Republicanos no racha pau pós Donald John Trump

Veladimir Romano*

E o antigo presidente Donald John Trump (1946), ainda mexe, complicando, confunde, ofende, como vai acabando com o que resta de um velho, histórico e participativo partido da política norte-americana.

Se fala que, numa alternativa ao vírus, Trump, é pior, segundo sondagem da revista “Time”. Pois agora, várias organizações das redes sociais cortaram acesso ao ex-presidente, daí que vontade não lhe falta para criar sua própria companhia digital.

Mas fácil nunca será pelo aporte financeiro necessário, contratação de especialistas, e sobretudo, pela criação de mercado. Dessa forma, mesmo sendo Trump um bilionário, mas com as suas empresas à beira da falência, neste momento ele não tem crédito facilitado enquanto suas dívidas aumentam.

Com mês de junho agitado no epicentro político norte-americano, mais de uma centena de membros do Republican Party [Partido Republicano], vem angariando assinaturas na hora em que se observa o absoluto abandono ao PR, algo inacreditável mesmo quando se observa que a decomposição do partido já acontece há algum tempo.

Vem desde quando havia começado com as suas sujas estratégias sujas, suicidas, completamente fora de qualquer princípio recomendado pela boa prática política. Mas é preciso entender como uma só pessoa conseguiu em tão pouco tempo desestruturar infraestruturas partidárias, credibilidade, história e caráter figurado de um dos organismos fundadores da nação ianque.

Consultando o nosso velho calendário, descobrimos que em 1806, quando o presidente Thomas Jefferson (1743-1826) entrou de racha contra caducos congressistas do Estado da Virgínia [onde a escravidão se manteve além das reformas, segregação racial do movimento Ku Klux Klan, aumentando seus aderentes no Alabama], ocorreram vários acontecimentos que estabeleceram o lado maior dos Conservadores [inventando o Tea Party] dentro da barriga do Partido Republicano.

Foi assim que marcaram páginas negacionistas que perduram nos dias contemporâneos, agora aderentes aos princípios “trumpistas”, o que procuram alimentar numa completa loucura anunciada.

Puxando pelas iniciativas favorecendo uma nova destituição ao ex-presidente, Liz Cheney (1966), a terceira pessoa mais importante deste partido [filha do antigo secretário Dick Cheney (1941) nos governos de Richard Nixon: 1969-74, depois George W. Bush: 2001-2009], puxando na Câmara dos Representantes com senadores e congressistas, condenam Donald Trump, na tabela, também influindo na terceira Câmara Baixa do Congresso.

Em vistas está o novo processo e, da salada absurda, tornando bastante perturbador o interior da vida partidária dos Republicanos, o que não anda fácil.

Para piorar o assunto, a Pew Research Politics [www.pewresearch.org], fechou o mês abrindo inquéritos sobre tanta confusão reinante dessa herança envenenada do anterior presidente herdada por Joe Biden, com sondagens dizendo que, entre simpatizantes Republicanos, 78% acham inevitável uma separação desses membros contestantes abrindo fendas dentro do Partido Republicano.

Já em outro estudo de avaliação, mas na opinião dos aderentes aos Democratas, consideram em 85%, como este adversário de muitos anos, acaba-se “separando”, o que é muito natural. Pode surgir daí um “novo partido”.

Contudo, demitir, limitar ou mesmo exterminar Donald John Trump do evento político parece ser o objetivo principal ou essencial duma boa maioria de norte-americanos, incluindo gente que inicialmente o acompanhou acreditando nas falsas promessas de um Judas sem religião.

A missiva dos cem políticos ainda inclui governadores, embaixadores, secretários estaduais, funcionários administrativos dos estados onde o Partido Republicano domina, legisladores e congressistas.

Estão todos envolvidos numa tremendo racha pau contra o destituído presidente acusado de ser “lunático, portador de uma inexplicável irracionalidade e séria incapacidade de governar, falso, dominador”.

E que contraria todos os princípios marcadamente vinculados desde a fundação do Republican Party onde a nação começou sua independência e se fundou como nova República.

Pois olhando para o futuro, o povo norte-americano vai acompanhando esse filme ingrato, amplamente perturbador, arrependido de quanta aventura e afronta internacional: resta saber como irão acabar tantos processos em tribunal contra o desditado ex-presidente.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano

No destaque, os fundadores da Constituição norte-americana em quadro fixado numa das grandes salas do Capitólio.

 

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1 Comentário

  1. Seria interessante a fragmentação do Partido Republicano da América do Norte, pois assim criariam um partido mais à direita e talvez até mesmo um partido fascista.

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