Parque do Limoeiro arde em chamas com morte de animais silvestres e incêndio de mata nativa. “Nunca vi tanta destruição”, relata gerente
Tatu com filhote encontrados mortos pelo incêndio florestal: destruição e mortes sem precedentes
Foto: Lucas Fonseca
Crime sem castigo
Desde domingo (11), um grande incêndio vem causando destruição sem precedente no parque Estadual do Limoeiro, entre os distritos de Ipoema e Senhora do Carmo, no município de Itabira.
De acordo com o gerente da unidade de conservação, Alex Amaral, o fogo teve início em área de pastagem coberta com braquiária ressecada. O local fica no interior do parque, próximo de uma estrada vicinal que liga ao povoado de Laranjeiras.
Na virada para esta segunda-feira, mesmo com a atuação de uma grande força-tarefa de combate formada por brigadistas do parque, da Associação Mineira de Defesa Ambiental (Amda), bombeiros militares e com apoio da Prefeitura de Itabira, o incêndio florestal ainda estava fora de controle.
“O fogo já alcançou a mata nativa, com impacto destrutivo como nunca vi nesses nove anos que estou no parque, inaugurado há 11 anos”, relata Alex Amaral. “Antes tivemos pequenos focos de incêndio, mas que foram logo controlados.”
Com tristeza Amaral conta que já há registro de mortes de tatus, cobras, roedores, sem contar os ninhos e os ovos de pássaros destruídos pelo fogo. “Estamos entrando no período de reprodução com a primavera”, lamenta.
“Brigadistas viram uma raposa fugindo do fogo com muita dificuldade, mancando, com as patas queimadas”, acrescenta, com muita tristeza e pesar. Possivelmente, a raposa necessita de socorro. Mas a prioridade é controlar o incêndio florestal, antes que cause mais mortes e destruição, o que ainda não havia ocorrido até o início da tarde desta segunda-feira.
Vigiar e punir
Alex Amaral não sabe como foi que o fogo atingiu a área de pastagem, localizada no interior do parque. O que se sabe é que foi provocado, o fogo não surgiu de geração espontânea. Só não se sabe por quem.
“Pode ter sido provocado por um piromaníaco, ou por um toco de cigarro aceso jogado na área de pastagem seca, que fica próxima da estrada”, especula Amaral, conformando-se por saber que o incêndio não veio de queimada sem controle em propriedade vizinha, um risco que sempre preocupa a gerência do parque.
Como também sabe que não foi provocado por algum turista desavisado e ou irresponsável. “Onde o fogo teve início não é área de visitação. E o turista não tem histórico de destruição ou de provocar incêndio em área do parque”, assegura.
Biodiversidade destruída
Ainda envolvido no combate ao incêndio, Alex Amaral espera que os esforços dos brigadistas possam debelar o incêndio nas próximas horas e assim cessar as perdas ambientais e as mortes de animais, plantas e insetos.
“As cenas são fortes, são de chorar e cortar o coração diante de tamanha destruição”, relata Alex Amaral às pressas, pois teria que retornar ao necessário e urgente combate.
Com tanta destruição, a biodiversidade do parque fica prejudicada, com muitas perdas que podem ser irreversíveis, além das mortes já constatadas. “O animal ferido não consegue capturar a presa e morre de fome. O parque está todo cinza. É triste, desolador.”