Obras da ECJ2 no Pontal, paralisadas pelo MPMG, são retomadas após instalação de equipamentos de monitoramento, informa a Vale
Foto: Tatiana Linhares
Por recomendação técnica da empresa de consultoria Aecom Engenharia, na segunda-feira (26), a promotora Giuliana Talamoni Fonoff determinou a paralisação temporária das obras para a instalação da segunda Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ2), na barragem do Pontal que tem estruturas internas alteadas a montante sendo descaracterizadas.
A suspensão das obras ocorreu por descumprimento de normas de segurança e de monitoramento, com ausência de sismógrafos móveis, considerados imprescindíveis para monitorar as vibrações geradas no local, impactando os moradores vizinhos dos bairros Bela Vista e Nova Vista.
Porém, a mineradora Vale não teria de imediato cumprindo a determinação da representante do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), segundo informa a assessoria técnica independente prestada aos moradores pela Fundação Israel Pinheiro (ATI/FIP), dando continuidade às obras.
“O monitoramento da vibração é necessário, pois se o índice atingir o limite de 2 milímetros por segundo, é preciso parar as obras para verificar as causas e atenuar o impacto”, explica o coordenador técnico de campo da ATI/FIP, Lucas Mageste.
Segundo ele, equipes da ATI/FIP foram à campo em diferentes dias e horários, quanto constataram que os sismógrafos móveis não estavam sendo usados em um dos trechos, o que impede que se façam análises de riscos reais à estrutura da barragem, assim como dos impactos aos moradores do entorno dessas obras.
“Próximo ao trecho 1 há casas condenadas pela Defesa Civil do município. Sem o monitoramento, as obras se transformam em uma ação irresponsável”, considera o coordenador técnico.
De acordo com ele, além dos sismógrafos outros equipamentos precisam ser utilizados para monitorar o movimento da barragem do Sistema Pontal durante as intervenções que estão sendo realizadas.
Entre as ausências estariam inclinômetros (que medem possíveis deformações e deslocamentos de massa na barragem) e 15 piezômetros (usados para medir a pressão que o rejeito exerce no interior da barragem).
Esses obrigatórios equipamentos foram listados pela Aecom Engenharia, tendo sido sugeridos ao MPMG, que por sua vez fez a recomendação à mineradora Vale. “As recomendações do Ministério Público são obrigatórias e precisam ser cumpridas”, diz o coordenador técnico da ATI/FIP.
Ainda segundo ele, além dos problemas com a vibração, há ainda o excesso de poeira e ruído que também não estariam sendo monitorados e muito menos mitigados. “Os moradores do entorno estão sofrendo com todos esses impactos”, afirma.
Outro lado
Procurada pela reportagem deste site, por meio de sua assessoria de imprensa a Vale enviou a seguinte nota:
“A Vale informa que algumas atividades preliminares para a construção do trecho 1 da ECJ2, em Itabira, foram suspensas entre os dias 26 e 29/8 para ajustes técnicos solicitados pela auditoria técnica que acompanha o assunto. Os novos instrumentos já foram implantados e a obra foi retomada na sexta-feira (30).”