Pesquisa detalha estratégias e desafios enfrentados por pessoas com síndrome de Down em Itabira
No destaque, a professora Lilian Pereira e o ex-vereador Hilton Magalhães, voluntários da associação Fada
Fotos: Jéssica Estefani/ Ascom/CMI
Convidados pelo vereador Júber Madeira Gomes (PSB), a professora Lilian Barros Campos Pereira e o ex-vereador Hilton Magalhães, voluntários da associação Família Down e Amigos (Fada), apresentaram na tribuna da Câmara Municipal, nessa terça-feira (8), um relatório detalhado sobre o perfil socioeconômico, as necessidades e as barreiras enfrentadas por pessoas com síndrome de Down no acesso a serviços públicos em Itabira.
Magalhães abriu sua participação destacando a evolução da associação Fada desde sua fundação, em 2016. “A associação Fada iniciou-se no meio de um grupo de pais com crianças com síndrome de Down, que viu a necessidade de se reunir, trocar experiências e aprender uns com os outros”, afirmou.
Ele ressaltou que a entidade, embora não seja institucionalizada, tem como objetivo ser vista pela sociedade e promover oportunidades para pessoas com síndrome de Down. “Eles têm todas as capacidades de trabalhar, namorar e conviver na sociedade como qualquer pessoa. Queremos oportunidade, respeito e condições para levar a demanda dessa comunidade”, declarou.
Diagnóstico

A professora Lilian Barros Campos Pereira, voluntária da associação e mãe de uma criança com síndrome de Down, discorreu sobre o diagnóstico com propostas para inclusão no mercado de trabalho e melhorias na qualidade de vida. A pesquisa foi realizada com apoio da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), campus de Itabira, como colaboração de instituições locais e famílias da cidade.
Ao abordar o tema da inclusão no mercado de trabalho, Lilian destacou as principais soluções apontadas pelos respondentes. Segundo ela, “50% das pessoas entrevistadas disseram que é importante ter políticas públicas de incentivo à inclusão no mercado de trabalho para as pessoas com síndrome de Down”.
Outras sugestões incluem incentivos fiscais para que empresas contratem pessoas com síndrome de Down e programas de capacitação tanto para as empresas quanto para as pessoas com síndrome de Down e suas famílias. Além disso, Lilian ressaltou que “77% das pessoas indicaram a necessidade de campanhas de conscientização para fomentar a contratação dessas pessoas”.
No que se refere à qualidade de vida, a pesquisa trouxe resultados positivos, que surpreenderam. É que 45% dos familiares entrevistados disseram que a qualidade de vida da pessoa com síndrome de Down é muito boa e 40% consideraram que é boa.”
Ainda assim, a professora destacou a importância de se ter políticas públicas em Itabira que facilitam a inclusão dessas pessoas e maior apoio social na integração e socialização.
A pesquisa revelou também a participação ativa de pessoas com síndrome de Down em eventos e atividades na cidade. “80% dessas pessoas participam de festas familiares, 55% frequentam igrejas, 50% praticam esportes e 40% se envolvem em eventos culturais e públicos”, apontou Lilian, destacando exemplos inspiradores como o coroinha Bernardo, o atleta medalhista Samuel e a jovem Ana Laura, que participa de eventos culturais.
No entanto, desafios importantes foram identificados. Dentre eles, Lilian Campos destacou a falta de programas governamentais específicos, falta de profissionais capacitados, alto custo de consultas e dificuldade de acesso a serviços especializados como barreiras significativas à inclusão social dessas pessoas.
“A falta de preparo e qualificação de profissionais para atender as pessoas com síndrome de Down é grande. Temos também necessidade de combater preconceitos e aumentar o conhecimento da sociedade sobre a condição”, ela enfatizou.
Ao final, a professora apresentou as principais recomendações dos participantes da pesquisa: “A implantação de programas governamentais, a melhoria da qualificação das escolas, a formação de profissionais das áreas de saúde e educação, e campanhas de conscientização sobre a síndrome de Down.”
Outras sugestões incluem “melhorar o acesso à saúde, reduzir custos de tratamentos, combater o preconceito e criar mais oportunidades no mercado de trabalho”, disse ela, reforçando o compromisso do grupo Fada. “Nosso intuito é trabalhar para que haja mais oportunidades, inclusão e garantia de direitos de saúde e educação para todas as crianças, independente da condição genética.”
Vereadores repercutem
Após a apresentação do diagnóstico socioeconômico e de acesso a serviços públicos para pessoas com síndrome de Down em Itabira, os vereadores salientaram a importância do levantamento e reforçaram o compromisso com a inclusão e a busca por políticas públicas.
O vereador Júber Madeira agradeceu aos voluntários pela apresentação e enfatizou a relevância dos dados apresentados. “Esse levantamento nos revela dados importantes para que a gente continue nessa luta, empenhados de fato na busca de políticas públicas e propostas que possam mudar essa realidade e esse retrato”, afirmou.
Ele também destacou o apoio de outros vereadores à causa. “Esse recorte nos potencializa para seguirmos em frente com o objetivo de ofertar condições melhores e políticas públicas eficientes”.
Já o vereador Bernardo Rosa (PSB) ressaltou a necessidade de inclusão e fez uma comparação internacional. “A Espanha teve a primeira deputada com síndrome de Down eleita em 2024, o que mostra o distanciamento entre nossa cultura e a daquele país.”
Ele também mencionou um projeto de lei em tramitação no Congresso Federal que pode instituir a educação especializada para pessoas com síndrome de Down. “Já existe a criação do professor de apoio em algumas escolas por analogia, e isso pode ser ampliado com emendas ao projeto de lei”, sugeriu.
Em seu pronunciamento, o vereador Rodrigo “Diguerê” Assis Silva (MDB) destacou a necessidade de formalizar pedidos à Secretaria Municipal de Educação para garantir o direito ao professor de apoio. “Vale a pena aos pais e ao grupo aprofundar as necessidades e fazer um requerimento formal, pois temos uma cidade com orçamento possível para realizar tais atos”, sugeriu.