento social.
Para que seja achatada a curva de crescimento, o ideal seria que essa taxa permanecesse por um longo período abaixo de 1,0. “A situação é extremamente grave e a doença não discrimina ninguém”, alerta Andréa Cabral, que reitera o apelo para que todos engajem nesse enfrentamento ao vírus, que não escolhe raça nem classe social para infectar.
Convênios
Se o atendimento pelo SUS vive situação de colapso, a situação não é diferente no atendimento supletivo, que só dispõe de 40% de leitos no HNSD, o restante é exclusivo para pacientes do sistema único de saúde. “Todos os segmentos da sociedade precisam colaborar”, diz ela.
Portanto, não é hora de omissão. Os planos de saúde precisam participar mais efetivamente desse enfrentamento, inclusive disponibilizando atendimento virtual aos seus públicos, até como meio de não aumentar a procura por assistência hospitalar.
É o que tem feito a Unimed de Belo Horizonte, que criou o Telemonitoramento Diário – Consulta on-line Coronavírus.
Um exemplo a ser seguido pela Unimed de Itabira, que tem 14 mil usuários na cidade, como também pelo Pasa, com 20 mil usuários – de um total de 45 mil pessoas com plano de saúde em Itabira.
A obrigação de empregar todas as armas nesse enfrentamento não é só dos Estados e municípios, mas também da iniciativa privada, enquanto se espera a imunização de todos os públicos-alvos para a economia voltar a aquecer e voltar à “normalidade”.