Pitacos da rodada esportiva
Luiz Linhares*
Favoritismo existe, mas jogo só se decide no gramado com a bola rolando
No domingo de Páscoa nada de coelhinho. Foi um domingo do Galo que, com méritos, venceu o clássico. Tirou a invencibilidade do rival na disputa estadual e por muito pouco não acabou com o campeonato. Falo acabar por ter conseguido uma vantagem de três gols no primeiro tempo e por ter criado, no mínimo, duas excelentes chances não concretizadas pela participação ativa do goleiro Fábio. E tudo isso ocorreu antes de levar o gol de honra. Nesse pensamento com certeza seria uma vantagem um tanto quanto exagerada para se buscar a reversão.
Com certeza, nem o mais apaixonado atleticano apostava no que acabou acontecendo ontem no Horto, no clássico mineiro. A partida vinha acontecendo com paridade entre as partes. De uma hora para outra se alavancou pelo lado atleticano. Como uma metralhadora, em nove minutos fez seus três gols com seu centroavante Ricardo Oliveira por duas vezes e o volante Adilson. Um super apagão defensivo que mudou toda a história da disputa.
Há coisas que não têm muito mistério. Muitos dizem que fulano é um cara de sorte, mas se o cara não fizer algo em favor da sorte nada acontece. No futebol, existe favoritismo, mas aquele detentor tem que jogar, mostrar serviço. Falo isso para exemplificar um pouco o desenho que tinha desses jogos finais do nosso campeonato. Entendo que o Cruzeiro, por ter tido com Mano Menezes um tempo maior de arrumação, montagem, e também uma campanha mais equilibrada, não havia perdido até então por esses motivos.
Pois é, mas com a bola rolando o que se viu no primeiro jogo foi um Atlético elétrico, sabedor de suas forças, empurrado por sua apaixonada torcida. Correspondeu em campo na luta, com bom equilíbrio, antenado no jogo – e em uma tarde iluminada para alguns atletas. Foi assim que a diferença se fez presente. O Galo jogou, o rival vacilou e tomou o primeiro gol. Tentou assimilar o golpe e levou o segundo, sendo o terceiro consequência dos dois primeiros. Tudo mudou, como o torcedor alvinegro tem dito, com exemplos recorrentes: “treino é treino, jogo é jogo”. Ou, “quando tá valendo, o Galo joga”.
Pura verdade. O Atlético fez por merecer. Ganhou na bola, aproveitou a fragilidade do jogo aéreo dos defensores cruzeirenses. Tomou a vantagem do adversário. E agora, pode perder por um gol de diferença no Mineirão que é campeão. Ao Cruzeiro resta vencer por dois gols de vantagem para ser campeão. Porém, com Victor no gol, Adilson no desarme, Otero na criação (de seus pés saíram os três gols) e Ricardo Oliveira na definição, convenhamos, não vai ser fácil. Esses jogadores foram para mim os destaques do vencedor.
Do outro lado, mais uma vez estou com o goleiro Fábio, do Cruzeiro destaque do time azul. Se não fosse por ele, com certeza estaria o Cruzeiro obrigado a fazer uma vitória com diferença de uns quatro gols. Simplificando, sem o Fábio, o campeonato teria acabado nesse domingo de Páscoa.
Os cartolas do Cruzeiro não têm como atribuir a derrota à arbitragem. No clássico, o árbitro goiano Dewson Freitas foi bem. Se errou foi por economizar cartões amarelos que poderiam tirar um ou outro jogador do segundo jogo. Mas nada relevante, acho.
O meio de semana tem o Cruzeiro contra o Vasco no Mineirão, pela Libertadores. E o Atlético no Independência contra o Ferroviário, do Ceará, pela Copa do Brasil. Nada fácil para nenhum dos dois. Ambos têm que vencer pois são jogos importantes. Com certeza, somente na quinta-feira estarão pensando no que pode acontecer domingo, com cada time buscando a melhor estratégia para que o campeão possa dar a volta olímpica. Resta ao Cruzeiro fazer tudo o que não fez no Independência. E ao Atlético basta saber trabalhar a vantagem, sem se esquecer que a melhor defesa é o ataque.
Próximos jogos com Mineirão lotado
Não posso e não poderia deixar aqui de PARABENIZAR Atlético e Cruzeiro, por meio de seus novos presidentes, por terem chegado à conclusão e a um acordo que passa a valer no Campeonato Brasileiro, para que os jogos entre os dois times aconteçam no Mineirão e com torcida dividida.
Já era tempo. Vamos dar vez sim ao torcedor, à beleza do que é praticado por eles no palco do jogo. Será fantástico ver de novo o Mineirão lotado, com cruzeirenses e atleticanos se digladiando pela bola no gramado. E pelo grito, canto do torcedor.
*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-AM