Nova espécie de aracnídeo é descoberta em Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha
Espécie foi nomeada de Cajango ednardoi
Fotos: Adriano Kury/ Divulgação
A recém-descoberta espécie de opilião, um aracnídio, denominada Cajango ednardoi, destaca-se por suas características morfológicas únicas que a diferenciam de outras do mesmo gênero. É o primeiro registro desse gênero no estado de Minas Gerais.
A descoberta dessa nova espécie de opilião ocorreu na Reserva Biológica da Mata Escura, nos municípios de Jequitinhonha e Almenara, Minas Gerais. É resultado de parceria entre a mineradora Vale e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), como parte do acordo firmado para a proteção e monitoramento de espécies da fauna e flora, além de outras iniciativas.
A nova espécie identificada apresenta variações na coloração do corpo e diferenças estruturais no fêmur e nos órgãos genitais masculinos, distinguindo-se das demais espécies do mesmo gênero.
Foi encontrada em altitudes entre 750 e 1.100 metros, enquanto as outras espécies habitam áreas mais baixas, sugerindo que esse animal possa ser uma forma mais primitiva do gênero.
A Reserva Biológica da Mata Escura, com cerca de 50 mil hectares, está localizada em uma área de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica, no vale do Jequitinhonha. Possui cerca de mil espécies de fauna e flora já registradas.
Monitoramento e homenagem

A descoberta ocorreu durante uma rotina de monitoramento em abril de 2023, quando o monitor Ednardo Martins e o brigadista Jorge Pereira encontraram a nova espécie e registraram sua foto no aplicativo de ciência cidadã iNaturalist.
Esse registro chamou a atenção do zoólogo Adriano Kury, especialista em aracnídeos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que organizou uma expedição à Mata Escura com a pesquisadora Alexia Granado em março de 2024. A nova espécie foi confirmada após estudos detalhados dos espécimes coletados.
A descoberta amplia a distribuição geográfica do gênero Cajango, que anteriormente era considerado endêmico das florestas da Bahia.
A nova espécie foi nomeada em homenagem a Ednardo Martins, em reconhecimento ao seu trabalho em monitoramento ambiental na região do Baixo Jequitinhonha. Ednardo é membro do quilombo da Mumbuca e é contratado pela Vale.
Segundo Márcia Nogueira, chefe da Reserva Biológica da Mata Escura, a descoberta da nova espécie é um indicativo dos avanços positivos gerados pelo acordo com a Vale.
“Nos últimos três anos, a Meta Florestal na Rebio da Mata Escura promoveu significativos avanços no monitoramento da fauna e flora, incluindo o registro do opilião Cajango ednardoi, demonstrando um excelente estado de conservação da biodiversidade na Reserva”, afirmou.
Meta Florestal 2030

A Vale comprometeu-se a proteger e recuperar 500 mil hectares até 2030, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Até o presente momento, 15 mil hectares foram recuperados e mais de 177 mil hectares protegidos por meio de ações voluntárias.
A descoberta da nova espécie de aracnídeo é fruto das rotinas de monitoramento ambiental realizadas pela equipe técnica da Reserva Biológica da Mata Escura, gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Essas atividades integram a Meta Florestal, um compromisso da Vale de proteger e recuperar 500 mil hectares de áreas até 2030 em todo o país.
É preciso incluir o município de Itabira (MG) nessa meta, onde existem áreas, incluídas em condicionantes ambientais ainda não cumpridas, relacionadas à conversão florestal de pinus e eucaliptos. Essas plantações ocuparam áreas de matas nativas que ainda não foram reabilitadas no município.
Sobre o Instituto Chico Mendes
O ICMBio é responsável por gerir, proteger, monitorar e fiscalizar as 340 Unidades de Conservação Federais (UC) existentes em todo o Brasil.
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As Unidades de Conservação Federais possuem particularidades que combinam com cada bioma e representam inúmeras riquezas da biodiversidade brasileira, que devem ser conservadas e protegidas.
Entre as principais ações realizadas pelo ICMBio estão a promoção e o fomento da pesquisa e o monitoramento da biodiversidade. É responsável por desenvolver políticas públicas em conjunto com as comunidades tradicionais que vivem no interior ou entorno das unidades de conservação.
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