Os Drummond de Itabira

Por José Tavares Drummond

Drummond da Hungria, da Escócia, da Ilha da Madeira e de Itabira do Mato Dentro (Comarca de Piracicaba)

O patriarca Carlos de Paula Andrade, em A mesa, de Yara Tupimanbá. No destaque, álbum de família: Drummond é o primeiro à esquerda (Foto: Brás Martins da Costa, em Retratos na Parede/Acervo Altamir Barros e Robinson Damasceno)

O autor se dispôs a árdua tarefa no campo da genealogia para situar no grande tronco da família os Drummond de Minas até chegar ao seu objetivo: o poeta Drummond.

“O primeiro cidadão na história que usou o nome Drummond, era natural da Hungria e pertencia a uma família de conquistadores e de príncipes. Mauritz, 1° senescal de Lennox é o 1° Drummond.

Mauritz era o comandante do navio que conduzia, da Inglaterra para a Hungria, o príncipe Edgar Atheling e sua família no ano de 1069. Sendo a embarcação arrojada às costas da Escócia, foram os náufragos recebidos pelo rei daquele país Malcolm III.

Maria Julieta, aos 4 anos (Foto: A Noite Ilustrada)

Casando-se o rei com Margarida, prima de Mauritz, recebeu este o posto de senescal hereditário de Lennox, doações em terras e o apelido de Drummond com um brasão de armas. Casou-se com uma das damas da rainha e faleceu em 1093, numa batalha.

Não se pode afirmar com segurança se o nome Drummond foi nome geográfico de um lugar, adotado pelos seus senhores, ou se foi o nome do primeiro que usou tal alcunha, transformada em sobrenome, usado e conservado pelos descendentes.

Há várias maneiras de explicar seu significado: DRUM – elevado, alto, forte, grande e violento e ONDE – a onda. Nome dado às tempestades marítimas: DRUM – altura e UND – a onda. Nome que se conferia aos almirantes ou chefes de embarcação ou empresas marítimas, porque DROMON, DROMONT ou DROMOND era o nome dado ao navio veloz.”

Da Escócia para Portugal

Carta de Dolores e Carlos para Maria Julieta

“João Escócio, que encabeça a descendência, nasceu na Escócia, cerca de 1390, faleceu na Ilha da Madeira (onde foi um dos primeiros moradores) entre 1460 e 1470. Deixou a Escócia em 1418 e seguiu para a França, Espanha e, mais tarde, Portugal, de onde passou para a Madeira, onde se radicou e foi proprietário na Vila de Santa Cruz.

Pelos nossos cálculos teria casado por volta de 1435 a primeira vez com Catarina Vaz de Lordelo e em segunda núpcias com Branca Afonso da Cunha, com quem teve 9 filhos.

É de se notar que, até a morte de João Escócio ou próximo a ela, todos ignoravam que ele pertencesse à família Drummond. Daí nenhum de seus filhos usarem este sobrenome.

Willian Drummond (Foto: Pasquim21)

Sentindo aproximar-se a morte, na presença do confessor e autoridades, da família e nobres para este fim convocados, declarou que era filho de sir John Drummond de Stobhall e de Cargil e de Lady Elisabeth Sinclair, pedindo que tudo avisassem a sua família na Escócia

O ramo mineiro da família Drummond, conhecido como os Drummond de Itabira, teve início no século XVIII, quando capitão Antônio Carvalho Drummond foi nomeado guarda-mór das terras de São Miguel de Antônio Dias, na comarca do Rio das Velhas. Viera da Ilha da Madeira, fixando-se em Minas Gerais.

Carlos, por Maria Julieta

Obteve carta de brasão de armas e fidalguia passada a 22 de maio de 1782, como neto em sétimo grau de d. João Escócio de Drummond, neto em sétimo grau do 5° morgado de São Gil, instituído em 1516, e sobrinho do morgado da Bemposta.

Adquiriu vasta propriedade agrícola em Itabira do Matto Dentro, denominada Fazenda Drummond, que legou aos seus descendentes, entre os quais se contam o desembargador João Batista de Carvalho Drummond, o coronel Cantídio Drummond, o barão de Drummond e o poeta Carlos Drummond de Andrade.” 

[A família Drummond no Brasil, José Tavares Drummond (Publicações do Colégio Brasileiro de Genealogia, 1969). Coleção: mcs]

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21 Comentários

  1. São Miguel de Antônio Dias, na comarca do Rio das Velhas, hoje a conhecemos como Rio Piracicaba. Foi ali que chegou o capitão Antônio Carvalho Drummond.

    O primeiro Drummond a chegar na região, também em São Miguel do Percicava, comumente conhecida hoje como Rio Piracicaba, foi o Manoel Teles de Meneses, neto de Francisca Escórcio Drumond, e oriundo do Funchal, Ilha da Madeira – Portugal, entre 1730 a 1750.
    Manuel Teles de Meneses era avô paterno de Maria Antônia Cândida de Jesus/Teles de Meneses, a qual era mulher do Major Lage.

