Revelação de que Pazuello autorizou compra da vacina Davati constrange líder do governo

Rafael Jasovich*

O depoimento de Cristiano Carvalho, representante da Davati, caiu como uma bomba no Senado, e deixou o líder do governo constrangido, após uma série de revelações sobre as negociações com a Davati.

Pois foi isso mesmo que aconteceu: o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), disse durante a sessão de sexta-feira (16) na CPI da Covid que ficou constrangido com as tratativas entre os integrantes do Ministério da Saúde e a Davati, após a revelação de que o general Eduardo Pazuello autorizou compra da vacina inexistente.

Durante o depoimento de Cristiano Carvalho ficou claro que houve pedido de propina, a intermediação de outros elementos que receberiam “um comissionamento”, além do que já se sabia.

No mesmo depoimento foram também citados o reverendo Amilton Gomes de Paula, que preside a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, uma entidade privada, além do coronel Hélcio Bruno, do Instituto Força Brasil, uma ONG ligada ao presidente.

Além da principal revelação do dia, no depoimento Cristiano Carvalho revelou que outro representante da Davati, Júlio Adriano de Caron e Silva, chegou a ter uma proposta sua inserida no sistema de compra do Ministério da Saúde e que essa negociação teria sido autorizada pelo então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

“Gostaria de fazer um adendo: além de mim, existe outro representante no Brasil, um deles, inclusive, mandou proposta da Davati diretamente para Pazuello, quando era ministro. O nome dele é Julio Adriano de Caron e Silva. Inclusive, tem processo de compra no Ministério da Saúde”, afirmou Carvalho à CPI da Covid-19.

O fato não passou despercebido por quem assistiu ao depoimento. É que por outro motivo, o depoente apresentou o documento que comprova a negociação. “Foi iniciado [processo de compra]. Ele [Julio Adriano Silva] estava negociando simultaneamente  sem meu conhecimento”, acrescentou

Raposa velha como é o líder do governo, ele já percebeu que não há mais como defender o indefensável e que a narrativa criada de que não houve corrupção caiu por terra. Bezerra tenta agora tirar o corpo fora e pular fora do barco que já está à deriva só esperando o momento de afundar.

Após essas revelações, o líder do governo disse em alto e bom som “Eu estou realmente, digamos assim, constrangido com os diálogos que estão sendo aqui mostrados”.

Não existem mais dúvidas que o governo Bolsonaro chafurda na lama da corrupção.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado

No destaque, o general e ex-ministro Eduardo Pazuello (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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