Se é carnaval com pandemia, recomendo ouvir samba de raiz

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Daniel Cruz*

Como é Carnaval, e ainda estamos em pandemia, resolvi fazer uma pequena publicação com alguns sambas clássicos para se ouvir em casa.

São 5 sambas clássicos.

Ou seja, sambas antigos, naquele estilo anterior à revolução que a bossa nova fez. Muito antes de Chico, de Zeca, e até de Clara Nunes.

Não estou me referindo a samba enredo. Aqui é a raiz do samba.

Separei aqui os sambas raiz que mais me marcaram quando ouvi pela primeira vez.

Não é uma lista dos melhores, nem dos mais famosos. Apenas os meus preferidos.

1- O mundo é um moinho – Cartola

Essa joia da música brasileira tem uma letra tão dura quanto poética. “O mundo é um moinho vai triturar teus sonhos tão mesquinhos vai reduzir as ilusões a pó”.

Dizem que a letra foi feita quando a enteada do Cartola começou a se prostituir. “Em cada esquina cai um pouco sua vida e em pouco tempo não serás mais o que és”.

2- Rosa – Pixinguinha

A música foi composta por Pixinguinha, um dos nossos maiores maestros, e apenas anos depois ganhou letra. Uma letra complexa e erudita, rebuscada, mas super sensível.

Até hoje não se sabe quem realmente fez a letra, a principal crença é que foi feita por Octávio de Souza, um poeta e mecânico.

3- Último desejo – Noel Rosa

Este samba é de uma beleza sensível, e me marcou muito porque o conheci pelo filme sobre o Noel.

Noel Rosa morreu cedo, vítima de tuberculose, e antes de se despedir da amada fez esse último pedido. Vale a pena conferir.

4- Nervos de aço – Lupicínio Rodrigues

Lupi, para os íntimos, é um dos gênios do samba. Provavelmente você já ouviu “Volta” ou “Felicidade” que são mais famosas.

Mas, em “Nervos de Aço” você verá o verdadeiro Lupicínio que viu sua mulher em um bar com outro homem. A maioria das canções dele tem esse trauma presente.

Uma curiosidade inútil: Lupicínio é o autor do hino do Grêmio.

5- Rugas – Nelson Cavaquinho

Não é sua música mais famosa, nem perto disso. Porém, mesmo sem a fama de “juízo final” aqui ele me conquistou.

O verso “se eu for pensar muito na vida morro cedo, amor” e “não choro para ninguém me ver sofrer” são singelos, simples e profundos. Recomendo.

*Daniel Cruz Fonseca é advogado, mestre em Direito nas relações econômicas e sociais, e poeta, autor dos livros “Nuvens Reais” e “Alma Riscada”.

 

 

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2 Comentários

  1. alguém ainda há que explicar o que é samba de raiz.
    dizer que o samba de Noel Rosa, Cartola, Nelson Sargento, Paulinho da Viola é samba de raiz, e quanto mais, é um crime contra o samba. contra a cultura brasileira no mundo

    se o samba é samba
    e querem classificá-lo como samba de raiz, então o que será o samba hoje, o dos anos digamos, de 1970 a 2022?

    acho uma grande bobagem, um crime linguístico contra uma das nossas melhores linhas musicais.

    desde que o samba é samba, permanece como samba.

  2. Oi Marcelo, tudo bom?
    Qualquer subclassificação de gêneros musicais é problemática. Pessoas usam diferentes conceitos sobre um mesmo termo.
    O Samba de Faca, samba original nas canções de escravos, o choro derivado da valsa, samba enredo, partido alto, samba carioca e samba Paulista, etc.
    Definir cada termo é sempre perder um significado.
    Aqui, por ser uma coluna livre, eu não queria trazer prejuízo para nossa cultura. Pelo contrário, queria espalhar o samba da primeira metade do século passado e que muita gente esqueceu. O samba anterior a isso é difícil de encontrar gravações por isso que comumente esse é o chamado Samba Raiz. Concordo que o termo não é o melhor, sugere outro?
    Obrigado pelo comentário!

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