Revitalização do centro histórico e restauro do antigo sobrado do HNSD é promessa recorrente de Marco Antônio Lage

Fotos: Carlos Cruz

O prefeito Marco Antônio Lage (PSB), ao utilizar a tribuna da Câmara Municipal de Itabira na abertura do ano legislativo, na terça-feira (4), reiterou o pedido de apoio aos vereadores para o projeto de revitalização do centro histórico de Itabira. Ele já havia mencionado o projeto em uma coletiva de imprensa realizada em 26 de dezembro do ano passado. O projeto será submetido à Câmara ainda este ano para apreciação, discussão e votação.

“O projeto de requalificação do nosso centro histórico virá para esta Casa Legislativa e vai depender muito do esforço do executivo e da consciência do legislativo. Recentemente, tivemos mais um episódio de um casarão demolido devido à irresponsabilidade empresarial. Respeito muito os empresários imobiliários da nossa cidade, mas precisamos criar mecanismos de defesa para preservar o nosso centro histórico”, afirmou o prefeito.

Marco Antonio promete dar início ao restauro do casarão do HNSD com com o fim das chuvas e enviar projeto à Câmara de revitalização do centro histórico

Lage ressaltou a necessidade de recuperar os casarões e promover a requalificação urbana e a reocupação do centro histórico, destacando a importância do debate entre os vereadores sobre esses temas que são cruciais tanto para a memória quanto para o desenvolvimento turístico da cidade.

Disse ainda que, assim que terminar o período chuvoso, dará início ao restauro do casarão do antigo Hospital Nossa Senhora das Dores, na Rua Major Paulo, incluindo a retirada de asfalto sobre o calçamento nas rampas da praça atrás do Museu de Itabira, onde foi instalado o jardim e a escultura do escritor Cornélio Penna, bem como do adro da igrejinha do Rosário.

Calçamento

Na praça ao fundo do Museu de Itabira está o jardim de Cornélio Penna com a sua escultura: revitalização com retirada do asfalto da calçada é necessária

Mas antes, é urgente, ainda neste período chuvoso, reassentar as pedras de minério de ferro da rua Major Paulo. Isso se deve ao fato de que, após uma intervenção do Saae na rede pluvial da rua, onde parte do calçamento foi removido, o reassentamento das pedras não foi realizado de forma eficiente e adequada pela autarquia.

Com as pedras soltas, muitas estão se perdendo, levadas por pessoas como lembrança da cidade que um dia teve o seu centro histórico pavimentado com pedras de hematita, uma exclusividade itabirana, hoje mais uma perda incomparável.

Pedras de minério de ferro na rua Major Paulo estão se soltando e precisam ser reassentadas, restaurando as condições originais

Recorrência

A promessa do prefeito de restaurar o sobrado do antigo HNSD tem sido recorrente. Em uma live, em 29 de abril de 2021, Lage disse que o restauro do casarão do HNSD seria prioridade em seu primeiro mandato. Não foi.

O único restauro realizado pela administração passada foi da capela de São José, no povoado Serra dos Alves, distrito de Senhora do Carmo, aprovado pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico de Itabira (Comphai) ainda na administração do ex-prefeito Ronaldo Magalhães (2017-20), mas só executado na administração de Marco Antônio Lage.

O casarão do HNSD é o único entre os imóveis tombados como patrimônio municipal que ainda necessita de reforma, depois de ter ficado de fora, pelo seu alto custo, da relação dos imóveis históricos que foram restaurados pela administração de Magalhães Lage

Ao fundo o casarão onde viveu escritor João Camilo de Oliveira Tôrres, ainda desocupado

Todas essas as restaurações – incluindo a reconstrução da casinha da Rua do Bongue e a reforma de outros casarões na rua Tiradentes e na rua Santana, foram executadas pela Prefeitura por força de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) firmados com o Ministério Público de Minas Gerais, curadoria do Patrimônio Histórico.

A Prefeitura restaurou também o sobrado da família do escritor João Camilo de Oliveira Tôrres, mesmo tendo os herdeiros do espólio recursos financeiros.

