Serra dos Alves teve um final de semana sem água em muitas residências e pousadas com esgoto ainda correndo a céu aberto
Fotos: Eduardo Cruz
Saae investe em captação e reservação de água no povoado, mas informa que ainda faltam pequenos ajustes para não mais faltar o necessário e imprescindível recurso no subdistrito de Senhora do Carmo
Um dos pontos turísticos mais visitados de Itabira, o povoado Serra do Alves, no distrito de Senhora do Carmo, teve mais um fim de semana sem água, mesmo tendo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) instalado uma nova rede de abastecimento, além de triplicar a capacidade de reservação de 20 mil para 60 mil litros.
Uma moradora, que pede para não ser identificada, contou que a nova rede, em alguns pontos, foi mal dimensionada, tendo ficado quase na superfície, rompendo com a passagem de veículos, o que certamente contribuiu para a falta de água em algumas residências.
“Além da falta constante de água, moradores e proprietários de casas de aluguel, pousadas e comércios da vila estão amargando sucessivos prejuízos, tendo que dispensar clientes e negar futuras reservas em pleno período de férias escolares, época de maior fluxo de turistas ao local”, relata essa mesma moradora.
“E ainda tem esgoto escorrendo a céu aberto, poluindo o ambiente e ameaçando o rio Tanque com contaminação”, denuncia outro morador na condição do anonimato e que enviou fotos à redação.
Distribuição de biodigestores
A moradora diz que houve discriminação na distribuição e instalação de novas fossas sépticas biodigestores, sendo que duas pousadas receberam o equipamento, enquanto outras ficaram de fora dessa melhoria, que é considerada fundamental para acabar com esgoto vazando de fossas mal dimensionadas e ou com uso incorreto.
O presidente do Saae, Carlos “Cac” Carmelo Torres Bahia, reconhece que ocorreram instalações de fossas com biodigestores em pousadas pela administração anterior da autarquia, mas que essa melhoria foi suspensa, até que um grupo de trabalho, constituído por servidores do Saae e da Prefeitura, estabeleça as normas para a instalação ou não de biodigestores em pousadas e em demais estabelecimentos comerciais.
“Se não for mais permitido, o grupo definirá também como o município será ressarcido no caso em que foram instalados biodigestores em estabelecimentos comerciais.”
Cac não confirma, mas o mais provável é que a instalação de fossas com biodigestores tenha continuidade nas pousadas e em casas comerciais que ainda não receberam o equipamento. A justificativa certamente será por assegurar um tratamento uniforme dos efluentes no povoado, possibilitando mais controle para que deixem de correr a céu aberto, sem poluir os cursos d’água, com o tratamento de todos efluentes no povoado.
“As instalações de biodigestores realizadas pelo Saae são tarifadas e foram disponibilizados a todas as propriedades unifamiliares”, explica o presidente do Saae.
Ainda segundo ele, os moradores antigos do povoado que não têm condições financeiras para pagar a taxa de esgoto e pela água, ficam isentos desse pagamento, de acordo com o projeto Viver Melhor no Campo, desenvolvido pela Prefeitura de Itabira.
“Todos que tiverem interesse (na instalação de fossas com biodigestores) devem fazer um cadastro, já disponibilizado pelo Instituto Bromélia. Nesse documento, os moradores informam se necessitam de ligação de água e tratamento de esgoto, lembrando que esses serviços são tarifados”.
Fossa séptica biodigestora trata o esgoto por meio de bactérias anaeróbicas, decompondo os resíduos em componentes mais simples, devolvendo ao solo e ao meio ambiente uma água tratada, que não oferece risco de contaminação para a natureza, desde que operados na forma correta. É uma solução eficiente para zonas rurais e bairros periféricos.
Outras medidas necessárias
Os moradores e proprietários de estabelecimentos foram orientados pelo Saae a separar as instalações hidráulicas de águas negras (sanitário) e cinzas (pia, ralo, efluentes de cozinha). As águas cinzas não devem ser direcionadas para o biodigestor, sendo enviadas para uma caixa de gordura, seguido de sumidouro.
Sobre o vazamento de esgoto em uma das ruas do povoado, segundo o Saae, se deve ao uso incorreto do biodigestor. “No ano passado, em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a propriedade foi notificada pelo Saae a respeito do uso incorreto do biodigestor para que seja feita a correção.”
Ao assumir os serviços de saneamento em Serra dos Alves, o Saae distribuiu cartilhas à comunidade sobre como proceder para que os biodigestores tenham funcionamento correto. “Ações de educação ambiental e outras vistorias estão programadas para ocorrer durante o ano”, adianta o presidente do Saae.
Novo sistema de abastecimento de água vai conviver com o antigo até 13 de agosto
Com investimento de R$ 700 mil, um novo sistema de abastecimento de água foi instalado pelo Saae na Serra dos Alves em junho deste ano, com captação de uma nascente, como já vinha ocorrendo anteriormente, agora com uma maior vazão.
Para chegar às torneiras das residências, a água passará por um tratamento simplificado, por uma filtragem simples e desinfecção com clorador de pastilha. A capacidade de reservação no povoado saltou de 20 mil litros para 60 mil.
A antiga rede ainda não foi desativada, com os moradores dispondo das duas redes até 13 de agosto, data em que, após concluídos os ajustes e correções finais na nova rede, a antiga será desativada, quando o fornecimento de água tratada na comunidade será realizado somente pela nova rede de distribuição.
Os moradores têm até essa data para providenciar a transição dos ramais internos de abastecimento de água da rede antiga para a nova rede. Essa alteração, do hidrômetro até a caixa d’água de cada residência, é de responsabilidade do usuário do novo serviço público de abastecimento no povoado.
A nova rede tem cerca de 1,5 mil metros de extensão, levando a água da nascente até os reservatórios. Daí para as residências, será utilizada uma rede já existente, construída pela administração passada juntamente com uma Estação de Tratamento de Água (ETA), que não chegou a entrar em operação. “Essa rede está sendo revisada e ampliada”, informa o presidente do Saae.
cadê o dinheiro do empréstimo com a Caixa Federal para a eliminação de esgotos a céu aberto?