  2. Esqueci-me de citar que Carlos Drummond de Andrade é mais uma vez Dummond também por essa linha, por ser trineto da Maria Antônia Cândida Teles de Meneses e Major Lage.
    Bem como os demais Drummond de Andrade de Itabira.

    1. Prezado Mauro Andrade Moura, no livro Uma forma de saudade: páginas de diário, organizado e publicado por Pedro Augusto Graña Drummond, neto de Carlos Drummond de Andrade, há uma entrada, datada de 1969 e intitulada “Nota genealógica”, em que CDA, após registrar que seus pais eram primos-irmãos, declara que, pelo lado Drummond, ele tinha os mesmos bisavós (João Antônio e Maria Manuela), trisavós (João Antônio e Ana Luisa) e tetravós (António e Inácia Micaela). Você saberia me dizer onde encontro mais informações sobre isso? Desde já gradeço.

      1. Olá, João Ivo.
        O Poeta também era grande genealogista e desenvolveu bem tanto pelo lado do pai quanto da mãe.
        Sim, os pais dele eram primos-primeiros (no direito canônico) e ele elaborou bem esse rascunho de genealogia.
        O que sei é o que consta no livro tema desse artigo, o livro do José Tavares Drumond.
        Saudações,
        Mauro

    1. Ingrid, possuo, em meio digital, os dois exemplares escritos por José Tavares Drummond. Os exemplares estão separados aqui em Belo Horizonte. Um se encontra na Biblioteca Luís Bessa, outro no arquivo público mineiro. O exemplar da biblioteca Luís Bessa, fotografei, o do APM, digitalizaram para mim. Terei enorme satisfação em enviar-lhe os arquivos que possuo. Basta informar como.

      1. Prezado Antônio Henrique Vieira Pimenta Drumond, estou fazendo uma pesquisa sobre a trajetória de Carlos Drummond de Andrade e tenho enorme interesse em consultar os dois fascículos do trabalho de José Tavares Drummond sobre A Família Drummond no Brasil, sobretudo o que trata do ramo mineiro. Haveria a possibilidade de ter acesso à versão digital a que você se refere acima? Desde já agradeço.

        1. Prezado João, terei enorme satisfação em disponibilizar os arquivos e contribuir modestamente com sua pesquisa. Desde já desculpo-me por não o ter respondido com celeridade, mas não recebi qualquer notificação sobre sua mensagem, e só a vi agora devido a uma casualidade. Meu e-mail é: drumond.antonio@gmail.com. Solicite pelo e-mail, por obséquio.

      2. Prezado Antônio Henrique.

        A respeito do Drummod com um M ou dois M é questão de detalhe mínimo.
        Os padres em Itabira batizavam com dois M e os padres de Ferros somente com um M e aí surtiu essa diferença.
        A outra foi no acordo ortográfico de 1937, que acho o Drummond ter participado dele, ocorreu uma simplificação na escrita e essas letras dobradas foram suprimidas, embora o Poeta continuasse a utilizar dois M.

        Entretanto, gostaria de ter acesso a essas duas edições digitalizadas dos livros do José Tavares Drumond.
        Sendo possível, fico agradecido.

        1. Antônio Henrique, meu nome é Gilcélio Vidal Drumond, neto de Antônio Casimiro Drumond que veio da região de Ferros, e gostaria de conhecer melhor história de nossa família e se possível gostaria imensamente de receber os livros por meio Digital ,desde já agradeço!

  3. Gostei imensamente das informações sobre o nome drummond ( meu avô por parte de mãe era José drummond de Figueiredo , de Minas Gerais ) Ppesquisa abrangente que se aprofundou em todos os dados à respeito da origens do nome e a história dos feitos e relações dos membros da família .PARABÉNS!! NOTA DEZ AO CUBO OBRIGADA Infelizmente o nome drummond parou na minha mãe . Era costume deixar o último e o do marido

    1. Jussara, sou Drumond (com um m mesmo) e Pimenta, no caso, um ramo da família Figueiredo (Pimenta de Figueiredo). Existe um livro que se chama “A verdade sobre o caluniado Barão de Catas Altas e a mina de Gongo Soco”, com uma extensa genealogia da família Figueiredo, que talvez possa lhe interessar.

      1. Saudações Jussara. Somos duplamente aparentados, pelo jeito. Possuo um exemplar desse livro, onde já verifiquei alguns erros, mas que me serviu para muitos esclarecimentos, e para impulsionar minhas leituras das obras do Agripa Vasconcelos, dentre elas, a interessantíssima Gongo Soco, que recomendo a todos. Alguns primos constam como tios, e coisinhas assim. Quanto ao exemplar que possuo da obra que você mencionou, está bastante avariada pelo mau armazenamento do antigo proprietário. Caso queira negociar a sua, deixarei meu e-mail, para que me informe. drumond.antonio@gmail.com. Grato por me informar. A propósito, terei enorme prazer em disponibilizar para você os arquivos que possuo sobre a família Drumond, caso tenha interesse.

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