Obras na Unifei são reiniciadas para consolidar projeto universitário de Itabira  

O campus da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) em Itabira foi instalado em 2008, com o primeiro vestibular sendo realizado em setembro daquele ano. Mas só se mudou para o Distrito Industrial Maria Casemira Andrade Lage (1828/1929), em 31 de outubro de 2001, quando se celebrou os 109 anos do nascimento do poeta Carlos Drummond de Andrade (1902/87).

A designação do distrito industrial II, onde o campus está instalado, é uma homenagem à pioneira empresária itabirana, dona da histórica fábrica de tecidos da Pedreira, que chegou a gerar mais de 100 empregos na cidade, principalmente mão de obra feminina (leia aqui).

Passados mais de dez anos da implantação do campus universitário, só agora a Prefeitura reinicia as obras para dar continuidade ao projeto universitário de Itabira, que tem na Unifei o seu carro-chefe. Com isso, abre caminho para se abrir cursos noturnos, conforme anuncia o seu diretor José Eugênio Lopes de Almeida.

Segundo ele, com a conclusão das obras dos três novos prédios, já em curso com o serviço de terraplanagem praticamente concluído, a intenção é obter junto ao Ministério da Educação (MEC) a aprovação de novos cursos – e que podem ser ministrados no período da noite.

Como se sabe, a instalação da Unifei em Itabira é um velho sonho de se ter uma universidade federal na cidade, pública e gratuita. Aliás, o ensino superior público e gratuito foi uma das principais bandeiras do histórico movimento estudantil na década de 1970.

Acabou sendo uma luta vitoriosa, ao contrário do que ocorreu no Chile, onde as universidades federais passaram a cobrar mensalidades de seus alunos. Para quem não sabe, o ensino superior público e gratuito no Brasil foi assegurado e recepcionado pela Constituição Federal de 1988.

Com o governo do capitão reformado Jair Bolsonaro (PSL), a proposta de se cobrar mensalidades nas universidades públicas volta à pauta – e preocupa – pois pode ser uma porta aberta para o governo neoliberal privatizar as universidades federais. Entretanto, para isso ocorrer terão que suprimir o artigo constitucional que assegura o ensino público e gratuito nas universidades federais.

A instalação do campus da Unifei em Itabira é uma conquista importante do município, que sempre almejou ter uma educação superior de qualidade. É, portanto, uma antiga utopia que passa a ser real como meio não só de disseminar o conhecimento científico, mas também como contribuição para diversificar a sua economia. Entretanto, a proposta de se ter um parque tecnológico científico acoplado à universidade ainda é sonho não realizado.

Ampliação

Serviço de terraplanagem já está quase concluído para a construção de três novos prédios do campus da Unifei (Fotos: Divulgação/PMI e Carlos Cruz)

Após a crise financeira da Prefeitura, que foi acentuada no último ano da administração anterior e nos dois primeiros do atual governo, em consequência da crise de mercado para o minério, Ronaldo Magalhães (PTB) decidiu investir a parte da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), em torno de 20% destinados à diversificação econômica, na consolidação do projeto universitário.

Com os cursos noturnos, a Unifei democratiza ainda mais o acesso de jovens trabalhadores ao seu corpo discente. A possibilidade de aulas noturnas deve ampliar a presença de itabiranos, ou de outros trabalhadores que aqui vivem, entre os alunos da universidade.

Após o serviço de terraplanagem, a Prefeitura dará início à construção dos três novos prédios. “Vamos abrir o leque de oportunidades em Itabira”, entusiasma o diretor do campus de Itabira.

Depois de concluído o projeto arquitetônico, que está sendo adaptado para aumentar a funcionalidade e baratear os custos, a promessa é ter até 10 mil alunos no campus local.

Atualmente, são pouco mais de 2 mil alunos – e a expectativa é de ampliar o corpo discente para 3 mil universitários já nos próximos três anos. Que seja como já projetou o poeta Carlos Drummond de Andrade:

“Eu queria uma escola que ensinasse tudo sobre a natureza, o ar, a matéria, as plantas, os animais, o seu próprio corpo. Deus. Mas que ensinasse primeiro pela observação, pela experimentação.”

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