Com seca severa neste ano, cresce o risco de faltar água em Itabira e o custo de energia elétrica já sobe com a bandeira Amarela
O manancial da Pureza, o principal fornecedor de água em Itabira, vem secando ano a ano e a tendência é de piora
Foto: Carlos Cruz
Dois insumos fundamentais à vida que, neste período de estiagem, mais do que nunca precisam ser usados com economia e racionalidade: água e energia elétrica, pela escassez com a estiagem e demanda em alta
Em Itabira, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) já distribuiu nota de esclarecimento e precisa urgentemente iniciar campanha solicitando à população que faça uso racional da água, cortando o desperdício, deixando de lavar calçadas e automóveis com água tratada, pois já é baixa a vazão nos principais mananciais da cidade: Pureza e Gatos.
Para não faltar água no período na cidade, a autarquia negocia com a mineradora Vale, que detém as principais outorgas de águas superficiais e subterrâneas no município, o aumento do reforço hídrico que é distribuído pela alça hidráulica, atualmente fixado em 160 litros por segundo.
Isso por força de um termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado com o Ministério Público de Minas Gerais. O reforço deve acontecer até que a água do rio Tanque passe a ser captada, transportada, tratada e distribuída para enfim jorrar nas torneiras dos itabiranos.
A transposição dessa água está com atraso de mais de duas décadas, se considerada a condicionante de 2000 da Licença de Operação Corretiva (LOC) do Distrito Ferrífero de Itabira, que determinava solução definitiva para a falta de água na cidade, o que já ocorre há muitas décadas com a escassez hídrica pelo menos desde o final do século passado.
Solução essa que foi “empurrada com a barriga” sob o argumento que haveria água em abundância de sobra, proveniente dos aquíferos Cauê e Piracicaba, com o fim da mineração na mina de Chacrinha. Essa exaustão da mina ocorreu desde 2016, mas a mineradora já decidiu e obteve licença ambiental para dispor de material estéril na cava exaurida, sobre o afloramento dos aquíferos.
Portanto, com a escassez hídrica que vai se agravar nos próximos meses, pelo menos até que volte o período chuvoso, a palavra de ordem é economizar e economizar água, esse insumo cada vez mais escasso até mesmo também pelas mudanças climáticas e usos inadequados pela indústria, como também pelo grande volume de água tratada que se perde pelas deficientes redes de distribuição.
Energia: bandeira amarela já está em vigor

Ainda por conta da previsão de chuvas bem abaixo da média até o final da estiagem, juntamente com o aumento de temperatura e maior consumo de energia, a bandeira amarela volta ao sistema de tarifas do consumo de energia elétrica após 26 meses.
Criado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2015, o sistema de bandeiras tarifárias sinaliza o custo real da energia gerada, indicando a necessidade de os consumidores fazerem o bom uso da energia elétrica.
Segundo informou a Cemig aos seus consumidores, com a bandeira amarela entrou em vigor a partir deste mês. Com ela, a tarifa sofrerá acréscimo de R$ 1,885 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos, com o valor informado sem cálculo de impostos.
O aumento tarifário afetará os consumidores do mercado regulado, ou seja, a maioria da população brasileira, Já as grandes indústrias e grandes consumidores urbanos, que operam no mercado livre de energia, não sofrerão com esse acréscimo, não sendo afetados pela bandeira amarela.
Uso racional de água e energia já
A mudança para a bandeira amarela foi anunciada pelo governo federal por meio da Aneel. A justificativa é de que, com a escassez hídrica, principal matriz para geração de energia elétrica no país, e com o agravamento do panorama climático, será preciso recorrer mais às termelétricas, que geram energia mais cara que as hidrelétricas.
Assim como já fez o Saae em Itabira, e que precisa insistir mais nessa solicitação de consumo racional de água, a orientação da Aneel é também para que os consumidores do mercado regulado utilizem a energia de forma consciente, cortando os desperdícios.
Isso até que volte a bandeira verde, que também pede sempre uso racional, e que estava em vigor no país desde abril de 2022. Sem essa economia de energia, aumenta o risco de ter início outra modalidade no sistema tributário, que é a bandeira vermelha, afetando ainda mais o orçamento das famílias.
No caso de a situação se agravar ainda mais, o que infelizmente é o mais provável de acontecer, e não havendo uso racional de energia com cortes no consumo, pode ser acionada a bandeira vermelha. Com ela, o custo energético para as famílias pode sofrer acréscimo de R$ 4,463 para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos em um primeiro patamar – e de R$ 7,877 no patamar 2 para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos.
Já com relação a escassez hídrica em Itabira, que deve ser agravada ainda mais com a estiagem com a ausência prolongada de chuvas, se não houver o uso racional com redução do consumo pelas famílias e indústrias, e mesmo aumentando o reforço da água “ofertada” pela mineradora Vale, fatalmente ocorrerão mais cortes no fornecimento, não por falhas no sistema de distribuição, mas porque as fontes de captação simplesmente vão secar.