Novo sistema de checagem de fatos da Meta levanta preocupações com disseminação de fakes news

Foto: Reprodução

Nessa terça-feira (7), Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou o encerramento da checagem de fatos nos Estados Unidos. O executivo comunicou ainda que o programa será substituído pelo sistema de checagem por “notas comunitárias”, o mesmo utilizado pelo X (ex-Twitter).

Para Marcelo Crespo, professor e coordenador do curso de Direito da ESPM, escola de negócios inovadora e referência brasileira no ensino superior nas áreas de Comunicação, Marketing, Consumo, Administração, Economia Criativa e Tecnologia, essa substituição tem implicações políticas e legais de longo alcance, inclusive no Brasil.

“No sistema anterior, a checagem dos fatos era realizada por terceiros independentes e tinha um foco técnico e não enviesado. Ao passar a contar com um sistema de ‘notas da comunidade’ para avaliar o conteúdo, pode-se abrir um largo caminho para a manipulação organizada por grupos com pontos de vista enviesados”, avalia.

“Em uma sociedade fortemente dividida, como o Brasil, a subjetividade dos participantes resultará em uma opinião muito mais favorável ao conteúdo dividido e desinformativo e muito menos à discussão”, prevê.

Alinhamento com Trump

Declaradamente alinhado com a política do Republicano Donald Trump, antes mesmo de sua posse, o CEO da Meta, disse que espera trabalhar com o governo norte-americano para lutar contra a regulação de plataformas digitais na Europa e em outras regiões, citando países da América Latina, leia-se, o Brasil.

“Zuckerberg tornou a capitulação completa ao declarar que a moderação feita por suas empresas resultou em censura. Não foi só uma ferramenta retórica. Ele escolheu o vocabulário dos críticos do protocolo em vigor até aqui, num claro esforço para refazer pontes com uma clientela vinculada à direita trumpista”, observou Bruno Boghossian, colunista da Folha de S.Paulo.

Desinformação

O professor Marcelo Crespo destaca que, apesar de a nova abordagem parecer inovadora, ela não dispensa os métodos que podem ser aplicados tecnicamente para enfrentar a desinformação de maneira eficaz.

“No Brasil, essa mudança tende a reforçar o debate sobre a responsabilidade das empresas envolvidas, tornando a Meta ainda mais dependente da moderação responsável.”

Além disso, ele diz que “o sistema precisará ser lançado de maneira transparente e em conformidade com as normas nacionais. Esta alteração pode ter um impacto negativo significativo, tanto politicamente quanto legalmente”.

Preocupações

Bruno Peres, professor de marketing digital da ESPM, pontua que a decisão propõe uma abordagem diferente à moderação de conteúdo com a ideia de promover maior liberdade de expressão, mas sem a confirmação de ser um sistema eficaz.

“Não existem testes, estudos ou maiores explicações detalhadas que comprovem o fato, então isso levanta uma série de preocupações sobre a eficácia desse novo formato de combater a desinformação.”

Peres destaca ainda que o movimento pode ter ligação política e que a falta de clareza na mudança levanta preocupações para o novo formato.

Confiança dos usuários

A decisão da Meta pode impactar a confiança dos usuários, de acordo com Rafael Terra, professor de marketing digital da ESPM. Ele reforça que a mudança pode intensificar a polarização nas redes, tornando ainda mais crucial que empresas e indivíduos atuem com ética para manter a confiança do público.

“Embora a mudança promova maior participação, pode gerar preocupações sobre a credibilidade e o controle de desinformação. É um modelo que requer maturidade digital dos usuários para evitar manipulações e vieses.”

O professor reforça que é preciso educar a comunidade para que esse sistema funcione adequadamente.

Além disso, é importante ficar atento, pois a retirada de verificadores profissionais pode levar à amplificação de notícias falsas e informações prejudiciais. “Isso é especialmente perigoso em contextos políticos ou sensíveis.”

 

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