Nos 35 anos de morte de CDA, os sinos dobram pela poesia em Itabira, em Minas Gerais, no Brasil

O sino Elias entre os destroços da antiga catedral de Itabira, desabada em 1970
Foto: O Cruzeiro/
Acervo ABI

 

Afonso Borges*

O Flitabira sugere que os sinos dobrem por Carlos Drummond de Andrade no dia 17 de agosto, 3ª-feira, às 18h, no 35º. aniversário de morte do Poeta.

Pede mais: que todas as igrejas de Itabira, às 18h, dobrem seus sinos louvando a poesia brasileira. Mais ainda: que a Arquidiocese de Minas Gerais, liderada pelo Arcebispo Dom Walmor Oliveira de Azevedo, tenha a compaixão de pedir a todas as igrejas do Estado que toquem os sinos. E melhor: que a CNBB se sensibilize e sugira que, no Ângelus desta terça-feira, todo o Brasil dobre os sinos em memória deste que é o nosso Poeta Maior, Carlos Drummond de Andrade.

O primeiro toque deveria ser emitido pelo Sino Elias, instalado na Catedral de Nossa Senhora do Rosário, em Itabira, cantado em verso e prosa pelo Poeta.

O Flitabira sugere uma onda poética e afetiva, pela voz dos sinos, que vai incandescer o Brasil, em homenagem à Poesia, em memória de Carlos Drummond de Andrade, no 35º. Aniversário de sua partida.

A segunda edição do Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira – vai acontecer entre 31/10 e 6/9/22 e vai homenagear os 120 anos de nascimento de Drummond, sempre patrocinado pelo Instituto Cultural Vale.

*Afonso Borges é escritor e gestor cultural.

Sino

Carlos Drummond de Andrade

O sino Elias não soa
por qualquer um,
mas, quando soa, reboa
como nenhum.
Com seu nome de profeta,
sua voz de eternidade,
o sino Elias transmite
as grandes falas de Deus
ao povo desta cidade,
as faltas que os outros sinos
nem sonham interpretar.
Coitados, de tão mofinos,
quando soa a voz de Elias,
têm ordem de se calar.
Têm ordem de se calar,
e toda a cidade, muda,
é som profundo no ar,
um som que liga o passado
ao futuro, ao mais que o tempo,
e no entardecer escuro
abre um clarão.
Já não somos prisioneiros
de um emprego, de uma região.
Precipitadas no espaço,
ao sopro do sino Elias,
nossa vida, nossa morte,
nossa raiz mais trançada,
nossa poeira mais fina,
esperança descarnada,
se dispersam no universo.

Chega, Elias, é demais.

(Boitempo – Esquecer para lembrar)

 

 

 

 

 

 

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1 Comentário

  1. Drummond de Andrade cantou em prosa e versos a respeito do Sino Elias por este ter o nome do bisavô dele e foi a família quem custeou a feitura deste sino, bem como dispôs os nove quilos de ouro que foram fundidos por dentro da campana.

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