O sétimo poema da destruição
Pretexto
Trata-se da maldição de Sidus, Deusa da Estrela Polar, que caiu na besteira de apaixonar-se por Sidério, que só pensava em cabras, ele e o irmão Siderito, que não era do interesse de nenhuma estrela. Do alto do morro da favela ecoou o aviso: toma visão! Contrariar a vontade da Deusa não é coisa que se faça. Serão pedras da ambição. E não tardou. Na grita da vingança, Sidus transforma Sidério em Ferro e Siderito vira Pedra Magnética borrada de ovos de arara. Mas foda-se, o que na Terra se faz, as divindades do destino se vigam. Já Era! (Cristina Silveira)
Portas de Ferro
1
Sombras do século de ouro.
O fogo forjar o ferrum é sina por maldição divina,
não se apaga.
Forja.
2
Portas de ferro guardam ouro virgem em caixotes.
Portas de ferro caldeiama sentença.
3
Decomposição do tempo.
Parte de uma janela aberta, coberta de linho
enevoa sombra suspeita,
a feição enrugada espreita o silêncio
por detrás das portas de ferro.
4
Reflexo da brutalidade.
De um círculo estreito no vazio do jardim,
eriçada pela brisa sinistra,
a pomba branca que manca,
preludia a orgia da morte.