O café entre Itabira e Nova Era até a ferrovia em Leopoldina
Fazenda Perdões, em Capoeirana, Nova Era, MG
Fotos: Mauro Moura/ Acervo
Por Mauro Andrade Moura*
Com as alterações nas atividades econômicas, preponderantemente a extração do ouro de aluvião, os proprietários de terras buscaram a plantação do café para se manterem e as suas famílias.
Até então a atividade principal era a produção de outros alimentos, dentre eles milho, mandioca e feijão, como também a produção de gado vacum e suínos para o fornecimento de carnes e a produção de cana-de-açúcar para a rapadura e a aguardente/cachaça.
Nova Era, antigo distrito de São José da Lagoa, tinha uma posição privilegiada para o acesso à ferrovia que chegava até a cidade de Leopoldina e dali até o cais do porto na então capital do Brasil, Rio de Janeiro.
A saída do café de Itabira e região passava pela estradinha que conhecemos como Capoeirana e até antes do café era mais uma trilha.
Foi diante da necessidade de envio de mais cargueiros ou tropas de burros que o fazendeiro Carlos Casimiro da Cunha Andrade iniciou o alargamento dessa estrada. Para isso, obviamente, ele contou com a ajuda dos demais fazendeiros, principalmente dos primos e parentes dele ou da esposa Anna Joaquina Martins da Costa Cruz.
A vontade e necessidade eram tantas que com a estrada de Capoeirana chegariam mais rapidamente à estação ferroviária de Leopoldina, sendo que até bem pouco tempo e antes do asfaltamento, foi aquela mesma alargada ainda no quarto final do século XIX.
Dali de São José da Lagoa, hoje Nova Era, a fazenda expoente foi a da Vargem.
Raymundo Martins da Costa era o seu proprietário da Fazenda da Vargem, casado com sua prima Elisa Andrade e ambos primos em primeiro-grau/direito de Carlos Casimiro da Cunha Andrade.
Neste traço familiar, temos que a Elisa Andrade era uma das filhas do Comendador Francisco de Paula Andrade, o primeiro produtor de café na região de Itabira e, como já citei anteriormente, foi seguido pelo irmão, filhos, sobrinhos e demais parentes.
Fazenda da Vargem em seu período de pujança – fotografia extraída do livro Amador Bueno, o aclamado na família lagoana
Naquele período, com as condições de equipamentos e insumos que tinham, conseguiram dispor de uma grande produção e por longo período, mantendo-se as suas fazendas ativas e as comunidades vivas.
Foram diversas fazendas ali em Nova Era que mantiveram boa produção de café. Além de Capoeirana, podemos citar a a Figueira, a Santana e várias outras em Santana do Alfié.
O último administrador da Fazenda da Vargem foi Antônio Andrade Martins da Costa, filho do Raymundo e Elisa. Ele era casado com a Ana Elisa de Andrade, uma das filhas de Carlos Casimiro da Cunha Andrade e Anna Joaquina Martins da Costa Cruz.
Carlos Casimiro da Cunha Andrade, em finais de 1895, foi ter à cidade/capital federal Rio de Janeiro, a negociar a produção de café de sua Fazenda Florença.
Foi picado por algum mosquito, vindo e vindo a falecer em Saúde, atual Dom Silvério de febre amarela, moléstia esta tão comum em finais do século XIX e início do século XX até a campanha capitaneada pelo Doutor Oswaldo Cruz a combater os mosquitos federais. Carlos Casimiro deixou viúva e filhos ainda menores de idade.
Última imagem de Carlos Casimiro da Cunha Andrade e toda sua família, ano de 1893, no local onde hoje é servido o café do Hotel Itabira, em bela fotografia de Brás Martins da Costa.
Fotografia também extraída do livro Amador Bueno, o aclamado na família lagoana.
*https://bocadebodecom.wordpress.com/2023/08/20/o-cafe-entre-itabira-e-nova-era-ate-a-ferrovia/