Obras de Graciliano Ramos em dose dupla: Vidas Secas e S. Bernardo são unificadas em lançamento publicado sob o selo Temporalis
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Considerado um dos melhores escritores de regionalismo do país, Graciliano Ramos é autor de dois livros essenciais para se compreender o Brasil, especialmente a região Nordeste: Vidas Secas e S. Bernardo. De forma inédita, os dois títulos são lançados em edição única pelo selo Temporalis, da Citadel Grupo Editorial.
Publicada pela primeira vez em 1938, Vidas Secas é considerada a obra-prima do Velho Graça, como o escritor também era conhecido no meio literário.
É um retrato intenso e desolador de uma família de retirantes nordestinos que enfrenta a fome, a sede, a opressão dos latifundiários e as injustiças sociais do Brasil rural.
O autor expõe a luta pela sobrevivência em meio à seca e a exploração no sertão de Fabiano, Sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorrinha Baleia.
A cólera dele se voltava de novo contra as aves.
Tornou a sentar-se na ribanceira, atirou muitas vezes nos ramos do mulungu,
o chão ficou todo coberto de cadáveres.
Iam ser salgados, estendidos em cordas.
Tencionou aproveitá-los como alimento na viagem
próxima. Devia gastar o resto do dinheiro em chumbo e pólvora,
passar um dia no bebedouro, depois largar-se pelo mundo.
(Vidas Secas, pg. 79)
O sertão nordestino também é o cenário em S. Bernardo, romance que completa 90 anos em 2024 e é marcado pelo realismo e pela introspecção do protagonista, Paulo Honório, um homem rude e determinado a ascender socialmente por meio da posse de terras.
No entanto, por traz dessa busca incessante por poder e sucesso material, ele esconde a solidão e a desilusão afetiva. Assim, o autor explora de forma profunda os desejos individuais, as contradições do ser humano e da própria sociedade.
A escrita concisa e direta do alagoano, que foi repórter de jornais no Rio de Janeiro e prefeito de Palmeira dos Índios (AL), intensifica a sensação de aridez, desesperança e amargura transmitidas pelos personagens.
Essa edição 2 em 1 de Vidas Secas e S. Bernardo chega ao mercado literário não apenas para unificar as duas obras, mas para tornar a coleção de Graciliano Ramos mais acessível aos brasileiros.
FICHA TÉCNICA
Título: Vidas Secas + S. Bernardo
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Citadel Grupo Editorial
Selo: Temporalis
ISBN: 978-6550474294
Dimensões: 15 x 1.5 x 23 cm
Páginas: 240
Preço: R$ 69,90
Onde comprar: Amazon
Sobre o autor: Graciliano Ramos nasceu em 1892, na cidade de Quebrangulo, em Alagoas. Trabalhou nos jornais Correio da Manhã, A Tarde e O Século, então no Rio de Janeiro, retomando para o Nordeste em 1915, devido a uma tragédia familiar em que perdeu quatro irmãos, vítimas de peste bubônica.
Fixou-se na cidade de Palmeira dos Índios, onde se casou, e em 1927 foi eleito prefeito, cargo que exerceu por dois anos.
Após publicar seus dois primeiros romances, Caetés (1933) e S. Bernardo (1934), foi preso, em 1936, sob a alegação de que seria comunista, passando por várias prisões, em Maceió e Recife. Seguiu no porão de um navio para o Rio de Janeiro, onde ficou quase um ano na cadeia.
Seu drama e o dos companheiros reclusos seriam relatados em Memórias do cárcere, publicado postumamente em 1953.
Em agosto de 1936, ainda na prisão, publicou seu terceiro romance, Angústia. Mas é em 1938 que o autor escreve aquela que se tornaria sua obra-prima: Vidas secas, seu quarto e último romance.
Graciliano Ramos morreu na cidade do Rio de Janeiro, em 1953, aos 60 anos.
Sobre a editora: Transformar a vida das pessoas. Foi com esse conceito que o Citadel Grupo Editorial nasceu. Mudar, inovar e trazer mensagens que possam servir de inspiração para os leitores.
A editora trabalha com escritores renomados como Napoleon Hill, Sharon Lechter, Clóvis de Barros Filho, entre outros.
As obras propõem reflexões sobre atitudes que devem ser tomadas para quem quer ter uma vida bem-sucedida. Com essa ideia central, a Citadel busca aprimorar obras que tocam de alguma maneira o espírito do leitor.
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sr editor,
quem nunca leu Graciliano Ramos vai morrer sem um pedaço importante e imprescindível da história da literatura e do Brasil.
pra mim, Vida Secas é um romance de pouca página, ou e como uma jóia- denúncia da realidade do interior do então abandonado Nordeste.
mas os melhores de Graciliano, penso eu conversando com meus pés de fruta no quintal, são Angústia e São Bernardo.
apesar de Memória de Cárcere…
ah, quer saber: leiam todos e sejam maiores
Vidas Secas faz parte de um imaginário sertanejo. A família de Fabiano e Sinhá Vitória forma um microcosmo perfeito de pessoas necessitadas, abandonadas, despojadas e de toda e qualquer dignidade. É um livro fundamental. É imprescindível ler por diversos motivos, mas o principal deles é a compreensão do abismo criado pela desigualdade social. Ótima matéria. Parabéns!