Sinal de alerta – Retransmissão de vírus sobe em Itabira e aumenta o risco de retrocesso para a onda Vermelha

Mesmo com a informação de que a pandemia se estabilizou no estado, Minas Gerais já registra 185.062 casos confirmados nesta quinta-feira (20), sendo que 3.904 pessoas foram testadas positivas nas últimas 24 horas. Isso enquanto sobe para 4.543 o número de mortos, até esta data, com registro de 107 óbitos de ontem para hoje.

Minas Gerais  tem estabilização da pandemia em platô elevado

Os indicadores são claros, e mostram a força da pandemia no estado, por mais que se tenha a falsa impressão de que o pior já passou.

Diferentemente do que tem afirmado o governador Romeu Zema (Novo), o risco de contaminação ainda é alto.

E o estado está longe de atingir a imunidade de rebanho, que Zema, no início da pandemia, considerava imprescindível para o vírus perder força.

Em Belo Horizonte, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) também cede às pressões e reabre vários setores do comércio na capital mineira, ainda que restringindo o funcionamento.  Mas Kalil admite que pode retroagir nas medidas de flexibilização, caso piorem os indicadores da disseminação do vírus.

Já Itabira continua na aparente tranquilidade, o que passa a sensação de que a pandemia já foi debelada. Não foi, como se observa pelo índice médio de retransmissão (RT) da doença por pessoa infectada. Nos últimos sete dias, subiu para 1.05, sendo que na semana passada estava em 0.9.

Ritmo de retransmissão subiu na última semana, um indicador que pode levar ao retrocesso

Na semana em que Itabira aderiu ao programa Minas Consciente, o RT estava próximo do limite, o que, se ultrapassado, levaria o município para a onda Vermelha, com todas as restrições consequentes.

Pelos indicadores, RT entre 1.2 e 1.6 é de alto risco. Se passar de 1.6 e chegar próximo a 2.0, o retrocesso pode se tornar inevitável.

Tranquilidade enganosa

Novos casos confirmados em Itabira se mantêm em ritmo crescente

Em Itabira, muitos ainda acreditam que pandemia não tenha chegado com força na região. Ledo engano, embora seja mesmo pequeno o número de óbitos por Covid-19, se comparado com outras cidades de igual porte.

De acordo com o Boletim Covid-19 de Monitoramento Semanal, divulgado nessa quarta-feira (19), Itabira registrou 1.756 casos confirmados até segunda-feira, com seis pacientes internados. A boa notícia é que dos pacientes testados positivos, 1.554 já estão recuperados.

Itabira registra “apenas” sete óbitos por Covid-19, o que reforça a impressão de que a doença não tem sido tão letal. Ainda não foi apresentada uma explicação para essa baixa letalidade se confrontada com a situação encontrada em municípios vizinhos.

Ipatinga, por exemplo, já registra 6.837 casos confirmados, com 140 óbitos, de acordo com boletim epidemiológico divulgado nessa quarta-feira.

A baixa letalidade e o pequeno número de pacientes internados com Covid-19 em Itabira podem ter várias explicações. Uma delas, e que ainda não está sendo considerada pelas autoridades de saúde local, é a tal de imunidade cruzada.

Essa hipótese considera a imunidade adquirida em comunidades que já tiveram contatos sucessivos com outros coronavírus – e que os moradores tenham sido vacinados em massa contra o vírus H1N1, por exemplo. Leia mais aqui e aqui.

Mas pode ser também que os 40 dias de isolamento, no início da pandemia, em março, com o fechamento das atividades não essenciais, tenham surtido o efeito esperado, contendo o avanço da doença no município. Essa é a hipótese mais aceita pelas autoridades de saúde local.

Com o aumento do índice de retransmissão na cidade, o que ocorre com a reabertura econômica e flexibilização das medidas restritivas, o mais aconselhável é não se descuidar das metidas protetivas, com o uso de máscaras, assim como lavar constantemente as mãos

Tudo isso além de restringir ao máximo os contados sociais, evitando-se sair às ruas, o que deve ser feito somente para necessidades inadiáveis.

Relações perigosas

O ideal é ter taxa de isolamento acima de 50%

Frequentar bares, mesmo com as restrições, é um risco que deve ser evitado. Isso por mais que não se tenha aglomeração, a proximidade dos frequentadores é inevitável.

E esse contato próximo é perigoso em um ambiente de muita conversa e salivas que se espalham pelo ar – e que podem conter o novo coronavírus, ainda que o vetor possa estar assintomático.

De acordo com o boletim semanal, 66% das pessoas testadas positivas em Itabira não apresentam sintomas característicos da doença.

O que preocupa também é o maior número de pessoas jovens infectadas, geralmente sem sintomas. A incidência é maior na faixa entre 20 e 59 anos, com registro de 1.406 pessoas testadas positivas no município.

Desses, 70% são homens, que geralmente se cuidam menos, negligenciam com os cuidados profiláticos – e saem mais de casa.

Dos casos confirmados em Itabira, “apenas” 74 pessoas têm idade acima de 60 anos. Trata-se de um indicativo de que os idosos estão se cuidando mais, ficando em casa para não contrair o vírus que é mais mortal nessa faixa etária.

A taxa de isolamento social em Itabira é de apenas 39%. Segundo as autoridades em saúde, o ideal é que estivesse acima de 50%. Com a flexibilização, esse índice dificilmente será alcançado.

Sendo assim, diminui a chance de o município avançar para a onda Verde pelo programa Minas Consciente, mesmo tendo taxa de ocupação hospitalar relativamente baixa. O risco de retrocesso nas medidas de flexibilização não pode ser descartado como possibilidade real.

A taxa de ocupação hospitalar caiu em Itabira: 31,78, considerando também as internações nas enfermarias e UTIs

 

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