Retocando a imagem. Vale garante: o fim é depois
Deu no jornal O Cometa Itabirano, edição de novembro de 1991. Como foi previsto já naquela época, o fim agora está próximo. E não foi por falta de aviso
Por Carlos Cruz
O presidente da Vale do Rio Doce, Wilson Brumer, afirmou em entrevista no escritório da estatal nesta cidade, que o minério de Itabira é economicamente viável por mais 45 a 50 anos. “Não sei de onde veio a preocupação de que a Vale está abandonando Itabira. Isso seria uma burrice empresarial, com toda infraestrutura e todo investimento aplicado”, disse.
Segundo ele, esta preocupação surgiu com as últimas demissões, “que foram necessárias para tornar a empresa mais competitiva” – e que ocorreram em todo o país onde a Vale atua. “O setor estatal ficou muito pesado”, justificou.
O presidente da Vale garantiu que o processo de enxugamento do quadro de funcionários chegou ao fim. “Um programa como esse deve ser feito de uma só vez, para não provocar um clima de insatisfação e insegurança”, explicou, aplicando uma das sugestões de Maquiavel ao Príncipe, ao sugerir que a maldade, quando necessária, deve ser aplicada de uma só vez.
Wilson Brumer esteve em Itabira no último dia 1º, depois de participar em Belo Horizonte da primeira assembleia da Usiminas, após a sua privatização. Ele veio acompanhado do secretário de Estado de Minas e Energia, André Rico Vicente, e do deputado federal Maurício Campos (PL).
Em audiência individual com os prefeitos de Itabira, Santa Maria e Itambé do Mato Dentro, Brumer recebeu as reivindicações de recursos provenientes da Reserva de Desenvolvimento da Zona do Rio Doce (RDZRD).
De acordo com a nova orientação da Vale, é preciso buscar uma maior aproximação da empresa com as comunidades onde vem operando. “Não adianta ser a maior, se a comunidade a vê como inimiga e não como parceira”, disse Brumer na mesma entrevista.
Ele acredita que com a privatização da Usiminas, assim como o término das obras do ramal ferroviário de Costa Lacerda, que será inaugurado ainda neste ano, serão criados na região inúmeros polos de desenvolvimento. “Uma grande siderurgia sempre atrai novos empreendimentos”, afirmou, otimista com a medida do governo ao privatizar a ex-estatal do aço.
Brumer acredita que as lideranças municipais precisam aproveitar melhor as oportunidades que vem surgindo. E criticou a ausência de projetos de vulto entre os que foram até então apresentados à empresa Vale. “Muitas vezes faltam às lideranças empresariais e políticas uma certa coordenação para que a diversificação aconteça”, disse, lembrando que hoje existe em Itabira a Agência de Desenvolvimento, convênio Vale com a Acita e a Prefeitura.
Para ele, essa agência deve desempenhar o papel de coordenação do processo de desenvolvimento local. “A nossa capacidade de imaginar soluções para Itabira é limitada. Cabe à comunidade apresentar ideias”, finalizou.
(Foto: Luar ao rejeito, de Fernando Gonçalves/Acervo: O Cometa)
Em tempo
Quando é que Fábio Schvartsman, presidente da Vale, virá a Itabira?
A propósito do fim do minério, anunciado para 2028, quando é que o atual presidente da Vale, Fábio Schvartsman, virá a Itabira para anunciar oficialmente que o fim do minério está próximo e quais medidas serão adotadas para que dê tudo certo com o descomissionamento de suas minas no município? Desde que tomou posse, em 22 de maio de 2017, Schvartsman ainda não visitou Itabira. Ou se veio ficou só na mina.
O último presidente da Vale a visitar Itabira foi Roger Agnelli (1959/2016). Ele aqui esteve pela última vez em fevereiro de 2006 para um encontro sobre segurança no trabalho com empregados do complexo minerador. Na mesma visita Agnelli se reuniu também com prefeitos da região, quando repetiu declaração semelhante a que fez o ex-presidente Wilson Brumer 15 anos antes:
“Uma empresa vitoriosa como a Vale tem sempre que se relacionar bem com as comunidades, cuidar do meio ambiente e da segurança de seus empregados. Temos que reconhecer que não somos donos da verdade. Sempre há espaço para que melhorias aconteçam. E quem constrói esse diálogo no dia a dia são vocês, nossos gerentes e empregados da Vale”, salientou, conforme registrou o jornal Vale Notícias.
A visita de Fábio Schvartsman a Itabira é aguardada com grande expectativa para este ano. Será uma oportunidade para lideranças e moradores ouvirem o que o presidente da maior multinacional de minério de ferro do mundo tem a dizer a respeito desse crucial tema que é o descomissionamento de suas minas já tão próximo.
Quem sabe será enfim conhecido o que a grande empresa irá apresentar para assegurar o futuro sustentável do município, onde a exploração em larga escala de minério de ferro no país teve início na grande mina, em junho de 1942.
A grande foto: rejeito ao luar. Para mim é a grande fotografia na parede.
O SENAC no processo de diversificação e de novas oportunidades nas ofertas de cursos de capacitação em nível Superior, saiu na frente ao criar MBA em Gestão de Projetos e Relações Humanos e ampliou para outros cursos da área de Exatas.
Fiz essa observação para que a minha linha de raciocínio coadune com as observações dos presidentes da empresa Vale, que sempre teceram críticas contudentes aos dirigentes da Maquina Administrativas do Poder Público, que não souberam apresentar propostas a altura das necessidades do município de Itabira.
O resultado se traduz na falta de projetos de relevância que induziase a empresa a participar dando sua parcela de contribuição para o crescimento e desenvolvimento de Itabira.
É bom lembrar que nessa releitura crítica, a Câmara Mmunicipal tem total responsabilidade pela irresponsabilidade nas reuniões com empresa, pois, não me recordo nos últimos 30 anos de o legislativo, apresentar projetos que pudéssemos nos orgulhar pela magnitude de obras desenvolvimentistas.
Por fim, voltando ao Senac, não seria o caso de essa turma formada em Gestão de Projetos, debruçasse na elaboração de projetos capazes de alavancar o desenvolvimento econômico de Itabira?
Embora cada um dos formandos tivesse uma característica distinta, um balão de ensaio poderia ter rendido bons frutos, digo, projetos de peso, ao município.
Lamentavelmente, nada foi feito de concreto.
José Norberto, Produtor Cultura