Retrato do Cauê

Por Arp Procópio de Carvalho

Acervo: Cristina Silveira

És de Itabira o pavilhão amado,

Estandarte soberbo, milenario,

Pela natureza aí desfraldo.

Oh! Cauê, picaro agreste solitario.

 

Eu tenho pena de ti, Cauê coitado!

Pois sabendo-te mudo, estacionário

Todos poetastros de todo o calado,

Fazem de ti, seu tema, seu rimario.

 

Pois eu também sou poeta incipiente,

Quero dizer-te a verdade cinicamente:

Eu todo o dia esboço o teu retrato.

 

De ti lembrando com saudade (é fato)

Sempre quando (duas vezes, diariamente)

Eu tenho fome e posso encher o prato…

 

Jornal de Itabira, 25 de junho de 1933

 

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