Presidente quer transformar a Seleção Brasileira em novo braço do bolsonarismo e tirar Tite do comando

Rafael Jasovich*

Jair Bolsonaro deu ordens para que seu governo trate a Copa América 2021 como “questão de honra”, informa neste domingo (6) o jornal espanhol As.

Segundo a publicação, o presidente está disposto a tratar a Seleção Brasileira como um novo braço do bolsonarismo, a ponto de ele se movimentar nos bastidores para forçar a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) a demitir o técnico Tite.

O objetivo de Bolsonaro é colocar no cargo alguém alinhado com sua ideologia política. O nome favorito é o de Renato Gaúcho, que deixou o Grêmio recentemente.

Para pressionar a CBF, aliados de Bolsonaro fazem campanha nas redes sociais desde sexta-feira (4) contra o atual treinador e divulgam imagens dele ao lado do ex-presidente Lula (PT), com a hashtag #ForaTite.

A campanha inclui fake news, como insinuar que Tite é contra a realização do torneio no Brasil não pela pandemia, mas por Bolsonaro. Mas, nesse duelo, o elenco fecha com Tite. Jogadores e comissão técnica preparam um manifesto sobre a Copa América.

“Não podemos falar do assunto, mas todos sabem nosso posicionamento. O Tite deixou claro o que pensamos”, disse Casemiro na sexta-feira, após o jogo entre Brasil e Equador pelas Eliminatórias da Copa-2022. “Falo em nome de todos os jogadores, com Tite e comissão técnica. É unânime.”

Com saída de Caboclo, jogadores da Seleção vão disputar a Copa América.

Os jogadores e a comissão técnica da Seleção Brasileira decidiram jogar a Copa América 2011, que será realizada no Brasil a partir de 13 junho. Embora a preferência inicial do elenco fosse pelo boicote ao evento, pesou na decisão a humilhante saída de Rogério Caboclo da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O dirigente foi afastado do cargo por 30 dias após ser acusado de assédio sexual por sua secretária.

Apesar do recuo, os jogadores, com apoio do técnico Tite, devem divulgar um manifesto contrário à realização do torneio no País em pleno recrudescimento da pandemia de Covid-19.

O texto pode ser divulgado após o jogo das Eliminatórias da Copa-2022 contra o Paraguai, nesta terça-feira (8). Mas não há consenso – parte dos jogadores defende a divulgação do manifesto já nesta segunda (7).

Desde o anúncio da Conmebol de que a Copa América seria disputada no Brasil, depois de ter sido rejeitada pela Argentina e a Colômbia, os jogadores se rebelaram.

A declaração de Casemiro reflete o descontentamento dos atletas e da comissão técnica sobre o evento, deixando subentendido que o grupo é contrário à realização do torneio.

Mas por pressão de Bolsonaro, devem retroceder. A cova América expandirá ainda mais o ciclo genocida da política governamental.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional

 

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