Queiroga sobe no telhado e pode ser demitido por Bolsonaro ou pedir para sair

Foto: Divulgação

Portaria do Ministério da Saúde defendendo o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 contraria Queiroga para quem tratamento não tem eficácia

Rafael Jasovich*

Rumores no Ministério da Saúde dão conta de que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, está na mira do presidente Jair Bolsonaro (PL) e que sua demissão – que seria a quarta na Saúde desde o início da pandemia de covid-19 – seria uma questão de tempo.

De acordo com informações, essa possibilidade gerou preocupação nesta quarta-feira (26) nos corredores do ministério.

A razão seria a portaria do Secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, defendendo o uso da cloroquina no tratamento da covid-19 e desqualificando as vacinas.

A postura do ministro da Saúde que, na segunda-feira (24), afirmou que a hidroxicloroquina não possui eficácia comprovada contra a covid-19 e o que vale é a vacinação, indo na contramão da portaria, teria desagradado Bolsonaro – um notório defensor do medicamento sem nenhuma eficácia contra a covid-19 – desgastando sua relação com Queiroga.

O presidente mantém sua atitude perversa e contraindica a vacina, única solução contra a pandemia. Além disso, o capitão aprova e faz propaganda de tratamento inócuo criando confusão e propaganda enganosa para a população.

A demora do ministro da Saúde, em tirar do ar a nota técnica 002/2022 – que de técnica nada tem – aprovando a cloroquina como tratamento e que tem resultados maiores do que a das vacinas, é reveladora da falta de pulso do titular da pasta mais importante em tempos de combate à pandemia.

Queiroga desgastou-se à toa com seus pares médicos por se equilibrar na corda bamba da política anticientífica do presidente. E mesmo depois de o ministro ter dito que o chamado kit covid não tinha eficácia, a nota em defesa da cloroquina e outras drogas seguiram lá, alvo de críticas da comunidade médica.

A nova nota mantém o mesmo teor e gerou ações ao STF do Partido Verde, sendo que o ministro Lewandowski deu cinco dias para o ministério se explicar.

Em resumo ou Queiroga aceita as diretrizes do capitão e continua subserviente para manter o cargo ou continua em trajetória de colisão e será demitido ou ele pedirá o boné.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional. 

 

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