Patrimônio histórico – Restaurar uns, sim. Todos é muita loucura
Marcelo Procopio* (de Belo Horizonte)
-Só porque é antigo não significa que tem de ficar de pé.
Era maio de 2015
— a casa do santeiro Alfredo Duval quase tombou ao chão, ainda que tombada fosse pelo Patrimônio histórico e arquitetônico da cidade, para começar a ser restaurada
Havia verba para tal, inclusive a fatia que cabia a Itabira de ICMS por preservação da história material (devia ser imaterial também, ou é?).
– A casa do Santeiro está pronta. Não sei se já começou a deteriorar. Não há manutenção preventiva programada: essa política não existe na cabeça dos governantes de Itabira.
Exemplos não faltam. Teve que a Igrejinha de NS do Rosário dos Pretos, do sec 18, quase cair novamente para que fossem iniciadas as obras de restauração. Agora, há poucos dias.
– Quantas restaurações já fizeram só na Igrejinha?
E fico sabendo por Mauro Andrade Moura que a Casa de Drummond, no Largo do Centenário, também já começou a gritar por socorro. Já?!?
Jà a restauração do belo casarão onde funcionou o Hospital (nossa senhora!, são tantas as nossas senhoras que até esqueço) continua vagarosamente parada.
Mas não há porque preservar toda edificação antiga que suportou as intempéries.E sobrevive. É preciso que haja importância estética, aquitetônica, histórica e artística.
Ficar chorando por casarios “barrocos bobos: barro e tocos” é proselitismo furado. Desnecessário.
Demagogia barata.
Itabira tem seu centro histórico a ser preservado. Redescoberto e reveleado à cidade por Li, definido como prioridade por Jackson, ex-prefeitos.
Uma área pequena e bela. Basta isso para mostrar a Itabira nascida sem nome em 1705.
E claro que existem edificações mais, digamos, contemporâneas, que deveriam entrar no rol de uma política de preservação/conservação. Mas não diga ‘o meu é’ ou ‘aquele ali é’. É preciso fazer um estudo sério dos imóveis, da região, da história do lugar.
Vou dar só um exemplo contemporâneo: a Pracinha do Pará e sua Escola Major Lage são necessários como eternidade, já a casa de Dona Iá Sampaio não era, apesar de bela.
— Repetindo: só porque é antigo não significa que tem de ficar de pé.
*Marcelo Procopio, jornalista, editor de O Cometa
Muito além disso tudo, Marcelo, temos uma Fundação Cultural que não preza o patrimônio que administra e muito menos o nome que carrega ao ponto deste mesmo nome (o do Poeta) transparecer um fardo insuportável.
Vejamos, a Fundação Cultural leva anualmente do orçamento municipal 1% e, pelo visto, não consta no mesmo o encargo da manutenção dos espaços que administra, principalmente os tombados pelo COMPHAI.
A última manutenção do Memorial Drummond (novamente o Poeta) foi em 2007, aquilo lá está um verdadeiro transtorno.
A Fazenda do Pontal (aí retorna o Poeta) tem o elevador que não funciona há dez anos.
A Casa do Brás, que tristeza apesar da música, menospreza o artista fotógrafo mal homenageado e ainda se dá o luxo de deixar o chafariz tombado ao chão, literalmente.
A Casa de Drummond (coitado do Poeta), a última tinta que levou na fachada e de 2004, depois somente chuva para lavá-la. Sem contar que quase boa parte do andar superior está interditada.
E o Teatro Municipal (não precisa nem repetir o nome do nosso Poeta, coitado), concluída a obra do mesmo ainda em 1983, nunca mais teve uma manutenção de vulto, a não ser uma pintura tosca na fachada e o fechamento do térreo do mesmo.
Tudo isto é uma tristeza interminável, mas como dói…
tô contigo, Mauro.
Se não tem política cultural nem patrimonial nem de turismo, é porque quem está e os que estiveram à frente (todos, sem exceção, mesmo os mais intelectualizados) conseguiram criar essas políticas.
Não tendo, não há como realizar.
Não tendo, não há como ter público.
Não tendo, não há como atrair forasteiros culturais.
E por aí vai, como dizia Lucio Sampaio ao terminar uma fala de alguma coisa qualquer.