Restaurações privadas

Casarão do antigo Armazem Sampaio foi restaurado pelos seus proprietários e permanece fechado. Ao fundo outro casarão restaurdo pelo proprietário, onde viveu padre Olímpio, em frente ao casarão de Tutu Caramujo, tio-avô de Marcone Ferreira (1952-2024)

 

Na mesma ocasião, foi também restaurado o antigo Armazém Sampaio pelos proprietários, herdeiros do espólio de José Sampaio, em cumprimento de um TAC do MPMG. No sobrado, no século passado existia o armazém Sampaio, uma das mais importantes casas do comércio varejista da cidade – e que também vendia armas de fogo.

Pertence ao espólio do comerciante, irmão de Aloísio Sampaio. O sobrado ficou por muitos anos abandonado, com vazamentos no telhado. Por pouco, tombava ao chão. Restaurado, falta agora dar uma destinação nobre ao sobrado.

Destaque também para o restauro do casarão pertencente ao empresário José Luiz Jardim Mariano, depois de assinar um TAC com o MPMG – e assim cumpriu seu dever de proprietário de um casarão histórico tombado pela municipalidade.

Outro casarão restaurado pelo proprietário, ao lado do sobrado de Tutu Caramujo e em frente à casa onde morou padre Olímpio: históricos

Mãos à obra

“A administração passada restaurou vários casarões, mas, infelizmente, ficou para trás o restauro do antigo Hospital Nossa Senhora das Dores”, lamentou o prefeito Marco Antônio Lage (PSB), em sua live no início de seu primeiro mandato, durante a celebração dos 50 anos de criação do Museu de Itabira, idealizado pelo historiador e memorialista, professor José Sampaio (1898/75). “Vamos restaurá-lo”, prometeu naquela ocasião.

O restauro e a revitalização de todo o centro histórico de Itabira, incluindo o cabeamento subterrâneo da rede elétrica, são promessas antigas do prefeito que ainda não foram realizadas. Espera-se que essas obras sejam iniciadas já no começo de seu segundo mandato.”

Desde o governo de Li Guerra, ouve-se em Itabira essa promessa de substituir a atual rede elétrica por fiação subterrânea no centro histórico. Marco Antônio prometeu em 2020, ainda antes de ser prefeito, realizar essa obra com patrocínio da Cemig, ainda como ex-diretor de Marketing da estatal de energia elétrica.

A expectativa é que agora as promessas de restauro do antigo sobrado do HNSD, assim como a restauração com a revitalização do centro histórico de Itabira se tornem realidade.

Revitalização do centro histórico deve incluir o restauro da calçada de minério de ferro na rua Princesa Isabel retirando as pedras de granito

Recursos

Porém, para isso, ressalta o prefeito, ainda é preciso captar recursos, para não depender apenas do ICMS cultural que o município recebe, insuficiente para o empreendimento histórico e cultural dessa envergadura.

“Estamos elaborando projeto para captar recursos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e de outros fundos para revitalizar todo o centro histórico, um projeto que custará cerca de R$ 50 milhões”, avalia o prefeito.

“É um projeto vigoroso, que esperamos contar com a participação da Vale e da Cemig, por meio de leis de incentivo. Estamos discutindo, com a requalificação urbanística, também uma nova política de ocupação desses imóveis pelos proprietários ou com a aquisição de alguns pela prefeitura”, afirmou o prefeito na coletiva de imprensa em dezembro do ano passado.

“Será uma forma de valorizar o patrimônio histórico e arquitetônico de nossa cidade, incrementando o turismo e a economia local”, é a aposta que faz Marco Antônio Lage. “Vamos avaliar, inclusive com os moradores, o retorno de calçadas de minério em alguns trechos da rua Tiradentes.”

Para esse restauro das calçadas históricas, ele espera contar com o apoio da Vale, que adquiriu, na segunda administração de Daniel de Grisolia (1957-70), as hematitas que davam originalidade ao centro histórico de Itabira, quando a prefeitura quitou dívida com a mineradora.

Leia aqui: Não foi só a alma que Itabira vendeu para a Vale, mas também o calçamento de hematita do centro histórico

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