Prefeito de Itabira destaca avanços e planos para a cultura, que não vão se restringir a grandes eventos

No destaque, Drummond expõe no Memorial o seu grito poético em defesa da Mata Atlântica, em outubro de 2021

Foto: Carlos Cruz

Marco Antônio Lage (PSB), prefeito de Itabira, compartilhou recentemente, em coletiva de imprensa no dia 26, na sala de reuniões do renovado Paço Municipal Juscelino Kubistchek, uma visão otimista e abrangente sobre o futuro cultural do município de Itabira.

Segundo ele, Itabira tem realizado uma média de 11 festivais anuais de diferentes portes, abrangendo desde eventos literários até a revitalização do pré-Carnaval.

Mas o prefeito não está satisfeito com a política cultural que estava em curso, tanto que substituiu o ex-superintendente Marcos Alcântara pela historiadora, ex-diretora do Museu de Itabira, Vanessa Faria, para gerir a Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA).

Lage quer mudanças profundas na gestão da cultura na cidade, que precisa dispor de uma política que contemple todas as áreas do fazer cultural, inclusive com ênfase nos chamados corpos estáveis (orquestra de Câmara, que precisa ser nutrida por novos músicos formados pela Escola Livre de Música, Coral idem, Drummonzinhos que precisam deixar de ser meros recitadores de poemas).

Ele entende que é preciso também investir na abertura e consolidação de novos espaços culturais, sobretudo nos bairros, descentralizando e democratizando o fazer cultural. “A cultura deve ser promovida de maneira contínua e sustentável”, sublinhou o prefeito, que revelou planos ambiciosos para o seu novo mandato que se inicia.

Flitabira em 2022, quando ainda acontecia na Praça do Centenário, mudando-se de lugar por ingerência clerical indevida em um espaço laico (Foto: Carlos Cruz)

Produção local e intercâmbio cultural

Nesse novo desenho para a cultura local apresentada pelo prefeito, os festivais serão a culminação desses movimentos artísticos já existentes e a serem criados nas comunidades urbanas e rurais. “Queremos que os festivais consagrem os movimentos culturais que se iniciam nas escolas, nas comunidades e se estendem pelo município”, afirmou Lage.

Para isso, o prefeito enfatizou a importância de estimular a produção cultural local, promovendo eventos que vão desde exposições de longa duração na Casa de Drummond, como também passando por espaços existentes e a criar nos bairros, inclusive com uso de leis de incentivo para fortalecer o patrimônio cultural e o fazer artístico no município.

Cultura tropeira no Festival de Violas, no 21º aniversário do Museu do Tropeiro, em Ipoema (Foto: Divulgação/Ascom/PMI)

De acordo com o prefeito, o investimento no Fundo Municipal de Cultura será aumentado, com o objetivo de alinhar os editais aos movimentos culturais locais. Com isso, ele acredita que os grupos teatrais e outros artistas da cidade podem se preparar com mais eficácia para os festivais futuros. “Podemos ter encontros entre grandes artistas nacionais, como Fernanda Montenegro, com talentos locais, criando um ambiente de intercâmbio cultural rico e produtivo.”

O prefeito também destacou outras iniciativas, como a promoção de exposições permanentes nos espaços de cultura da cidade, que também podem ser apoiadas por leis de incentivo. São ações que, segundo ele, fazem parte de uma “pauta diversificada que busca discutir e implementar melhorias em todas as áreas da cultura ao longo do ano”.

Orquestra de Câmara da FCCDA se apresenta no MIMO, festival que precisa retornar a Itabira, sob patrocínio da Vale (Foto: Gustavo Linhares)

Reformulação

Com a reformulação pretendida na área cultural, Marco Antônio já não tem tanta convicção da necessidade de se criar uma nova pasta para Cultura, como estava prevista na reforma administrativa. A proposta, que havia sido rejeitada pelos vereadores da legislatura passada, está sendo reavaliada.

Segundo ele, as atribuições que seriam da nova pasta da Cultura podem ser exercidas pela FCCDA, sem prejuízos da administração e promoção do legado drummondiano no município, incluindo todos os equipamentos, hoje dispersos em secretarias diferentes.

Ariella Torres no Festival de Inverno de 2022; apoio ao artista local vai continuar, inclusive com o Fundo Municipal de Cultura (Foto: Ascom/PMI)

Atualmente, o Museu de Itabira está sob a gestão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, assim como o Museu do Tropeiro, em Ipoema. Isso, enquanto a Casa de Drummond está vinculada à FCCDA. “São equipamentos com o mesmo propósito e objetivos, então não faz sentido mantê-los separados”, afirmou o prefeito.

A proposta é que a FCCDA cresça em escopo e atuação, cuidando de todos os equipamentos culturais da cidade. “A fundação deve cuidar da obra drummondiana, mas vamos ampliar sua atuação para ver se essa governança funciona”, disse Lage. “A necessidade de criar a Secretaria de Cultura (Secult) será estudada conforme avaliarmos a eficácia da fundação sob nova gestão.”

O turismo, por sua vez, permanecerá na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, aproveitando-se das iniciativas culturais para atrair turistas e criar novas oportunidades de emprego e renda no município.

Carnaval

Bloco Altamente é sucesso no pré-Carnaval itabirano que vem crescendo ano a ano

Para a festa momesca que se aproxima, o prefeito disse que a estratégia é manter e ampliar a descentralização, promovendo o pré-Carnaval, que vem ganhando força na cidade , assim como o tríduo momesco em comunidades distintas, em vez de concentrar tudo na avenida Mauro Ribeiro, como acontecia em um passado já distante.

Segundo o prefeito, a descentralização carnavalesca já tem trazido resultados notáveis. “Houve uma redução significativa da violência, promovendo maior pertencimento e alegria entre os moradores.”

Tudo isso faz parte da proposta de ter uma Itabira inclusiva e participativa, integrando os movimentos culturais com a busca de novas alternativas para a cidade, que precisa se livrar da extrema dependência da mineração.

“Vamos preparar Itabira para um futuro vibrante e inclusivo, onde a cultura desempenha um papel central no bem-estar da comunidade”, projeta, otimista, o prefeito, que tem quatro anos para transformar essas palavras em ação.

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2 Comentários

  1. Ficou claro que o senhor Prefeito compreende os conceitos: fazer e entretenimento cultural. Se trocar ideia com a Cacá Amoroso, entenderá ainda mais.
    E deve colocar no devido lugar o festival internacional Flitabira (“internacional de bruxelas”), regozijo do neo liberalismo da maldita mineradora Vale.

    O Centro Cultural de Itabira é o cartão de visitas da FCCDA, portanto é preciso restaurar a fachada do prédio ícone, devolver a real arquitetura e estabelecer lei que impeça que tamanho ignomínia se repita.

    Outra ignomínia na cultura é a estátua de uma santa no Poço da Água Santa. Cidade sem lei em que qualquer um faz o que lhe dá na telha na paisagem da cidade?
    Tenho dito e tô zuada

  2. Antes tínhamos o edital da Lei Drummond todos os anos. Nos últimos anos não tenho visto. Quantos editais da Lei Drummond foram lançados na administração passada de Marco Antônio Lage, alguém sabe me informar?

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