Sindicalista vê risco de demissão com turno de 11 horas nas minas de Itabira. Vale diz que mudança só ocorre por acordo coletivo

Para o presidente do sindicato Metabase, André Viana, a proposta de mudança do turno de revezamento de 6 horas para 11 horas, como quer a mineradora Vale para as minas de Itabira, é casuística –  e pode acarretar perda de direito trabalhista.

Ele vê na proposta uma manobra que faz o trabalhador acreditar, passivamente, que se trata de uma vantagem, quando na verdade pode representar prejuízos para a categoria, inclusive com risco de demissões.

Além disso, de acordo com o sindicalista, a Vale apresenta a mudança como sendo um novo regime de 11 horas, mas que na prática passa a ser de 13h, caso seja efetivada. “Tem uma hora para a refeição, além do horário em trânsito”, contabiliza André Viana.

A proposta é considerada casuística também por acenar, com a mudança, com reajuste de 20% dos salários, além de 15% de adicional noturno, pelo prazo de seis meses. “É uma forma de tornar a proposta mais palatável, fazendo crer que é vantajosa financeiramente para o trabalhador.”

Mobilização

Sindicalistas advertem para o risco de demissão e perda de direito trabalhista com a proposta de mudança no turno de revezamento (Fotos: Reprodução e Carlos Cruz)

O sindicalista adverte para o risco de a proposta permanecer após a pandemia. “O sindicato convoca os trabalhadores a resistirem a essa mudança, que de temporária pode virar definitiva, com perda de uma conquista constitucional, que é o regime de turno de revezamento de 6 horas.”

Com essa pregação, a diretoria do Metabase tem alertado os empregados da Vale, desde maio, em panfletagem nas portarias das minas e outros meios de comunicação.

“A Vale apresenta como justificativa para a mudança o alto índice de absenteísmo, por ter afastado vários trabalhadores dos grupos de risco”, conta o sindicalista. “Diz ainda que a produção está em queda.”

Saúde e segurança

Para André Viana, além da perda de direito conquistado, a mudança pode resultar em risco à saúde e à segurança do empregado. “A qualidade do sono é prejudicada, principalmente dos que trabalham à noite.”

Como consequência, diz que os índices de acidentes tendem a aumentar, principalmente nas operações nas minas. “É um serviço monótono em caminhões e equipamentos fora-de-estrada.”

Além disso, o sindicalista alega que com a mudança o empregado da Vale irá comprometer a sua vida social. “O trabalhador acaba ficando mais tempo na empresa, sem tempo para a família, para ir à escola, praticar esporte e para o lazer”, acrescenta.

E como possível consequência ainda mais grave, ele relaciona o risco de ocorrer demissões após a pandemia. “Se a mudança virar permanente, é grande o risco de a Vale acabar com uma ‘letra’ (no plano de cargo e salários da mineradora). Se isso ocorrer, haverá demissão de trabalhadores”, alerta.

Nova escala

 Em nota encaminhada a este site, A Vale esclarece que o turno de 11 horas já é adotado há anos em várias de suas operações, com “os mais altos índices de satisfação entre os empregados”.

“Nenhum sindicato pediu alteração dessa jornada nas localidades onde foi adotada. A empresa reforça que esse turno só pode ser adotado por acordo coletivo de trabalho”, enfatiza.

Anteriormente, a assessoria de imprensa havia informado que o turno de 11 horas assegura dois dias de folga a cada dois trabalhados. “Muitos empregados estão pedindo essa mudança.”

Pandemia

O presidente do Metabase reconhece que a empresa, após a atuação do Ministério Público do Trabalho, ampliou as medidas profiláticas e de contenção da disseminação do novo coronavírus entre os empregados e terceirizados que permanecem em seus postos de trabalhos nas minas e demais operações da Vale em Itabira.

“Existe agora um controle maior. Já são mais de 700 empregados em casa, do grupo de risco, enquanto outros são afastados sempre que testados positivos”, informa André Viana. “A testagem continua de acordo com o cronograma apresentado pela empresa.”

 

 

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1 Comentário

  1. Uma amiga de Itabira me diz que o vereador André Viana é dos mais atuantes na câmara…. Pode ser, dado que a câmara atual é de péssimo gosto. Mas não é um sindicalista confiável porque é bolsonarista o que significa que defende o poder da Milicia., portanto uma negação da luta dos trabalhadores.

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