Robôs disparam mensagens falsas vinculando a ministra Gleisi Hoffmann ao escândalo do INSS

Foto: José Cruz/
Agência Brasil

Campanha de desinformação tenta associar a ministra à crise no INSS após suspensão de deputado bolsonarista Gilvan da Federal (PL-ES) por seis meses, devido a quebra de decoro parlamentar

Uma onda de desinformação tomou conta das redes sociais nos últimos dias, com mensagens falsas tentando vincular a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, à recente crise no INSS. A estratégia é impulsionada por robôs no WhatsApp – recicla notícias antigas e vídeos descontextualizados para sugerir um envolvimento da ministra em esquemas de corrupção, sem qualquer base factual.

O aumento dos disparos de fake news ocorreu um dia após a Mesa Diretora da Câmara recomendar a suspensão do mandato do deputado Gilvan da Federal (PL-ES) por seis meses, devido a quebra de decoro parlamentar.

O parlamentar é aquele que protagonizou um bate-boca na Comissão de Segurança Pública da Câmara, quando usou palavras ofensivas contra Gleisi Hoffmann e outros membros do Partido dos Trabalhadores.

A Mesa Diretora considerou que suas declarações excederam o direito constitucional à liberdade de expressão, configurando abuso das prerrogativas parlamentares.

Prática comum

A disseminação de fake news por meio de robôs é uma prática comum entre grupos bolsonaristas, que frequentemente utilizam essa estratégia para atacar adversários políticos e influenciar o debate público.

No caso de Gleisi Hoffmann, além das mensagens falsas, um vídeo antigo de 2017, onde a ministra é hostilizada dentro de um avião, foi compartilhado como se fosse atual, reforçando a narrativa enganosa.

Investigação em curso

Enquanto isso, a crise no INSS segue sendo investigada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, após a revelação de um esquema bilionário de fraudes, que levou à saída do então ministro Carlos Lupi.

A Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF e pela CGU, revelou que entidades sindicais e associativas firmaram Acordos de Cooperação Técnica com o INSS para incluir mensalidades nas aposentadorias sem o consentimento dos beneficiários.

O esquema teria causado um prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. A investigação resultou no afastamento de cinco servidores e na demissão do ex-presidente do INSS Alessandro Antônio Stefanutto, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Carlos Lupi, que inicialmente tentou preservar Stefanutto no cargo, acabou sendo pressionado politicamente e apresentou sua carta de demissão ao presidente Lula em 2 de maio de 2025. Em seu comunicado, Lupi afirmou que seu nome não foi citado nas investigações, mas reconheceu que houve demora na adoção de medidas para apurar as irregularidades.

O governo nomeou Wolney Queiroz, então secretário-executivo da Previdência, para assumir o ministério e conduzir a reestruturação do INSS. A crise expôs fragilidades na gestão previdenciária e gerou indignação entre aposentados e pensionistas, que foram vítimas dos descontos indevidos.

Ministra não é investigada

A ministra Gleisi Hoffmann não tem qualquer envolvimento nas irregularidades. Ao contrário, ela desempenhou um papel essencial na gestão da crise do INSS ao liderar a articulação política para a escolha do novo ministro da Previdência Social e do novo presidente do instituto. Sua atuação foi decisiva para reorganizar a estrutura do órgão e assim buscar o restabelecimento na confiança na administração previdenciária.

O episódio reforça a importância de checar as informações, buscando verificar fontes confiáveis antes de dar crédito a informações que circulam nas redes sociais. Especialistas alertam que campanhas de desinformação comprometem o debate democrático e distorcem percepções públicas, levando a decisões políticas fundamentadas em falsidades – um grave atentado à integridade da democracia.

 

 

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