Promotora diz que simulado é momento de aprendizagem para o autossalvamento em caso de ruptura de barragem
“Foi preciso que ocorressem duas tragédias humanas, trabalhistas e ambientais, em Mariana e Brumadinho, para enfim a Vale e a Defesa Civil realizarem um simulado de rompimento de barragens em Itabira”, afirmou o vereador André Viana Madeira (Podemos), após a explanação da promotora Giuliana Fonoff sobre as auditorias nas barragens, nessa terça-feira (13), na Câmara Municipal.
O vereador considera que o simulado de autossalvamento, ou salve-se quem puder, está atrasado pelo menos 19 anos. “Esse treinamento está previsto na LOC (Licença de Operação Corretiva), aprovada em 2000”, acentuou o vereador e sindicalista, presidente do Sindicato Metabase de Itabira.
Para a promotora Giuliana Fonoff, o treinamento simulado, agendado para sábado (17), servirá para verificar os acertos dos Planos de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBMs), que ainda não foram publicados on line para amplo conhecimento público. E que também será útil para apontar o que precisa ser corrigido, além de ser um momento de aprendizagem para o autossalvamento, em caso de ruptura de uma das barragens da Vale.
“Com o simulado, vamos saber o que funcionou e o que precisa ser melhorado. Isso vai demandar um trabalho contínuo”, disse a promotora. “Itabira precisa entender que estamos cercados de barragens. De nada adianta a Vale parar as suas atividades na cidade que as barragens continuam, mesmo que venham a reaproveitar parte dos rejeitos ou descomissionar as estruturas.”
Remoção de moradores
A promotora informou aos vereadores que o Ministério Público está avaliando o que trata a condicionante de número 46 da LOC, que prevê a remoção de moradores em situação de riscos diversos, como é o caso de rompimento de barragem.
O cumprimento dessa condicionante é reivindicado pelo Comitê Popular dos Atingidos pela Mineração em Itabira e Região. E será avaliado também pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a ser instalada na Câmara, cuja relatoria deve ser assumida pelo vereador André Viana.
Fonoff, porém, adiantou aos vereadores que, pelo menos no momento, com os dados que dispõe, ela não vê necessidade de remoção dos moradores. ”Temos a legislação que fala da zona de autossalvamento e como lidar com isso”, relacionou a promotora.
“É mais fácil garantir uma maior segurança dessas estruturas, muito além do que determina a legislação brasileira, do que remover cerca de 20 mil pessoas que estão nas áreas de autossalvamento”, defendeu Giuliana Fonoff .
Promotora; se tem tanta segurança e acha que é simples assim! Vamos trocar de morada?
Uma promotora que defende a desnecessidade de remoção de quem mora na Zona de Morte das barragens deveria fazer duas coisas, pelo menos: morar embaixo de qualquer uma delas e trocar o MPMG pela assessoria jurídica da Vale.
Que vergonha!